No meio de um feriado, havia um museu, ou melhor, dois.
Neste momento, o Museu Oscar Niemeyer e o Museu de Arte Contemporânea do Paraná estão em uma relação de boneca russa: um dentro do outro. O MAC, em reforma desde julho de 2019, empresta discretamente duas salas de seu irmão maior e mais famoso.
Foi pensando no benefício de visitar dois museus de uma só vez que convenci a mim – e a um amigo solidário – a irmos até o MON em pleno 07 de setembro.
Deixo aqui um breve aviso: se você é da opinião que arte e política não se misturam ou já revirou os olhos com a palavra “política” e pensou “mas por que que tem que misturar essas coisas, estava indo tão bem até agora”, talvez o texto de hoje não seja para você.
Ignorar o que vimos nas ruas, a caminho do museu e, depois, no próprio museu, seria fechar os olhos para parte da experiência que foi estar viva, no Brasil, neste feriado.
E se meu editor optou por publicar esse texto e ele chegou até você é porque ainda temos espaço no nosso país para pluralidade de pensamento. Como jornalista, esse é um valor que não consigo – e nem posso – deixar de lado.
Dados os necessários avisos paroquiais, seguimos com a narrativa.
Eu e meu amigo fomos a pé, desviando por ruas paralelas das pessoas que seguiam, vestidas de amarelo, os berros de diversos megafones competitivos vindos da avenida Cândido de Abreu. Uma analogia contemporânea quase perfeita a Meu Malvado Favorito.
Vimos pessoas com máscara e sem. Pessoas aglomeradas e respeitando o distanciamento. Pessoas que seguravam cartazes paradoxais, manifestando-se pelo direito de não se manifestar. Ouvimos o Hino Nacional sobreposto ao próprio Hino Nacional, uma cacofonia de sons que provavelmente seria considerada um insulto ao país se estivesse dentro de um museu e alguém tivesse colocado na performance o rótulo de arte.
No momento em que entramos na área aberta do MON, silêncio.
A exposição d’OSGÊMEOS, que provavelmente vai atrair um bom público, ainda não começou. Uma decisão que, pessoalmente, achei inteligente. Imagino que teríamos encontrado aglomerações preocupantes caso essa exposição estivesse aberta já no feriado.
Caminhamos até a bilheteria praticamente sozinhos. Dentro do museu, os grupos eram esparsos e o silêncio, predominante.
Cruzamos a exposição “África, Expressões Artísticas de um Continente”, admirados com a curadoria das obras. Seguimos por ali até as salas emprestadas pelo MAC-PR. Não esbarramos em ninguém, exceto um ou outro funcionário do museu.
A segunda exposição que visitamos se chama “Pequenos gestos: memórias disruptivas” e ela conta com obras do acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná.
Segundo a curadoria, a exposição pretende apresentar o chamado “pensamento contranarrativo”, ou seja, as ideias que não se encaixam na narrativa social hegemônica na qual vivemos.
A América do Sul faz parte dessa contranarrativa. Podemos até tentar nos inspirar na cultura dos países do hemisfério norte, podemos até consumir mais produtos norte americanos, podem até sair nas ruas e protestar por uma sociedade mais autoritária, restritiva e conservadora, na ilusão de que isso nos aproximará do Sonho Americano.
Você considera o Brasil um país exótico? O mundo sim. É porque a América do Sul é contranarrativa.
Na exposição, as obras foram organizadas na seguinte ordem: primeiro, intersecções dos elementos culturais brasileiros com a cultura pop tradicional.
Depois, a contranarrativa em si. Obras que nos provocam a pensar sobre como o mundo nos vê e como nós vemos o mundo. Até qual ponto o nosso olhar foi contaminado por aquilo que nos dizem que devemos pensar sobre nós?
Por último, nosso cenário ecopolítico. Os artistas dessa segunda etapa mostram os impactos das sociedades humanas, sempre voltadas ao chamado “desenvolvimento”. Um desenvolvimento que nunca pode ser completo enquanto não levar em consideração o planeta e seus ecossistemas como um todo.
