No terceiro episódio do Podcast da OSP o maestro Raphael Haeger compartilhou a história de um escritor da Alemanha Oriental. Ele teria dito, em meados da década de 80, que defendia o fechamento compulsório de todos os teatros, salas de concerto e casas de ópera por um ano.
Opinião polêmica, mas ele justificava: só assim aprenderíamos a valorizar as manifestações culturais.
2020 não foi a primeira vez na história que os teatros fecharam. Durante um surto de peste bubônica na Inglaterra de Shakespeare, por exemplo, a rainha Elizabeth I decretou o fechamento dos teatros de Londres e das grandes cidades inglesas.
Há suspeitas de que o clássico Hamlet tenha estreado poucos anos depois da reabertura. E que o nome, Hamlet, tenha sido inspirado por Hamnet, filho de Shakespeare que morreu durante a epidemia.
O retorno ao palco é, historicamente, um momento marcante. Um momento, como definiu a maestrina Mara Campos no concerto desta sexta-feira (24), de Travessia.
O programa foi escolhido a dedo para este momento em que há o vislumbre de um retorno após o trauma pandêmico. Cada música foi apresentada com uma introdução da maestrina, explicando como ela se relacionava com a temática do concerto. Todas as músicas eram inéditas em Curitiba.
Com programa de duração reduzida, orquestra reduzida, coro reduzido e plateia reduzida, a sensação para quem estava na plateia do concerto foram várias, mas de forma alguma reduzidas.
Este foi o primeiro concerto que assisti presencialmente desde dezembro de 2019. A sala de concerto já estava bem diferente do que eu lembrava. Menos gente e mais câmeras e microfones. Reflexos dos tempos que vivemos.
Fui ao concerto sozinha e percebi, na saída, que não era a única que optou por ir sem companhia. Na sala, era difícil saber quem estava só e quem estava acompanhado. Da forma como a plateia foi organizada, há uma cadeira bloqueada entre cada cadeira disponível. Os ingressos são vendidos com lugar marcado e a programação do concerto encontra-se disponível em formato QR Code nas poltronas.
Mas mesmo quem foi em grupo precisou sentar separado. Da forma como a sala está organizada, há uma cadeira bloqueada entre cada cadeira disponível. Os ingressos são vendidos com lugar marcado e a programação do concerto encontra-se disponível em formato QR Code nas poltronas.
O concerto Travessias marcou o retorno do Coro da Camerata Antiqua de Curitiba para o palco. E emocionou já na primeira música.
The Secret of the Sea, de Jake Runestad, foi a escolha perfeita para abrir esse momento. A obra, de um compositor contemporâneo, tem a letra escrita por Uvavnuk, uma mulher da etnia Igluik, nativos do norte do Canadá.
A música, assim como a letra, transporta o ouvinte para uma costa gelada. As vozes do coro lembram os movimentos das águas, ora agitadas e violentas, ora entrando em uma caverna, silenciosas.
O que mais me impressionou nesta música foi a percussão. Parecia que ela estava ali para pontuar, no tímpano ou com os sinos de vento, o cenário que a música desenha na nossa imaginação.
A segunda obra apresentada foi Dreamweaver, do norueguês Ola Gjeilo. Esta música contou com a participação da soprano solo Karolyne Liesenberg. Conheci o trabalho da Karolyne na ópera João e Maria, apresentada pela Orquestra Sinfônica do Paraná em 2018, e foi simplesmente uma delícia poder ouvi-la cantar ao vivo novamente.
O terceiro movimento desta música se chama The Bridge, a Ponte, em português. Novamente, aparece aqui a temática de “travessia”, escolhida para o concerto. A travessia que aparece de diversas formas.
Cruzando o mar, na primeira música, e trazendo o coro para o palco pela primeira vez desde janeiro de 2020. A Ponte e o Salmo 148, de Gustav Holst, representando a travessia daqueles que perdemos nos últimos anos.
Olhei ao redor e percebi a ausência de um elemento muito presente nos concertos que frequentei em 2018 e 2019: celulares filmando. Durante todo o programa, apenas uma foto ou outra foi tirada, ninguém filmou. Pelo menos ninguém em meu campo de visão.
Há mais uma travessia representada nesse concerto e que, pessoalmente, considero uma das mais importantes: a nossa, de quem está sobrevivendo à pandemia. Entramos em 2020 como pessoas muito diferentes do que somos hoje. Os eventos que presenciamos, as vidas que perdemos, todas essas experiências nos marcaram, foram uma espécie de travessia.
Não filmar o concerto parece algo simples, mas, na minha cabeça, representa um aprendizado importante: aprendemos, pelo menos por enquanto, a estarmos presentes, a viver os momentos em que estamos, pois, clichê, amanhã, tudo pode mudar.
Sou uma pessoa que, aos poucos e com muito cuidado, está se esforçando para colocar o focinho para fora de casa. Com a diminuição nos casos de Covid em Curitiba e o aumento da vacinação, estou reunindo coragem para ir em lugares onde me sinto segura e não preciso tirar a máscara (sim, restaurantes e cafés ainda são um desafio para mim).
Me senti muito segura durante o concerto e isso se deve às medidas adotadas pela organização do evento.
A máscara, claro, era obrigatória para todos na plateia. Porém, muito provavelmente devido à arquitetura da Capela, todos os músicos da orquestra de cordas, maestrina, coro e a solista também usavam máscaras de proteção.
Me senti tão segura e envolvida com a música que só me dei conta que estava, de fato, presente em uma sala fechada com mais de cem pessoas pela primeira vez em quase dois anos, meia hora depois do início do concerto.
As tosses, antes tão comuns nas plateias curitibanas, praticamente sumiram. Ouvi uma única, que mais era uma limpada na garganta do que uma tosse propriamente dita.
Reflexos do mundo pós-Covid: álcool em gel, distanciamento social, transmissão ao vivo das apresentações e maior controle das tosses.
Outra medida de segurança que reparei foi a abertura das portas da sala entre uma música e outra. Não só para a troca de músicos, mas também para ventilação do ambiente.
Em uma de suas falas entre as músicas, a maestrina Mara Campos nos lembrou que nem todos os grupos coralistas têm a estrutura da Capela para retornar aos palcos com segurança. Ela dedicou um trecho do concerto a esses grupos, com votos de que nosso cenário melhore e que todos possam voltar aos palcos da cidade.
No fim do concerto, ninguém queria ir embora. A plateia, unânime, pediu bis. Ouvimos novamente o movimento The Bridge e, só então, uma ou outra pessoa levantou o celular para filmar um pequeno trechinho. Provavelmente, com aquela sensação de que precisava registrar o momento vivido e mostrar para quem não pode comparecer naquele dia.
Eu não filmei, mas entendo. Já na metade da música eu estava tão encantada que me arrependi de ter ido ao concerto sozinha. Queria muito poder compartilhar aquele momento de tanta beleza com a minha família.
O concerto será repetido hoje (25), às 18h30 com transmissão ao vivo pelo canal no YouTube do ICAC. Não vi lugares vagos na sala ontem, então, se não houver mais ingressos disponíveis, recomendo acompanhar o concerto online. Para quem se interessar em acompanhar a programação da Capela Santa Maria, é só mandar um WhatsApp para (41) 99961-4747
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.