Quando eu era adolescente, morei um tempo no apartamento de meus avós maternos.
Na realidade, aconteceu duas vezes, em períodos de duração já pouco clara para mim. Ao longo dos anos que se seguiram à separação, mamãe passou por muita dificuldade financeira e, sem emprego fixo, precisou pedir abrigo aos familiares mais próximos. Moramos primeiro com vovô e vovó, depois com meus tios, depois, constatada a muito previsível impossibilidade de manter o aluguel em dia, de novo com meus avós.
Nunca foi exatamente agradável. Dividíamos, eu, minha mãe e minha irmã, o antigo quarto dos sonhos de minha tia, uma suíte rósea que, levando-se em consideração o banheiro, não devia contar com mais do que doze metros quadrados. Uma cama de solteiro, um colchão no chão e uma rede. Um único armário para uma mulher adulta e dois filhos que, sempre muito estudiosos, tinham que se organizar para não brigar pelo espaço na bancada-escrivaninha. Um único vaso sanitário, um único sabonete. Inteirinho cor-de-rosa, o quarto. Inteirinho cor-de-rosa.
Mas não sei por que estou escrevendo sobre o apartamento de meus avós.
Talvez porque, ainda essa semana, mamãe recebeu alta de uma internação hospitalar, mas, ao chegar em casa, piorou muito. E, sempre que isso acontece, sempre que se abre a possibilidade da derrocada definitiva de seu estado de saúde, sempre que, sozinho, me vejo enfrentando problemas que, ao longo da vida, por muito pouco não me aniquilaram de vez, sou como que enfurnado de volta dentro do quarto cor-de-rosa, lutando, com vacilante sucesso, contra toda aquela proximidade forçada, invasiva, insuportável.
Talvez porque, ainda essa semana, eu tenha enviado o Coisa Amor de presente para a Marisa Orth. Além da dedicatória, eu lhe escrevi um bilhete curto e, agora reconheço, melodramático demais. Nele eu agradecia pelas muitas ocasiões em que assisti ao Saia Justa ao lado de minha avó. Morar naquele apartamento nunca foi exatamente agradável, mas tinha suas belezas.
Sentávamos juntos no sofá da sala e vovó aparecia com delícias retiradas direto do frigobar de seu quarto: Pringles e Coca Diet, iguarias que, na minha cabeça, eram mais bem guardadas que o dinheiro de um cofre. Pedriiiiimm, ela prolongava meu nome, imitando o barulho de um telefone, e me perguntava se eu queria provar dos comes e bebes. De primeiro, eu negava, mas, conforme fui adquirindo mais intimidade – com os Oliveira sempre se precisou de muitos dedos –, passei a aceitar. A Pringles tinha justificativa óbvia, fritura e sal são uma combinação irresistível, mas a Coca Diet (que, como se sabe, tem gosto de Coca Diet), eu acho que só desejava porque, nas mãos de vovó, a bebida se tornava chic. Vovó era chic. Deu aulas de etiqueta, escreveu livros de boas maneiras e bebeu muita, muita Coca Diet de canudinho.
Munidos das delicatéssen, assistíamos às quatro apresentadoras do programa debatendo sobre arte, política, economia e sexualidade, tudo com uma franqueza que, nos dias de hoje, já não seria tão bem aceita. Mônica, que vovó chamava de Mônica Vai de Volks, era a temperada; Fernanda, a sincerona provocativa; Rita podia tudo, de executar limpezas espirituais com cristais a mostrar a bunda; e Marisa era a inteligente.
Marisa era a inteligente, o que, tendo em vista Magda, sua célebre e mentecapta personagem, parecia um contrassenso. Marisa era a inteligente e, por força de uma dessas conexões estranhas que cérebros costumam fazer, me lembrava a mamãe, ambas donas de um rosto de beleza peculiar, de um corpo bonito e de um talento extraordinário para a comédia. Mamãe teria sido uma ótima atriz profissional. Interpretou uma suicida numa montagem espírita – que piada de mau gosto – e sempre atuou em seus festivais de dança, que mesclavam coreografia e teatro. Mas nunca passou disso. Se tivesse insistido, que diferentes caminhos teria podido trilhar?
Não sei por que estou escrevendo este texto, mas, olha só, voltei de novo à mamãe.
