Crítica – Invocação do Mal 2

Quando descubro que um filme que eu gostei muito vai ganhar uma sequência eu já fico com um pé atrás. E se for de um filme de terror, pior ainda. Para mim, o maior desafio de criar uma sequela é usar a mesma fórmula que fez com que o primeiro filme se tornasse bom, mas sem perder a criatividade, ficar cansativo ou criar aquela sensação de que o filme não foi necessário ou interessante para o espectador. Por esse motivo, não tive grandes expectativas ao assistir Invocação do Mal 2 (The Conjuring 2), que estreou nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (9). Poucos filmes têm êxito em se inovar ou até superar o filme original, e não achei que esse seria o caso de Invocação do Mal 2. Felizmente, já nos primeiros minutos da obra eu tive a impressão de que minha opinião mudaria. E eu estava certa.

Dirigido por James Wan, o filme retoma a rotina de Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga) Warren, que desta vez estão envolvidos no caso da casa assombrada de Amityville. O horror em Amityville é uma história meio batida no cinema (já foi tema de pelo menos 10 filmes), mas não se preocupem, o filme só mostra brevemente uma cena de Lorraine tentando se comunicar com o espírito que assombra a casa. Porém, durante o processo, ela sofre uma experiência traumática e decide dar um tempo nas atividades sobrenaturais do casal caçador de fantasmas. Enquanto isso, a família Hodgson de Enfield (Londres) está sendo aterrorizada por um espírito maligno cujo alvo principal é a filha Janet (Madison Wolfe).

O filme desenvolve esses dois núcleos (Warren e os Hogdson) separadamente até eles se encontrarem para o clímax. Isso não atrapalhou de maneira alguma o ritmo do filme. Na verdade, os 134 minutos passaram voando, pois durante todo o filme uma tensão é construída para deixar a audiência assustada e apreensiva pelo o que está por vir. O terror nunca abandona a tela. Junto com a maravilhosa (e assombrosa) trilha sonora de Joseph Bishara, James Wan trabalhou com o cinegrafista Don Burgess para criar um inteligente jogo de câmera. Várias técnicas como perspectiva em primeira pessoa, o movimento tilt e uso de luz e sombra foram utilizadas para fazer um terror psicológico. O único deslise técnico, na minha opinião, foi o uso de CGI em um dos personagens que assombram a casa em Enfield. Não é que ele foi mal feito, mas não foi assustador porque foi uma quebra no clima. O diretor faz um excelente trabalho amedrontando quem assiste ao filme com elementos que muitas vezes nem aparecem em cena, mas de repente aparece um personagem cujo CGI chama mais atenção do que qualquer coisa.

Esse trabalho atrás das câmeras foi primordial para o êxito do filme, mas o elenco também não deixou a desejar. Vera Farmiga, assim como no primeiro filme, dá um show de atuação interpretando Lorraine Warren e convence mais do que seu companheiro em cena (Patrick Wilson). Já Madison Wolfe, que já trabalhou em algumas obras do gênero terror, impressionou ao saber equilibrar as diversas emoções de Janet. Inocência, medo, felicidade de criança e até presença demoníaca em uma personagem só. Espero ver esse talento de novo em futuras produções.

Além das atuações e questões técnicas, que também eram boas no primeiro filme, Invocação do mal 2 forma sua própria identidade por meio de temas secundários. A decisão de ter fé e acreditar em alguma coisa ou alguém é um assunto muito abordado durante o filme. Acreditar em seu familiar, em assombrações ou vida após a morte por exemplo. Todos esses elementos garantiram que Invocação do Mal 2 fosse um filme de terror acima de média, superando seu antecessor.

https://www.youtube.com/watch?v=PUdxMXjiRck

Por Julia Trindade de Araujo
11/06/2016 12h46