2022 foi um ano terrível para mim.
Já nos primeiros dias de janeiro, depois de séculos enfurnado em rigoroso isolamento social, descobri que estava com Covid. Nem bem tinha voltado de Fortaleza – para onde havia viajado na tentativa de escapar do que, naquele momento, meu apartamento representava para mim –, comecei a tossir, tive febre e fui abatido por um cansaço extremo que me deixou de cama por umas duas semanas. E, pior do que tudo isso, lá estava eu, obrigado, mais uma vez, a me trancar em casa. Só que, dessa vez, sozinho. Às vezes, o destino não é só irônico: pode ser cruel também.
Precisei voltar a tomar remédios. Chorei ao som de None But The Lonely Heart, do Tchaikovsky, e de Escândalo, na voz do Caetano (deixei ambas no repeat por meses). A maior parte das plantas da minha casa morreu. Um amigo foi feito refém durante o carnaval no Rio, terminei minha primeira e única noite de Sapucaí numa delegacia. A relação com a família, que nunca foi lá muito próxima, ficou ainda mais distante. Levei um golpe de alguém que considerava amiga. Não consegui revisar o romance, que ficou parado por um ano inteiro. Por muito pouco, não conquistei aquela promoção no trabalho.
Voltei a ficar meio paranoico, a respirar difícil, a balançar as pernas sem parar, e, limpo de psicotrópicos, meu sangue indócil ferveu com facilidade. Bebi mais do que deveria, li pouquíssimo, não estudei quase nada. Dei pouca atenção a meus amigos, temo que tenhamos nos distanciado além do ponto de retorno. Gastei uma quantidade colossal de horas diárias nas redes sociais – acho que estou viciado, meu cérebro talvez precise de um reset. Percebi que não consigo mais me concentrar em nada. Tive Covid uma segunda vez – Covid longa, daquela que parece carcomer faculdades mentais. Não sei se me recuperei. Roí unhas, arranquei sobrancelhas. Minha calvície piorou, meu joelho esteve prestes a estourar e, debaixo do meu olho direito, se instalou uma bolsa que, desconfio, veio para ficar.
O Brasil perdeu a copa. Bem no dia em que, depois de comprar comidinhas e bebidinhas, inventei de assistir ao jogo em minha própria casa.
2022 foi um ano maravilhoso para mim.
Meus gatos estiveram bem, ri de suas estripulias sem sentido, me enterneci quando se deitaram a meu lado na cama e começaram a ronronar de puro amor. Willow dormiu em cima de mim, Hopper amassou pãozinho na minha barriga, Nimbus melhorou 100% da doença misteriosa que, ano passado, lhe tirou o movimento das patas traseiras – voltou a correr, a fazer bullying com o irmão e a saltar na pia do banheiro e esperar que a gente abra a torneira.
Terminei uma pós-graduação em Escrita Criativa e finalmente publiquei meu primeiro livro. Por mais que eu sempre teime em alardear o contrário, me lembrei de que, quando querem, as pessoas podem, sim, ser generosas: quem gostou do meu trabalho foi gentil o suficiente para divulgá-lo – quem não gostou, ainda mais gentil por não falar nada. Minha máxima pessoal de não tem trabalho ruim, o ruim é ter que trabalhar perdeu força – me dediquei à Literatura com o tônus de quem ainda é jovem e não descobriu que, no mais das vezes, sonhos são refratários a realizações. Tive a cara de pau de oferecer livros a estranhos na internet, montei embalagens mais com dedicação do que com habilidade manual e, de tanto ir aos Correios, fiz amizade com as funcionárias (sempre umas queridas).
Comecei a escrever uma coluna semanal e encontrei quem gostasse do meu blá-blá-blá. Para minha surpresa, não faltou assunto, e, bem ou mal, logrei manter um mínimo de qualidade nos textos.
Recebi uma das notícias mais importantes de toda a minha carreira de escritor (aguardemos anúncios oficiais).
