Falar sobre um espetáculo comandado por Roger Waters é sempre um grande desafio – especialmente pelo fato de que a análise do que ele apresenta ao público depende do olhar para fora, para o não fictício, o passado, o presente, o futuro. Tudo o que está ali, nos telões, nas melodias e nas letras preparados pelo músico, diz respeito, de forma mais explícita ou sutil, à nossa caminhada até aqui, ao ponto histórico em que nos encontramos.
E nos faltam lágrimas para suportar tanta coisa ao mesmo tempo em que tentamos manter a esperança de uma mudança que contemple direitos humanos em suas diversas esferas. E não faltam motivos para que não sejamos vencidos pelo cansaço e nos entreguemos a uma confortável resignação.
Na última vez em que esteve em Curitiba, Waters mandou sua mensagem, pediu que resistíssemos à sedução fascista que se deitava sobre o país. Em 2018, um dia após a passagem do músico por aqui, o Brasil elegeu Bolsonaro – e lembro-me do desespero que me moveu enquanto eu escrevia esse fluxo de pensamento.
Estávamos prestes a enfrentar um governo genocida durante uma pandemia, um governo que vitimou centenas de milhares de pessoas em diversas esferas de todas as maneiras que pôde, um governo que, felizmente, caiu no ano passado mesmo com a máquina estatal em suas mãos manejada para um golpe anunciado.
Desde então, outros genocídios entraram em ação – e, enquanto a guerra entre Rússia e Ucrânia e a política de extermínio de Israel contra a Palestina vêm abalando cada vez mais a frágil estabilidade política do planeta (uma estabilidade que não se estende nem nunca se estendeu quando há conflito de interesses com o esperado pelos Estados Unidos), seguimos nossas vidas conforme conseguimos, horrorizados, com frequência, com o que recebemos de notícias.
Nesse vai e vem cotidiano entram as datas reservadas em seis cidades brasileiras para a turnê mundial de despedida de Roger – This is Not a Drill. A vez de Curitiba chegou no último sábado (04), às nove horas em ponto na Ligga Arena (Arena da Baixada).
Se, anos atrás, Waters disse para que resistíssemos, desta vez sugeriu algo a mais: não sejamos indiferentes. Ele mostrou, entre uma música e outra, que, por mais que tentemos nos manter alheios ao que, em tese, não nos diz respeito, a vida não é treinamento (e a realidade vai bater em nossa cara sem hesitar).
A abertura do show de Roger já dava indícios de que aquele não seria um show convencional. Vestido de jaleco, ele entoou Comfortably Numb (versão de 2022) como um psiquiatra em frente a uma cadeira de rodas vazias.
O que se sucedeu a partir dali foi uma verdadeira surra audiovisual de denúncias de crimes executados por autoridades em diferentes países – incluindo cenas de racismo, feminicídio e xenofobia e a acusação de que presidentes norte-americanos foram e são, em essência, criminosos de guerra, com algumas de suas ações descritas em letras garrafais.
Ao longo das mais de 20 músicas executadas com maestria por Waters e sua banda de apoio – fossem elas as da Pink Floyd ou de sua carreira solo –, a sensação era de que a plateia era levada a mergulhar pelas faixas para, no ápice da submersão, ser arrancada repentinamente daquele conforto e entender que atrocidades continuam acontecendo pelo planeta apesar do aparente conforto.
Não é porque as milhares de pessoas ali estavam em uma megaprodução, com direito a projeções de altíssima qualidade, som de alta definição, espetáculos de luzes e fogos e animais voadores, que tudo estava bem.
Exibições com vídeos e fotos evidenciavam isso – e, aparentemente, essa inquietação é o que artista deseja deixar como legado. Poucas vezes o estádio foi abaixo como em Another Brick in the Wall logo no início, mas a ausência de euforia nada teve a ver com uma noite morna; foi uma noite fria, concentrada, em que absorver estava acima de ver e se mexer.
Nessa noite, estávamos, todos, no bar de Roger Waters. Sabe aquele recado que tomou conta das manchetes? Não era uma expulsão. Era um convite para confraternização apesar das diferenças – como o músico bem mostrou em dois momentos do show, com uma música inédita intitulada de, bem, The Bar e o palco transformado em um boteco qualquer. Em 2018, nos reunimos em um barril de pólvora. Agora, éramos camaradas.
Roger alertou que poucas vezes na História ficamos tão perto da 3ª Guerra Mundial. Para evitarem isso, bastava que, por exemplo, Biden e Putin conversassem e resolvessem as coisas, que um ligasse para o outro, defendeu Waters – que, em um momento emocionante, também mostrou fotos de sua infância com o pai que não conheceu, vítima do último conflito em larga escala.
Waters tratou de lembranças com colegas, incluindo Syd Barrett, com quem planejou ter uma banda ainda criança. Tratou de seus casamentos, tratou de estados emocionais pelos quais já passou, tratou de ídolos (como Bob Dylan), tratou do amor que sente por quem o ama e o amou nessas décadas de carreira.
Por fim, nesta última passagem por aqui, deixou um apelo, reforçando: “Resista ao capitalismo. Resista ao fascismo. Resista à guerra. Resista.” Além disso, destacou que temos o poder de entender a dor que outros sentem – que não podemos sucumbir a simplesmente aceitar passivamente os horrores que testemunhamos.
Heba Abu Nada, poeta e romancista palestina assassinada por bombardeio israelense em Khan Yunis, na Faixa de Gaza, em outubro, disse em sua última publicação no Twitter: “A noite da cidade é escura, exceto pelo brilho dos mísseis, silenciosa, exceto pelo som dos bombardeios, assustadora, exceto pela garantia das súplicas...”
Waters canta: “Cada vez que as cortinas baixam sobre alguma vida esquecida é porque todos ficamos parados, silenciosos e indiferentes”.
Falar sobre um espetáculo comandado por Roger Waters é sempre um grande desafio – especialmente pelo fato de que a análise do que ele apresenta ao público depende do olhar para fora, para o não fictício, o passado, o presente, o futuro.
Olhemos para o todo. No fim, somos todos iguais.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.