Mexendo na segunda gaveta da mesa de cabeceira do meu antigo quarto na casa dos meus pais – que sim, eu já deveria ter dado um destino praquela tralha toda faz aí uns seis anos, mas usando de minha condição de canceriana tenho autorização astrológica pro apego – foi que encontrei o estojo.
Coço o nariz com a palma das mãos e fecho a gaveta antes que o cheiro do passado me sufoque de alergia. Sentada no chão encostada na cama, abro o estojo e espalho todo o material. Três pinças diferentes, uma tesoura com finos pelos brancos grudados, um bisturi, algumas agulhas e seringas, um tubo de gavagem e outro de infusão improvisado e duas caixas de fio dental (uma da Bayer) pra dar os pontos na cabeça dos ratos.
Pego o bisturi e vejo na lâmina cega o cobre da ferrugem e o marrom escuro do sangue seco e instantaneamente o estômago embrulha e a garganta trava e preciso me segurar pra não cuspir pra fora em forma líquida.
Está certo que desde esses tempos – que bate aí uma década e agora começo a entender minha mecha branca – eu já não era muito fã de sangue. Pra mim, ainda no primeiro semestre da facul de farmácia foi muito mais fácil abaixar a calça e tomar uma intramuscular na bunda de qualquer caloura (ufa) do que dar o braço pra cutucarem minha veia. No último semestre, subornei meu responsável no estágio de análises clínicas com uma coxinha e uma Coca pra não passar pela etapa tirar sangue dos pacientes. Mas agora, só o pensar no sangue e em coisas abertas e rasgadas preciso fechar os olhos e desfocar pra ânsia não amargar na boca.
Quando preciso fazer exame, já chego no laboratório pedindo com um sorriso e uma piscadela simpática pra tirar os mil tubos deitada. O ponto é que ver (ainda que de viés por três segundos naquela viradinha de cabeça quando troca o tubo) aquele sangue saindo da veia com a agulha enterrada no braço sinto como se tivesse me esvaziando e aí, eu tombo. Então imploro pela salinha do ScoobyDoo e deitada viro pra parede e me distraio com os desenhos estampados enquanto o cateter faz imóvel seu trabalho.
Ainda com o estojo na mão, me vem que aquilo tudo provável esteja contaminado e que devia ter dado o destino do lixão tóxico há tempos. Mas eu não consigo. Olho pra todo material que parece refletir nos metais uma outra vida de um outro eu e guardo tudo dentro do estojo. Enfio dentro da gaveta e bato a porta do meu antigo quarto. Sigo com minha autorização astrológica pro apego.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.