Fui à Flip pela primeira vez. Participei de uma mesa de debate e realizei o feito heroico de não sofrer uma síncope nervosa. Tive medo de ser cancelado. Não fui cancelado. Lancei meu livro durante a Feira, devo ter vendido dois ou três exemplares, mas estive rodeado de pessoas genuinamente importantes para mim. Conversei com Annie Ernaux e gastei todo o meu francês para lhe declarar que gostava dela não só por ser genial, mas também por me fazer recordar minha avó – de quem, mesmo viva e bem, sinto sempre muita falta.
Revi minha avó. Revi minha mãe e resisti a ser muito duro com ela. Revi meu pai e me permiti ser afetuoso com ele. Minha irmã foi nomeada num ótimo concurso, agora veio morar mais perto de mim. Reencontrei amigos que não via há mais de quinze anos. Antes do lançamento do livro em Curitiba, uma amiga querida se ofereceu para passar a camisa que eu queria usar no evento. Fiz uma viagem internacional em que tudo deu certo. Atravessei o St. James Park (com uma inimiga querida) em vivo debate sobre as relações entre matéria e memória. Cruzei o Reino Unido a pé (longa história).
Li trinta e dois livros (talvez não tenha lido tão pouco assim, afinal). Nesse finalzinho de ano, voltei a revisar o romance e me sinto disposto a dar meu sangue por ele. Passei o minoxidil com regularidade, quase nunca me esqueci de tomar a finasterida, meu joelho parou de doer e, embora não saiba até quando, o olho esquerdo segue jovem, sem nenhuma bolsa pendurada debaixo dele.
Fiz as pazes com o amor. Em nossa primeFotoira viagem juntos, meu namorado, que nem namorado era ainda, não sossegou até consertar a luminária quebrada do quarto. Fez o mesmo com meu coração – e com meu apartamento, que, além de não me causar mais pânico, passou por reparos e ganhou um novo playground para os gatos. Comi da comida que ele me preparou, me espreguicei no sofá de sua sala com decoração maximalista, fiquei admirado com sua cerâmica delicada e me enchi de emoção quando largou tudo para guardar meu lugar na fila de autógrafos da Annie Ernaux. Seus amigos, que também se tornaram meus amigos, já gostam mais de mim do que dele (a meu lado, com ciúmes, ele protesta contra esse meu exagero).
Nessa última crônica do ano, portanto, um único desejo para 2023: que, com felicidade ou com dor, não importa, seja tão bem vivido quanto 2022.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Marietta Baderna – Dos Palcos aos Dicionários é um documentário emocionante sobre a história da chegada da bailarina italiana que encantou os brasileiros. Em um cenário de guerra, Marietta e seu pai precisam abandonar a Itália, por ter sido dominada pela Áustria, assim buscando refúgio no Rio de Janeiro. Nas terras cariocas, a chegada da estrela do Scala de Milão animou a elite da sociedade. No entanto, sua visão mais liberal tomou frente no julgamento da população conservadora e Marietta teve seu nome atribuído a bagunça e desordem no governo de Dom Pedro II. Repleta de curiosidades, a trama conta com a presença de especialistas da dança.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Entre Penas e Bicadas mostra a tragetória de Goldbeak (David Henrie), uma jovem águia, foi criada por uma família de galinhas depois de perder seus pais. Embora acolhido com amor, ele sempre sentiu que não se encaixava completamente no galinheiro. Quando seus instintos o chamam para explorar o mundo além do quintal, ele parte em busca de sua verdadeira identidade. A jornada leva Goldbeak ao Santuário de Pássaros, onde descobre sua origem, conhece outros de sua espécie e encontra um novo propósito: integrar a Patrulha Emplumada, um grupo dedicado à proteção de Avian City. Ao lado de sua corajosa irmã adotiva, Ratchet (Valkyrae), ele enfrenta desafios que o ajudam a entender o valor da coragem, do pertencimento e da família. No entanto, Goldbeak não imagina que uma conspiração sombria está em andamento na cidade. Para proteger os que ama e provar que é digno de suas asas, ele terá que voar mais alto do que nunca, enfrentando perigos e descobrindo que o verdadeiro lar está onde o coração está.