Invisibilização da LGBTfobia

lgbtfobia

“Talvez o sexo tenha sido, desde sempre, gênero, de maneira que a distinção sexo/gênero não é, na verdade, distinção alguma”, Judith Butler.

No dia 17 de maio, o mundo volta a atenção para o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia. Mas qual é a importância do tema para o governo brasileiro? Neste país, onde a morte de um LGBT serve apenas para aumentar as estatísticas, o movimento não é digno nem de pronunciamento da presidenta. Os números, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia, apontam que a cada 28 horas morre um gay, lésbica ou transexual vítima de homofobia. Este dado reflete apenas mortes registradas em publicações jornalísticas formais ou informais. Qual o número real por trás da moral conservadora da sociedade brasileira heteronormativa?

No site da Secretaria dos Direitos Humanos do Governo Federal há apenas dois relatórios sobre violência homofóbica no Brasil, um de 2011 e outro de 2012. A iniciativa é posta como pioneira na América Latina e peça central no enfrentamento às diversas formas de preconceito no país, mas não ganhou continuidade nos dois anos seguintes.

Como está, aqui no Paraná

Ao analisar os dados relativos ao Paraná, o estado apresentou 182 denúncias em 2012, 167% a mais do que no ano anterior, com 15 homicídios noticiados pela imprensa. Isto coloca o Paraná como o 11º estado mais lgbtfóbico do país. Sobre o perfil das vítimas e crimes: homens homossexuais e travestis são os principais alvos. Geralmente, o crime é feito com armas de fogo e facadas, em ruas escuras à noite.

Um dos programas apresentados para articular a sociedade civil organizada e o governo a monitorar esses casos e trabalhar políticas públicas é o Comitê Estadual de enfrentamento à homo, lesbo e transfobia. Entretando, esta parece uma ideia que está só no virtual, porque apenas dois estados brasileiros contam com o comitê em funcionamento, de acordo com o site: Acre e São Paulo.

Diante do machismo, não me Khalo

Na UFPR, o principal Coletivo voltado para o público LGBT é o Difundindo Cores. Em entrevista ao Jornal Comunicação no mês de abril, Marcos Tavares, membro do Coletivo, disse que além do enriquecimento teórico, o grupo existe para promover ações práticas contra a lgbtfobia e outras formas de opressão. No fim do mês passado, o Difundindo Cores fez um ato de protesto contra o machismo e homofobia nas paredes do Centro Acadêmico de Estudos Biológicos. Em resposta, os ativistas escreveram frases de ordem contra os estudantes preconceituosos.

LGBTfobia

Uma das frases escritas na parede do CAEB (Foto: Divulgação)

Sobre o dia 17, o Difundindo Cores não está preparando nada. “Vamos lançar uma nota só”, foi a resposta sobre o que pode ser um dos dias mais representativos do ano para a comunidade – tirando o da Parada Gay e o da Visibilidade Trans. A universidade apresenta iniciativas interessantes, como o debate sobre a Invisibilização e Higienização dxs LGBTs, do Grupo de gênero de Direito. Mas essas ações não tem sido suficientes para lutar contra práticas opressoras, nem para amplificar a desconstrução das formas de expressão dominantes.

O Not Today, Satan tem a sua política voltada para o respeito aos direitos humanos e busca dar espaço para as minorias. Juntamos a nossa voz para elevar o coro na luta por políticas públicas voltadas à comunidade LGBT, assim como, por ações que não deixem impunes atitudes que operem de forma a desumanizar as expressões de gays, lésbicas, trans e queers.

Por Lucas Panek
12/05/2015 16h13