Não consigo pensar em musicais medianos. De todos aos que assisti, há os que deixam (muito) a desejar e os encantadores. Um de meus maiores sonhos é conhecer a Broadway, mas quem disse que não há produções de qualidade no Brasil? Tudo bem, há sempre a possibilidade de um tiro no pé, mas exemplos como Cabaret, com Cláudia Raia, revigoram a crença de que, afinal, o cenário só depende de bons profissionais, gente talentosa e uma boa história — ingredientes todos encontrados em Cássia Eller: o Musical, que encontrou no Teatro Positivo mais um lugar para brilhar!
Havendo um cenário simples e uma proposta de apresentação sem personagens escondidos, Tacy de Campos, ao entrar no palco e ser ovacionada, mostra que a peça, afinal, é tudo o que Cássia Eller representou para uma geração: choque! Com os seios à mostra e uma naturalidade encantadora, é interessante observar que tabus devem ser necessariamente discutidos. O corpo feminino é tão livre quanto qualquer corpo de qualquer ser humano. E que voz!
Durante o enredo que passa desde a história da primeira namorada assumida até o último show, que não aconteceu, o espectador é levado por uma gama de emoções conflitantes, não consegue escolher um lado, não pode criticar coisa alguma… Ele presencia, nos palcos, o desenrolar de uma vida que não é a sua, da qual não faz parte, mas encontra ecos de experiências próprias em cada diálogo ou canção executada.
Há relacionamentos amorosos não convencionais, experimentações. Há contato com substâncias ilícitas, a sensação de “brisar” pela primeira vez, a cocaína em cantos mais escuros. Há bebida, muita bebida. Interesse comercial, inquietação própria, descontentamento. Tacy, que é curitibana, deu vida à Cássia extremamente tímida e preocupada com a família, à Cássia que não deixou de viver um momento sequer até o fim.
Aqui, cabe uma observação: tímida sim! Não é porque ela não tinha problemas com seu próprio corpo e a exposição dele que fosse extrovertida. São âmbitos diferentes, e o que a peça e a vida da cantora trazem é uma aula de feminismo que deve ser ovacionada! Uma mãe pode jogar futebol com seu filho sem ser taxada de masculina. Uma mulher deve ter o direito de fazer o que bem entender com sua vida sem interferência de padrões sociais. A mulher faz parte da sociedade, a constrói.
Claro que essa peça é inadequada para a tradicional constituição familiar, quase um atentado. Por isso, deve ser contemplada por toda e qualquer pessoa! Ela beijou e transou com mulheres e homens. Ela experimentou drogas e abusou delas. Ela teve um filho e pensou em cada passo de sua construção. Ela teve amores. Ela viveu!
Quanto ao elenco, não há nem uma observação negativa. São músicos impecáveis, atores impecáveis. Há de se dar o devido destaque a Emerson Espíndola (que interpretou inclusive Nando Reis) e Evelyn Castro — que assumiu as rédeas do humor desenfreado da peça. As músicas passam de Nirvana e Janis Joplin a Jacques Brel e Nando Reis. Já as piadas são todas com referências e sacadas inteligentes e acessíveis, cotidianas.
Ne me quitte pas emocionou, assim como Por enquanto e AllStar. Foram mais de duas horas de espetáculo que extasiaram o público, exceto pelos comentários e olhares de reprovação daquela mesma base conservadora que tanto se vê por aí. Para eles, mais seios e palavrões. Cuspidas no palco. Agressividade, passionalidade.
O que podemos aprender com artistas fenomenais como os do elenco e uma boa execução? Que a vida real acontece mesmo enquanto se assiste a uma peça de teatro. Os ensinamentos que uma boa história de vida contada da maneira certa pode trazer são mais do que falas a serem esquecidas: são trechos que ecoam até o fim.
Cássia Eller foi drogada, sexualmente desinibida, alcoólatra. Ela foi namorada, mãe, filha. Tímida, depressiva, feliz e sonhadora. Foi uma artista única! Cássia Eller foi viva! Quantos podem dizer o mesmo? Todo mundo… A perspectiva que se dá às experiências é que determina a própria constituição como indivíduo.
A toda a equipe, um grandioso parabéns. A nudez da peça não é física. É da alma de Cássia. Da alma de Tacy e de todo mundo que se dedicou a produzir algo de tamanha qualidade. A alma de quem assiste. A alma de quem escreve. A nudez, a crueza, a beleza e o desespero de cada cena, afinal, é a nudez de vidas bem vividas. Se o pra sempre sempre acaba? Sim. Entretanto, foi, em dado momento, pra sempre. O pra sempre viveu!