A América do Sul ainda é contranarrativa. O Brasil é contranarrativo.
E vai continuar sendo. A não ser que os mapas, de repente, girem 180º. Por que nós temos a nossa história, a nossa cultura. E ela é essencialmente diferente do norte do planeta.
Porque a gente gosta de comer pipoca com Guaraná. Porque o almoço só é de verdade com arroz e feijão no prato. Porque a nossa arte reflete uma história de quem foi colônia, de quem foi escravo, de quem foi nobreza, de quem foi silenciado a força por mais de duas décadas.
Porque o nosso senso de humor é todo particular. Porque aqui, aquele amigo querido “já é de casa”. Porque a gente insiste que “não foi nada, disponha sempre”, quando faz um favor a alguém. Porque a gente tem saudade, não nostalgia, saudade do que foi bom.
Nós temos valores, sim, ao contrário do pensamento que motivou muita gente de camisa amarela a gritar pela rua na terça-feira de feriado.
Nossa cultura é toda nossa.
Na minha opinião, reconhecer isso já é muito mais patriota do que usar símbolo nacional para defender opressão – de qualquer tipo.
De repente, se na terça-feira tivesse mais gente dentro do museu do que para o lado de fora, competindo quem toca mais alto o Hino Nacional, a gente poderia ter discussões mais produtivas.
Por que um mundo onde só se pode falar sobre um assunto, só se pode existir de uma maneira e há pessoas que lutam para silenciar e sufocar os demais não é um mundo democrático.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Em A Última Sessão, acompanhamos o menino Samay em sua descoberta do mundo mágico do cinema. Nessa história sensível, em uma cidade no interior da Índia, o menino de 9 anos assiste um filme no Galaxy Cinema e sua vida muda completamente e uma paixão feroz começa. Samay passa a faltar às aulas do colégio e a roubar um pouco de dinheiro da casa de chá de seu pai para assistir filmes. Com um desejo enorme de se tornar cineasta, Samay conhece Fazal, o projecionista do cinema e os dois fazem um acordo: Samay traz para Fazal as deliciosas comidas preparadas por sua mãe, enquanto Fazal permite que Samay veja infinitos filmes todos os dias na sala de projeção. Uma amizade profunda é forjada pelos dois e, logo, é colocada a teste graças a escolhas difíceis e transformações nacionais importantes. Agora, para perseguir seu sonho, Samay deve deixar tudo o que ama e voar para encontrar o que mais deseja.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Em Marcello Mio, Chiara (Chiara Mastroianni), filha dos icônicos Marcello Mastroianni e Catherine Deneuve (Catherine Deneuve), é uma atriz que vive um verão de intensa crise existencial. Insatisfeita com sua própria vida, ela começa a se questionar sobre sua identidade e, em um momento de desespero, afirma a si mesma que preferiria viver a vida de seu pai, uma lenda do cinema, do que enfrentar a sua realidade. Determinada, Chiara começa a imitar Marcello em tudo: veste-se como ele, adota seu jeito de falar, respira como ele. Sua obsessão é tamanha que, com o tempo, as pessoas ao seu redor começam a entrar nessa sua estranha transformação, passando a chamá-la de Marcello. Em um jogo de espelhos entre passado e presente, Marcello Mio explora a busca por identidade, legado e o impacto da fama na vida pessoal de uma mulher perdida em sua própria sombra.