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Milton Bituca Nascimento, dirigido por Flávia Moraes, é um documentário emocionante que acompanha a turnê de despedida de Milton Nascimento, uma das maiores lendas vivas da música brasileira. Filmado ao longo de dois anos, o longa registra os últimos shows de “Bituca”, como é carinhosamente conhecido, e captura a profunda conexão entre o artista e seus fãs. Com estreia prevista para 20 de março de 2025, a obra vai além dos palcos, apresentando cenas de bastidores e depoimentos de grandes artistas nacionais e internacionais. Esses relatos celebram a importância de Milton e o impacto universal de sua música, reafirmando seu legado como um dos maiores nomes da música global. Entre emoções e celebrações, o filme é uma despedida inesquecível de um ícone cuja obra transcende fronteiras e gerações.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Os 80 Gigantes acompanha a jornada da Cia dos Ventos, um grupo de teatro de bonecos fundada por um casal de bonequeiros nos anos 2000. Tadica Veiga e Joelson Cruz construíram seus bonecos gigantes inspirados no Carnaval de Antonina e, de pouco em pouco, ganharam as ruas e a comunidade local de São José dos Pinhais, no Paraná. Durante uma década, a companhia ocupou um galpão na cidade, onde guardavam os gigantescos bonecos, além de organizar um projeto social chamado O Boneco e a Sociedade, que fez a diferença para mais de 28 mil alunos. Mas, o que se tornou uma tradição familiar e um programa especial, acaba sofrendo com uma manobra política que os despeja do espaço. Sem lar para os 80 bonecos ou para a família produtora, a Cia do Vento precisa se reinventar e, logo, reconstruir o mundo fantástico e mágico desse espetáculo teatral e artesanal.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Em Meu Verão com Gloria acompanhamos a história de amor e carinho forjada por uma criança e sua cuidadora. Aos seis anos, Cleo é apaixonada por sua babá Gloria, que a cria e cuida desde seu nascimento. Um dia, após uma notícia trágica, Gloria precisa retornar urgentemente ao seu país natal Cabo Verde, onde vivem sua família e seus filhos. Cleo sente a infelicidade e o fardo dessa notícia e, rapidamente, pede para seu pai que traga Gloria de volta em razão de uma promessa feita entre as duas: que se reencontrem o mais rápido possível. Gloria, então, convida a pequena para conhecer o seu país e passar um último verão com ela em Cabo Verde como forma de despedida. Enquanto Cleo conhece um lado desconhecido da vida da babá e desbrava um mundo novo, Gloria precisa lidar com as questões de seus dois filhos que, querendo ou não, ela deixou para trás.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Em Amor Bandido, um corretor de imóveis tenta deixar seu passado sombrio para trás até que recebe uma mensagem de sua ex-parceira de crime que ele achava que estava morta. O vencedor do Oscar Ke Huy Quan encara seu primeiro protagonista, Marvin Gable, um corretor de imóveis que vive uma vida pacata nos subúrbios de Milwaukee. Ele tenta a todo custo deixar os erros cruéis que cometeu no passado. Ele será obrigado a confrontá-los quando recebe um misterioso bilhete de Rose (Ariana DeBose), sua ex-parceira de crime que ele deixou para morrer anos atrás. Agora, Marvin precisará embarcar novamente em uma missão que envolve os assassinos mais perigosos e os fantasmas de seu passado.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Em Brave the Dark, assombrado por traumas de infância, Nathan Williams (Nicholas Hamilton) vive preso em um ciclo de escuridão e autodestruição. Após ser preso, ele encontra uma inesperada mão estendida e disposta a ajudá-lo: seu professor de teatro, Sr. Deen (Jared Harris), que paga sua fiança e o acolhe. Determinado a resgatar Nathan de seus próprios demônios, o Sr. Deen descobre segredos devastadores que ameaçam consumir o jovem por completo. O que começa como um ato de bondade transforma-se em uma batalha desesperada para salvar Nathan de seu passado e de si mesmo. Enquanto Nathan afunda cada vez mais no desespero, o Sr. Deen precisa enfrentar seus próprios limites, questionando até onde está disposto a ir para proteger alguém à beira de perder tudo.