Data de Lançamento: 19 de dezembro
As Crônicas de Uma Relação Passageira conta a história do romance entre Charlotte (Sandrine Kiberlain) e Simon (Vicenti Macaigne) que se conhecem em uma festa. Charlotte é uma mãe e solteira, já Simon é um homem casado e sua esposa está grávida. Eles se reencontram num bar e começam um relacionamento repleto de percalços. Ela é mais extrovertida, pouco preocupada com o que os outros pensam. Ele é mais tímido e retraído. A princípio, os opostos realmente se atraem e ambos concordaram em viver uma relação apenas de aventuras, mas tudo se complica quando os dois criam sentimentos um pelo outro e o que era para ser algo muito bom, acaba se tornando uma relação perturbadora.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Dirigido e roteirizado por Pat Boonnitipat, a trama dessa ficção emocionante, Como Ganhar Milhões Antes que a Vó Morra, acompanha a jornada do jovem When M (Putthipong Assaratanakul), que passa a cuidar de sua avó doente chamada Amah (Usha Seamkhum), instigado pela herança da idosa. O plano é conquistar a confiança de sua avó, assim será o dono de seus bens. Tendo interesse apenas no dinheiro que Amah tem guardado, When resolve largar o trabalho para ficar com a senhora. Movido, também, por sentimentos que ele não consegue processar, como a culpa, o arrependimento e a ambição por uma vida melhor, o jovem resolve planejar algo para conseguir o amor e a preferência da avó antes que a doença a leve de vez. Em meio à essa tentativa de encantar Amah, When descobre que o amor vem por vias inimagináveis.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Um aspirante a escritor utiliza um alter ego para desenvolver seu primeiro romance. Em Sebastian, Max é um jovem de 25 anos que vive como escritor freelancer em Londres trabalhando com artigos para uma revista. Ter um livro publicado fala alto na lista de desejos do rapaz e, então, ele encontra um tema para explorar: o trabalho sexual na internet. Se a vida é um veículo de inspiração para um artista, Max corre atrás das experiências necessárias para desenvolver a trama de seu livro. Com isso, durante a noite, Max vira Sebastian, um trabalhador sexual com um perfil em um site no qual se oferece pagamentos por uma noite de sexo. Com essa vida dupla, Max navega diferentes histórias, vulnerabilidades e os próprios dilemas. Será que esse pseudônimo é apenas um meio para um fim, ou há algo a mais?
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Uma comédia em que grandes segredos e humilhações se cruzam e vem à tona. Histórias Que é Melhor Não Contar apresenta situações com as quais nos identificamos e que preferimos não contar, ou melhor, que preferimos esquecer a todo custo. Encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões sem sentido, o filme aborda cinco histórias com um olhar ácido e compassivo sobre a incapacidade de controlar nossas próprias emoções. Na primeira história, uma mulher casada se vê atraída por um rapaz que conheceu em um passeio com o cachorro. Em seguida, um homem desiludido com seu último relacionamento se vê numa situação desconfortável na festa de um amigo. Na terceira, um grupo de amigas atrizes escondem segredos uma da outra. Por último, um professor universitário toma uma decisão precipitada; e um homem casado acha que sua mulher descobriu um segredo seu do passado. Com uma estrutura episódica, as dinâmicas do amor, da amizade e de relacionamentos amorosos e profissionais estão no cerne desse novo filme de Cesc Gay.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Lee, dirigido pela premiada cineasta, Ellen Kuras, vai contar a história da correspondente de guerra da revista Vogue, durante a Segunda Guerra Mundial, Elizabeth Lee Miller. O filme vai abordar uma década crucial na vida dessa fotógrafa norte-americana, mostrando com afinco o talento singular e a tenacidade dela, o que resultou em algumas das imagens de guerra mais emblemáticas do século XX. Isso inclui a foto icônica que Miller tirou dela mesma na banheira particular de Hitler. Miller tinha uma profunda compreensão e empatia pelas mulheres e pelas vítimas sem voz da guerra. Suas imagens exibem tanto a fragilidade quanto a ferocidade da experiência humana. Acima de tudo, o filme mostra como Miller viveu sua vida a todo vapor em busca da verdade, pela qual ela pagou um alto preço pessoal, forçando-a a confrontar um segredo traumático e profundamente enterrado de sua infância.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Prólogo do live action de Rei Leão, produzido pela Disney e dirigido por Barry Jenkins, o longa contará a história de Mufasa e Scar antes de Simba. A trama tem a ajuda de Rafiki, Timão e Pumba, que juntos contam a lenda de Mufasa à jovem filhote de leão Kiara, filha de Simba e Nala. Narrado através de flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho até que ele conhece um simpático leão chamado Taka – o herdeiro de uma linhagem real. O encontro ao acaso dá início a uma grande jornada de um grupo extraordinário de deslocados em busca de seu destino, além de revelar a ascensão de um dos maiores reis das Terras do Orgulho.