O zigue zague das abelhas dentro do apartamento em determinada época do ano – que apesar de ocorrer há mais de cinco anos se me perguntarem aleatoriamente quando, eu só consigo dizer que é essa época – já nem mais desperta surpresa. Até Berenice já faz pouco caso dos insetos. Se antes ficava atiçada passando as patas pelo focinho e latindo, agora é capaz da abelha pousar no nariz dela e ela nem piscar. Mas a novidade dessa temporada, que aí sim causou um certo espanto, são os besouros. Quem mandou empilhar tijolo onde antes cresciam árvores – agora a invasão é reversa.
Os besouros, diferentemente do que você pensou quando leu a palavra besouros, são pequeninos como joaninhas, verdes e pintadinhos como algumas joaninhas, curiosos como joaninhas, mas não são joaninhas. Têm o peitoral um pouco mais desenvolvido e o corpo mais fino, em contraste com a meia bola rechonchuda e fofa da joaninha. E foi por esse formato de corpo, que eu, com todo meu conhecimento sobre insetos, convencionei chamá-los de besourinhos – mesmo não tendo nenhuma certeza de sua verdadeira definição.
Eu coava o café na bancada da cozinha, ainda com os olhos meio abertos meio fechados, quando me deparei com um desses visitantes não convidados pela primeira vez. O besourinho andava pela superfície do vidro da janela entreaberta prendendo minha atenção em seu corpinho verde cheio de pintinhas – aquilo só poderia significar sorte. Tomei, então, a única atitude possível diante daquela situação: no ritmo do meu sono pra não causar sustos, coloquei o dedo indicador no vidro bem no caminho do besourinho e esperei ele subir no morro do meu dedo.
O toque das patinhas percorrendo o dedo por toda sua volta, explorando o caminho dentre as articulações em sentido à palma da mão, passeando pela linha da vida e voando quando da chegada no pulso, sempre me fascinaram. Mas esse besourinho que me dava bom dia, não quis saber de aventuras e voou pela fresta da janela.
No correr da temporada dos visitantes, incontáveis vezes tentei fazer os besourinhos percorrerem minhas mãos. Tentei mudar de dedo, mudar da mão direita pra esquerda, até aproximar a parte da unha para ver se aquela superfície diversa causava interesse. Nada. Aqueles besouros não queriam saber de contato. Desisti, então, e me contentei em apenas observar passivamente a sorte verde que traziam. Até final de semana passado.
A ventania e chuvarada que resfriavam o calor infernal balançaram as plantas do apê com os fluxos de ar passando pelas janelas que deixei escancaradas para aliviar o bafo. E foi aí que a invasão realmente aconteceu. Mais de trinta ou até cinquenta besourinhos tomaram a sala procurando abrigo – e aí, posso estar exagerando na quantidade, pois exageros me são difíceis de evitar. Dentre todos aqueles pontinhos de sorte que brilhavam aos meus olhos não me contive e resolvi fazer a última tentativa.
Franzindo as pálpebras, escolhi precisamente o besourinho que parecia menos desconfiado e pronto para explorar novos territórios. Deixei ele se acostumar com minha presença, e devagar, aproximei o minguinho da parede na rota do besourinho. Aquele morro de digitais seria menor para ele escalar. Naqueles segundos estáticos, trocamos olhares, percebidos obviamente só por mim, e tive certeza de nossa sintonia. Eu sentia que realmente estávamos criando uma conexão, quando o surpreendente óbvio aconteceu: ele voou para fora do apartamento rompendo com nossa recém ligação. Vou seguir apenas observando os pontos de sorte antes que eles voem todos pela janela.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.