O Homem do Norte é uma versão visceral do clássico de Shakespeare

Foto: Universal/ Divulgação

Violento, místico e cru, O Homem do Norte é uma nova versão da mesma exagerada história de honra entre pai e filho. Com Alexander Skarsgard, Nicole Kidman e Anya Taylor-Joy o filme de longas duas horas é esteticamente interessante mas peca na falta de ritmo. 

O longa, uma interpretação do clássico de Shakespeare Hamlet, acompanha Amleth, um jovem príncipe que segue uma jornada sangrenta em busca de vingança pelo assassinato de seu pai, o rei Aurvandill. 

Como esperado, O Homem do Norte, dirigido por Robert Eggers, deixa o público sem palavras em vários momentos. Seja pela fotografia impecável ou pela excentricidade que embala a trama, o filme é com certeza memorável. 

Por outro lado, o roteiro custa a se equilibrar. Como um disco arranhado, um dos vícios dos roteiristas é a repetição, que ora é enfática e outras é apenas irritante. Talvez o motivo da inconsistência seja a mudança de gênero que Eggers e Sjón, responsáveis por A Bruxa e Lamb, tenham encarado ao escrever um prometido blockbuster. Apesar disso, a jornada de Amleth bebe – literalmente –  de fontes místicas, passeando pela mitologia até os contos de fada, dando um toque brando à narrativa.

O Homem do Norte: Alexander Skarsgård

Foto: Reprodução/Focus Features

Assumindo o papel de Amleth, Alexander Skarsgard traz retrato visceral do personagem, transformando o príncipe da Dinamarca em um feroz guerreiro viking. Infelizmente, a caricatura escolhida por Alexander torna o personagem em galo de briga, que além do ódio e da sede de sangue, não tem nada mais a oferecer. 

Nicole Kidman, aparentemente inspirada pelo texto original, escolhe uma versão teatral da Rainha Gúdrun. Desde a primeira cena da atriz, a interpretação da personagem destoa da abordagem do resto do elenco. Com isso, Kidman se coloca em evidência mas não do jeito certo.

O Homem do Norte: Nicole Kidman

Foto: Reprodução/Focus Features

Anya Taylor-Joy e Ethan Hawke parecem repetir os mesmos papéis, diferente de Willem Dafoe, que mesmo trazendo elementos de personagens que o deixaram famoso, mostra uma performance distinta em meio a tanta mesmice.

O filme que é embalado por gritos, espadas, raiva e desejo de vingança, é surpreendentemente bonito de se ver. Explorando os cenários naturais da Irlanda do Norte, a fotografia, como era de se esperar de Eggers, é de tirar o fôlego.

Mesmo assim, o filme de Robert Eggers é para quem tem duas coisas: estômago e paciência.

Por Deyse Carvalho
12/05/2022 09h22

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