Em setembro, tirei férias.
Depois de meses caóticos no trabalho e na vida, meses ao longo dos quais abandonei e retomei uma série de projetos – que, a despeito de minha própria incredulidade, terminaram todos (imperfeitamente) concluídos –, consegui escapar para alguns dias de viagem pela América do Sul.
Primeiro, conheci Buenos Aires, que talvez tenha se tornado uma das minhas cidades favoritas do globo. Contribui para isso, claro, o fato de ter vivido ali uma espécie de lua de mel com meu namorado – foi nossa primeira viagem internacional juntos, dias chuvosos e frios em que, no entanto, tudo era brilho e calor –, mas a capital da Argentina é, por si mesma, com sua arquitetura, comida e cultura de encher olhos, bocas e almas, um total deleite.
Em seguida, quando Paulo precisou voltar ao trabalho, segui viagem ao lado de G., minha melhor amiga de faculdade. Demos um pulo em Bariloche, onde, pela primeira vez, levei quedas na neve (ou melhor: no gelo), e, por fim, partimos para o Uruguai, que me deixou perplexo, ora pela beleza, ora pelo mais agudo tédio que me causou.
Mas isso tudo é material para outro(s) texto(s). Hoje quero escrever a respeito de outra coisa – de certa maneira, a respeito do contrário de uma viagem.
O que se deu é que, se bem que de férias do meu trabalho jurídico, não logrei me despir do papel de escritor, cujo ofício principal consiste, ao menos para mim, menos em depositar palavras no papel do que em se dispor a investigar o detalhe do mundo – a vislumbrar fissuras, a entreouvir ruídos, a rastrear o que, soterrado pelos Grandes Acontecimentos da Vida, quase escapa por um triz.
Nisso, portanto, no que se aproxima de um exercício de pura concentração, escrever não deixa de ser também uma forma de meditar.
Foi assim que, durante os quinze dias de viagem, me propus a escrever o que chamei, entre o carinho e a ironia, de croniquetas. São textículos avulsos e aleatórios, mas nunca mentirosos, que correspondem, com o mínimo de distorção, ao que, dentro desse propósito de desprezo à efeméride, vi, ouvi e experimentei. Procurei me isentar deles o quanto pude, me colocando na posição de mero observador. Adianto que são simples, talvez até formulaicos, mas me defendo afirmando que foram tecidos com muito cuidado pela palavra. Se funcionam, se podem ser lidos como microcontos ou aforismos, se sequer chegam a ser Literatura – não sei. Isso, mais para frente, me dirão o tempo e o leitor.
Sem mais delongas, segue o que se garimpou do avesso dos dias:
— tô de mau humor.
— Eba! O primeiro mau humor dos 34.
7.1. o casal de adolescentes se beija selvagemente, ela mordendo o pescoço dele, ele amassando a bunda dela.
7.2. o velhinho desliza a mão sobre o cabelo da velhinha, realinhando os fios desgrenhados pelo vento inclemente.
“Sim, mas está horrível”.
“E a limonada?”
“Vem com espinafre [?], eca!”.
Vencido pela garçonete, escolho uma água.
2.1. ao som de uma música zen, um casal de brasileiros discute com amargura – “eu não sei fingir que tô bem! Eu não sei!!”.
2.2. uma criança perde a paciência ao tentar fazer origâmi.
2.3. “que não me aconteça nada na viagem a Chascomus”, a letra infantil e trêmula se inscreve no mural de pedidos.
“É que eu não queria sentir frio”.
“Se você está numa montanha, é para sentir frio”.
3.1. amicíssimos com os homens.
3.2. belicosíssimos entre si.
4.1. um leão-marinho sobe na passarela e, depois de perseguir uma criança, é expulso a vassouradas pelo zelador.
4.2. com olhos leitosos, súplices, famintos, um lobo-marinho me fita longamente.
4.3. sob a oscilação discreta da água, os barcos estacionados estalam, chiam e rangem.
4.4. há, entre os pássaros atarracados que povoam o molhe, os de bico preto e os de bico vermelho.
“Não, e já estamos fechando”.
Punta Del Este, dia 2.
“Dormindo.”.
“Ah, achei que estivesse morto.”.
6.1. Instantes depois, com urgência e voracidade, esse mesmo rapaz bate um pratão de comida.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.