Ligada no ponto a ponto, cruzava e batia as agulhas de tricô com a lã faiscando aos seus olhos a cada choque. Era uma tentativa de passar a inquietude elétrica das pernas para as mãos, e dali fazer sair um cachecol, quente.
Mas de início era preciso o estado de total alerta para não deixar passar um ponto – não teria o perfeccionismo e empenho de refazer tudo caso fosse reprovada por uma laçada esquecida.
Fechou umas três carreiras quando suas mãos finalmente entraram no piloto automático e pode viajar o pensamento entre os fios. E foi num desses pensamentos perdidos, com a cor da lã gritando aos olhos, que lembrou dos (quase) gritos conversados na mesa ao seu lado, no bar de sempre, numa noite dessas. Na sua cabeça brilhou uma placa de cuidado, não se dava mais para saber até onde a lava do ódio e da fúria tinha se espalhado.
Como você consegue usar essa cor? É o inferno! E você sabe né? É tudo culpa desses filhos da puta., disse o cara imune à sedução calorosa da paleta do vestido da guria em sua mesa. A garota, depois de um gole de cerveja certamente fervendo pelo não suor do copo, justificou: Você deve ser daltônico. Isso é rosa., como se pela pincelada extra de branco, o demônio virasse amor angelical.
E lembrando daquela cena patética e revoltante, foi ela tomada pelo rubor nas bochechas, que num tremor das mãos, deixou o fio escapar da agulha. Uma luz de freio acendeu em suas veias: a raiva deles não podia dominá-la. Respirou fundo enchendo os pulmões de calor e coragem e enfiou o fio na agulha novamente.
Com o cachecol se formando, só via crescer, em fileiras atrás de fileiras, ali naquela lã cada vez mais amor, união e luta. Só que diferentemente da extensão do amor considerada pelo casal que via naquele tom do cachecol e do vestido um fantasma ditatorial maligno, esse amor que ela sentia macio entre os dedos, era pra todos, e não só para alguns pré selecionados.
Foi aí que se pegou torcendo para a friaca infernal curitibana durar até outubro. A cor da esperança não é mais o verde.
Data de Lançamento: 02 de janeiro
O ano é 1978 e o Camboja, que foi renomeado como Kampuchea Democrático, está sob o domínio de Pol Pot e do seu Khmer Rouge há três anos. O país está economicamente devastado e quase 2 milhões de cambojanos morreram durante um genocídio ainda não declarado. Três franceses aceitaram o convite do regime na esperança de conseguir uma entrevista exclusiva com Pol Pot – um repórter que conhece o país, um fotojornalista e um intelectual que se sente próximo da ideologia revolucionária. Mas à medida que descobrem uma realidade diferente por trás da propaganda e recebem tratamento especial por parte do regime, todas as suas convicções são gradualmente viradas de cabeça para baixo.
Data de Lançamento: 02 de janeiro
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