Data de Lançamento: 11 de dezembro
O grupo de K-pop NCT DREAM apresenta sua terceira turnê mundial nesse concerto-documentário único. Gravada no icônico Gocheok Sky Dome, em Seul, a apresentação reúne um espetáculo vibrante, com coreografias e performances extraordinárias. O filme ainda conta com cenas de bastidores, mostrando o esforço depositado para dar vida a um show dessa magnitude. O concerto se baseia na história do Mystery Lab, um conceito cunhado pelo grupo. NCT DREAM Mystery Lab: DREAM( )SCAPE dá o testemunho de uma grandiosa turnê.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Queer é um filme de drama histórico dirigido por Luca Guadagnino, baseado na obra homônima de William S. Burroughs e inspirado em Adelbert Lewis Marker, um ex-militar da Marinha dos Estados Unidos. A trama segue a vida de Lee (Daniel Craig), um expatriado americano que se encontra na Cidade do México após ser dispensado da Marinha. Lee vive entre estudantes universitários americanos e donos de bares que, como ele, sobrevivem com empregos de meio período e benefícios do GI Bill, uma lei que auxiliou veteranos da Segunda Guerra Mundial. Em meio à vida boêmia da cidade, Lee conhece Allerton (Drew Starkey), um jovem por quem desenvolve uma intensa paixão. O filme explora temas de solidão, desejo e a busca por identidade em um cenário pós-guerra, com uma ambientação que retrata fielmente a atmosfera da Cidade do México nos anos 1950.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
A Different Man, é um thirller psicológico, dirigido e roteirizado por Aaron Schimberg, terá a história focada no aspirante a ator Edward (Sebastian Stan), no qual é submetido a passar por um procedimento médico radical para transformar de forma completa e drástica a sua aparência. No entanto, o seu novo rosto dos sonhos, da mesma forma rápida que veio se foi, uma vez que o mesmo se torna em um grande pesadelo. O que acontece é que, por conta da sua nova aparência, Edward perde o papel que nasceu para interpretar. Desolado e sentindo o desespero tomar conta, Edward fica obcecado em recuperar o que foi perdido.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
As Polacas é um drama nacional dirigido por João Jardim e selecionado para o Festival do Rio de 2023. O filme é inspirado na história real das mulheres que chegaram ao Brasil vindas da Polônia em 1867 com a esperança de uma vida melhor. Fugindo da perseguição aos judeus e da guerra na Europa, o longa acompanha a saga de Rebeca (Valentina Herszage), uma fugitiva polonesa que vem ao Brasil com o filho, Joseph, para reencontrar o esposo e começar a vida do zero. Porém, as promessas caem por terra quando, ao chegar no Rio de Janeiro, a mulher descobre que o marido morreu e, agora, está sozinha em um país desconhecido. Até que seu caminho cruza com o de Tzvi (Caco Ciocler), um dono de bordel envolvido com o tráfico de mulheres que faz de Rebeca seu novo alvo. Refém de uma rede de prostituição, Rebecca se alia às outras mulheres na mesma situação para lutar por liberdade.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Do aclamado diretor Alejandro Monteverde, conhecido por Som da Liberdade, Cabrini, narra a extraordinária jornada de Francesca Cabrini (Cristiana Dell’Anna), uma imigrante italiana que chega a Nova York em 1889. Enfrentando um cenário de doenças, crimes e crianças abandonadas, Cabrini não se deixa abater. Determinada a mudar a realidade dos mais vulneráveis, ela ousa desafiar o prefeito hostil em busca de moradia e assistência médica. Com seu inglês precário e saúde fragilizada, Cabrini utiliza sua mente empreendedora para construir um império de esperança e solidariedade. Acompanhe a ascensão dessa mulher audaciosa, que, enfrentando o sexismo e a aversão anti-italiana da época, se torna uma das grandes empreendedoras do século XIX, transformando vidas e deixando um legado de compaixão em meio à adversidade.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Em Kraven – O Caçador, acompanhamos a história de origem de um dos vilões da franquia Homem-Aranha. De origem russa, Kraven (Aaron Taylor-Johnson) vem de um lar criminoso e de uma família de caçadores. Seus poderes nascem de uma força sobrenatural e super humana que o faz um oponente destemido e habilidoso. A relação complexa com seu pai Nicolai Kravinoff (Russell Crowe) o leva para uma jornada de vingança e caos para se tornar um dos maiores e mais temidos caçadores de sua linhagem. De frente para questões familiares, Kraven mostra sua potência nesse spin-off.