“Eternos”, apesar da expectativa, repete erros do passado e se perde em narrativa

Foto: Marvel Studios 2021

Com o apoio do povo (do Twitter) e sem o da crítica, “Eternos”, mesmo com elenco estelar e  direção oscarizada, não alcança o pódio das melhores produções da Marvel. Liderado por uma mulher latina, o filme é um marco no estúdio no quesito diversidade.

“Eternos” acompanha o grupo de imortais enviado à Terra a fim de protegê-la da ameaça dos Deviantes. Cada um dos oito heróis tem uma habilidade diferente e uma forma única de lidar com a vida na terra. Durante anos, os Eternos acreditavam ter se livrado dos Deviantes até que são atacados.

O longa conta com algumas “primeiras vezes”: primeiro filme da Marvel com um elenco tão diverso, primeira heroína surda e primeiro beijo gay. A inclusão explorada no filme de forma natural revela a nova cara do Universo Cinematográfico da Marvel que além de representatividade do casting traz pautas sociais às discussões.

Como nem tudo são flores, a primeira cena de sexo do UCM foi completamente desnecessária. Com o único objetivo de enfatizar a especial relação entre os personagens, a sequência se torna redundante já que nem dez minutos depois o mesmo casal é o centro de uma tradicional cerimônia de casamento. 

Eternos: Richard Madden, Gemma Chan

Foto: Marvel Studios 2021

O extenso número de personagens faz o contar da história de cada um o principal desafio do longa, especialmente quando essa história excede milênios. As dificuldades dessa narrativa tornam-se palpáveis e o mau posicionamento dos flashbacks enfatiza o problema ao longo do filme. Apesar de a cronologia ser linear, diferente de Shang-Chi, onde as cenas do passado auxiliam tanto no desenvolvimento do personagem quanto no andar da trama, em “Eternos” os flashbacks são introduzidos a cada dez minutos atrapalhando o ritmo da narrativa. 

Felizmente, esse obstáculo não faz dos personagens menos carismáticos. Cada ator deu a seu herói uma personalidade distinta deixando a diversidade ainda mais em foco. Além da leveza de cada performance, a família é o principal pilar do filme, que em situações leva a relação entre os personagens tanto para o aspecto fraternal como romântico. 

Eternos: Angelina Jolie, Richard Madden, Gemma Chan, Kumail Nanjiani, Brian Tyree Henry, Barry Keoghan, Lia McHugh, Lauren Ridloff, Salma Hayek

Foto: Marvel Studios 2021

Quanto aos vilões, a Marvel mais uma vez satura um longa de antagonistas. O que parecia ser uma ameaça simples se torna uma crise mundial, já o personagem que carregava o potencial de ser o principal vilão do filme foi esquecido já no segundo ato. 

Esses pequenos problemas são um reflexo de uma Chloé Zhao pré-Oscar. Apesar de visualmente o filme, sem sombra de dúvidas, pertencer à diretora, é claro que Zhao não teve a palavra final ao dirigir o filme. O resultado do longa talvez tivesse uma cara diferente caso a produção tivesse acontecido em 2021.

Mesmo com os percalços, “Eternos” parece ser crucial no futuro do UCM, já que talvez uma das grandes ameaças nessa nova fase tenha sido apresentada no longa.

Por Deyse Carvalho
04/11/2021 12h12

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