Faz algum tempo que ela tornou a morar com meus avós, com quem não converso há dez anos ou mais. Nesse ínterim, Rita se foi, Fernanda se foi, a Coca Diet se foi (substituída por uma versão com menos aspartame, adoçante artificial que, dizem, causa Alzheimer). Vovó está tão bem quanto possa estar bem uma pessoa que não se lembra nem do próprio nome, não se lembra de comer, não se lembra de ir ao banheiro. Mamãe está se recuperando, acho que foi só um susto – ainda não foi dessa vez. O apartamento e o quarto cor-de-rosa continuam lá.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Kasa Branza, dirigido e roteirizado por Luciano Vidigal, conta a história de Dé (Big Jaum), Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco), três adolescentes negros que vivem na periferia da Chatuba, em Mesquista, no Rio de Janeiro. O filme apresenta a relação de cuidado e amor entre Dé e sua avó Dona Almerinda. Sem nenhuma estrutura familiar, o rapaz é o único encarregado de cuidar da idosa, que vive com Alzheimer, e da subsistência dos dois. Vivendo sob o peso dos aluguéis atrasados e do preço dos medicamentos da avó, um dia, Dé recebe a triste notícia de que Dona Almerinda está em fase terminal da doença. O jovem, então, decide aproveitar os últimos dias da vida dela junto com os seus outros dois melhores amigos.
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Em Paddington – Uma Aventura na Floresta, o adorável urso Paddington retorna ao Peru para visitar sua querida Tia Lucy, acompanhado pela família Brown. A viagem, que promete ser uma reunião afetuosa, logo se transforma em uma jornada cheia de surpresas e mistérios a serem resolvidos. Enquanto explora a floresta amazônica, Paddington e seus amigos encontram uma variedade de desafios inesperados e se deparam com a deslumbrante biodiversidade do local. Além de garantir muita diversão para o público, o filme aborda temas de amizade e coragem, proporcionando uma experiência emocionante para toda a família. Bruno Gagliasso, mais uma vez, empresta sua voz ao personagem na versão brasileira, adicionando um toque especial ao carismático urso. Com estreia marcada para 16 de janeiro, o longa promete encantar as crianças nas férias e já conquistou o público com um trailer inédito que antecipa as aventuras que aguardam Paddington e a família Brown no coração da Amazônia.
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Uma missão importante é comprometida por um passageiro indesejado num avião a mais de 3000 mil metros de altura. Em Ameaça no Ar, um piloto (Mark Wahlberg) é responsável por transportar uma profissional da Força Aérea que acompanha um depoente até seu julgamento. Ele é uma testemunha chave num caso contra uma família de mafiosos. À medida que atravessam o Alasca, a viagem se torna um pesadelo e a tensão aumenta quando nem todos a bordo são quem dizem ser. Com os planos comprometidos e as coisas fora do controle, o avião fica no ar sem coordenadas, testando os limites dos três passageiros. Será que eles conseguirão sair vivos dessa armadilha?
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Em Anora, longa dirigido e escrito por Sean Baker, acompanhamos a jovem Anora (Mikey Madison), uma trabalhadora do sexo da região do Brooklyn, nos Estados Unidos. Em uma noite aparentemente normal de mais um dia de trabalho, a garota descobre que pode ter tirado a sorte grande, uma oportunidade de mudar seu destino: ela acredita ter encontrado o seu verdadeiro amor após se casar impulsivamente com o filho de um oligarca, o herdeiro russo Ivan (Mark Eidelshtein). Não demora muito para que a notícia se espalhe pela Rússia e logo o seu conto de fadas é ameaçado quando os pais de Ivan entram em cena, desaprovando totalmente o casamento. A história que ambos construíram é ameaçada e os dois decidem em comum acordo por findar o casamento. Mas será que para sempre?
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
O papa está morto e agora é preciso reunir o colégio de cardeais para decidir quem será o novo pontífice. Em Conclave, acompanhamos um dos eventos mais secretos do mundo: a escolha de um novo Papa. Lawrence (Ralph Fiennes), conhecido também como Cardeal Lomeli, é o encarregado de executar essa reunião confidencial após a morte inesperada do amado e atual pontífice. Sem entender o motivo, Lawrence foi escolhido a dedo para conduzir o conclave como última ordem do papa antes de morrer. Assim sendo, os líderes mais poderosos da Igreja Católica vindos do mundo todo se reúnem nos corredores do Vaticano para participar da seleção e deliberar suas opções, cada um com seus próprios interesses. Lawrence, então, acaba no centro de uma conspiração e descobre um segredo do falecido pontífice que pode abalar os próprios alicerces da Igreja. Em jogo, estão não só a fé, mas os próprios alicerces da instituição diante de uma série de reviravoltas que tomam conta dessa assembleia sigilosa.
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Em 12.12: O Dia, o assassinato da maior autoridade da Coreia do Sul causa um caos político sem precedentes. O ano é 1979 e, após a morte do presidente Park, a lei marcial é decretada, dando abertura para um golpe de estado liderado pelo Comandante de Segurança da Defesa, Chun Doo-gwang (Hwang Jung-min), e seus oficiais. Ao mesmo tempo, o Comandante da Defesa da Capital, Lee Tae-shin (Jung Woo-sung), acredita que os militares não devem tomar decisões políticas e, por isso, tenta impedir com os planos golpistas. Em um país em crise, diferentes forças com interesses diversos entram em conflito nesse filme baseado no evento real que acometeu a Coreia do Sul no final da década de 70.
Data de lançamento: 23 de janeiro