Peço marmita quase todo dia. Acordo, coloco ração para os gatos, tomo café (sem café, que cafeína piora a ansiedade), espero a alma voltar para o corpo, começo a trabalhar e, lá pelas onze e pouco da manhã, confirmo o pedido pelo aplicativo. Passado algum tempo, o entregador me interfona, eu desço, pego as marmitas e subo de volta.
Segunda passada, a rotina mudou um pouco. Depois de me entregar as três marmitas, o motoboy me solta um “bom almoço pra vocês”. Vocês. Assim mesmo, vocês, no plural. Bom almoço pra vocês, como se não fosse ser eu o único humano a me alimentar daquela comida pelos próximos três dias. Bom almoço pra vocês, como se o pedido se destinasse a uma linda e tradicional família, daquelas muito unidas e também muito ouriçadas, pais, filhos, pets e plantas, refeições à mesa, castigos por notas vermelhas e missas aos domingos. Eu sei que o entregador só estava sendo atencioso, mas seu comentário foi o suficiente para me fazer questionar o quanto, de fato, eu sou adulto.
Vejam só, não sofro de complexo de Peter Pan, nem estou tentando me desresponsabilizar pelas faltas e falhas de minha vida pós-adolescência (são muitas). Também não acho que só seja adulto quem tem família grande ou nos moldes ditos tradicionais. Eu sei, em termos objetivos, que sou um adulto. Tenho 33 anos, arco com responsabilidades enormes no trabalho, banco a mim e a três gatos, já tive que correr de vaca e cachorro quando era Oficial de Justiça, já tive que ajudar minha mãe a reaprender a andar depois um AVC. Sou um adulto, sobrevivi a sofrimentos que só gente grande é capaz de suportar – e, ainda assim, não sei se, a rigor, eu me sinto um adulto, ao menos não como aqueles que foram (ou eu pensei que fossem) adultos para a criança que eu fui.
O questionamento me vem por comparação. Com a minha idade, meus pais e meus avós já tinham filhos, faziam compras do mês com frutas, verduras e carnes que seriam todas preparadas em casa e, pasmem, arrumavam a cama todos os dias. Quando criança, eu olhava para eles e imaginava que todos tinham a vida resolvidíssima, que todos sabiam exatamente o que estavam fazendo, quais decisões tomar, quais caminhos seguir. E esse não é, em absoluto, o meu caso. Tenho 33 anos e, mais grave do que não querer ter filhos, passar três dias requentando a mesma comida no micro-ondas ou, pasmem, não arrumar a cama nunca, eu vivo sob a constante impressão de não fazer a menor ideia do que estou fazendo, de tomar decisões com duvidoso percentual de acerto e de cambalear por trilhas escuras que nunca sei onde vão dar. Será que tudo isso me faz menos adulto que os adultos das gerações passadas?
Se eu tiver que ser duro, respondo que sim, que não passo de um millennial mimado e cheio de privilégios, piá de prédio, como diriam os curitibanos, criado a leite com pera e incapaz de realizar uma infinidade de tarefas cotidianas que, em outros tempos, eram consideradas banais.
Mas acho que, por hoje, em homenagem ao recente Dia das Crianças, serei mais condescendente comigo mesmo.
É quase certo que nossos pais e avós também navegassem às cegas aos 33 anos. Aos 35, aos 40, aos 50. É quase certo que ainda hoje o façam. Se toda certeza sem espaço para a dúvida não passa, em última instância, de fantasia, o que talvez a gente precise fazer é reconhecer que essa imagem de um ser humano completamente formado, certo de si e do mundo, não passa de uma miragem, de um horizonte que, no final das contas, pessoa alguma alcança. De toda forma, não deixa de ser curioso perceber que, nem mesmo aqui, sob essas lentes mais benevolentes, eu sou um adulto – mas só porque, no fundo, no fundo, ninguém o é.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.