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Em O Intruso, um refugiado misterioso surge nu dentro de uma mala às margens do rio Tâmisa, apresentando-se como um enigmático forasteiro. Acolhido por uma tradicional família burguesa de classe alta, ele passa a viver na casa como funcionário. Sua presença, no entanto, desenrola uma série de encontros íntimos e transformadores com cada membro da família, abalando as convenções sociais e emocionais que sustentam suas vidas. Paralelamente, descobre-se que ele é apenas um entre vários homens idênticos espalhados por Londres, todos mascarados sob diferentes identidades. O estranho não apenas provoca desejos ocultos, mas também serve como um catalisador para despertares espirituais, permitindo que a família redefina seus próprios caminhos de forma radical e inesperada.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Em Flow, o mundo parece ter chegado ao fim, coberto apenas por vestígios da presença humana, mas sem nenhum por perto. O gato é um animal solitário que, um dia, enquanto é perseguido por uma manada de cães, vê seu lar ser devastado por uma grande enchente. Buscando uma forma de sobreviver após a inundação, ele enfrenta diferentes ameaças, até que encontra refúgio em um pequeno barco povoado por diversas espécies. Enquanto tentam fugir de toda essa situação hostil, os animais terão que se unir apesar de suas diferenças. Nesse veleiro, navegando por paisagens místicas e transbordantes, eles passam pelos desafios e perigos da adaptação a este novo cenário pós-apocalíptico. Flow acompanha uma aventura por entre as ruínas de um mundo inundado e destruído e os sobreviventes que buscam permanecer à deriva com a ajuda e esperança de cada um.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
O Brutalista se passa em 1947, quando o arquiteto visionário húngaro László Toth (Adrien Brody) e sua esposa Erzsébet (Felicity Jones) fogem da Europa devastada pela guerra em busca de um novo começo na América. Em sua jornada para reconstruir seu legado e testemunhar o surgimento da América moderna, eles se deparam com uma oportunidade que pode mudar suas vidas para sempre. O industrial rico e carismático Harrison Van Buren (Guy Pearce) oferece a László um sonho americano em bandeja de prata: a chance de projetar um grandioso monumento modernista que moldará a paisagem do país que agora chamam de lar. Este projeto ambicioso representa o auge da carreira de László, prometendo levar ele e Erzsébet a novas alturas de sucesso e reconhecimento. No entanto, o caminho para a realização de seus sonhos é repleto de desafios e reveses inesperados, que os levarão a enfrentar tanto triunfos quanto tragédias ao longo de quase três décadas.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.
Data de Lançamento: 20 de fevereiro
Fé para o Impossível é o longa biográfico do diretor Ernani Nunes que vai retratar um fato na vida de Renee Murdoch, uma pastora norte-americana, que vive no Rio de Janeiro e foi brutalmente atacada por um morador de rua que a atingiu com um pedaço de madeira na cabeça em uma corrida em setembro de 2012, no bairro da Barra da Tijuca. Internada em estado gravíssimo e com baixas perspectivas de cura sob o diagnóstico de traumatismo craniano, Renee contou com a ajuda de seu marido, Philip, e com o apoio de sua família que compartilharam a luta da pastora com o mundo a fim de reunir o máximo de pessoas para uma poderosa corrente de oração pela sua recuperação, tal ato que foi concedido pelo divino. Hoje, Renee e Philip são um casal de pastores que lideram a Igreja Interdenominacional Luz às Nações, conhecida como Ilan Church, no bairro do Recreio, a partir de um movimento de implantação de igrejas pelo Brasil e são autores do livro Dê a Volta por Cima, cujo também retrata esse ato milagroso.
Data de lançamento: 20 de fevereiro.