Os parques estão entre os locais mais emblemáticos de Curitiba – atraem inúmeros turistas e são pontos de convívio e lazer dos curitibanos.
A variedade desses espaços na capital é imensa. São 28 parques e 15 bosques, com vegetação formada por trechos da Mata Atlântica, fauna silvestre diversificada, lagos, nascentes e quedas d’água.
Além da beleza das áreas verdes e utilidade dos equipamentos públicos nelas presentes, esses espaços são fundamentais para garantir a ocupação adequada do solo em áreas de preservação. Os lagos, por exemplo, funcionam como importantes reguladores da vazão da água, que fazem grande diferença em períodos de chuva forte.
Se para quem vive na região mais central, as referências mais imediatas são o Parque Barigui ou o Jardim Botânico (que, aliás, não é parque; veja abaixo), quem mora na região sul tem o Parque Lago Azul como destino de lazer, enquanto na região norte da cidade a referência é o Tanguá.
Veja a seguir curiosidades de três parques da cidade e do Jardim Botânico. A informações foram reunidas diretamente do acervo do Departamento de Parques e Praças da Prefeitura de Curitiba, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
O Parque Tanguá, localizado no Pilarzinho, é considerado um dos mais belos de Curitiba. Com área de 235 mil metros quadrados, tem um mirante em semicírculo que oferece uma vista panorâmica única, principalmente no pôr do sol.
Logo na entrada, o destaque é o Jardim Poty Lazzarotto, homenagem a um dos principais artistas plásticos do Paraná, que nasceu no mesmo dia do aniversário de Curitiba (29/3).
O parque foi construído na área de duas pedreiras desativadas. Anteriormente, funcionava ali uma usina de reciclagem de caliça (resíduo de material de construção). Na parte baixa do parque, os lagos preservam as águas do Rio Barigui.
A cascata tem 65 metros de altura, o equivalente a quase dois Cristos Redentores do Corcovado (mais exatamente, equivalente a 1,7 Cristo).
Além da beleza, os lagos construídos no local têm a importante função de evitar alagamentos na região, regulando a vazão da água.
Nas rochas, um túnel, que tem passarela de madeira e corrimão de tronco, foi aberto para unir dois dos seus lagos e permitir ao visitante uma vista mais do que especial. Atualmente, funciona apenas com visitas guiadas.
O Tanguá junto com o vizinho Tingui e o Barigui formam o maior parque linear urbano do país — um enorme corredor de preservação ambiental às margens do Rio Barigui.
O Parque Lago Azul tem uma área de 128 mil metros quadrados, localizados entre os bairros Ganchinho e Umbará. Foi o 19° parque criado na cidade, tornando-se opção de lazer, principalmente para os moradores da região Sul da cidade.
Nos anos de 1930, o imigrante italiano Ângelo Segala represou o Rio Ponta Grossa, que corta o Umbará, para criar o Lago Azul, que movimentaria o moinho nas terras da família. O lago ficou famoso naquela época, e a área passou a funcionar como um parque particular, frequentado por moradores da região.
Um dos objetivos do projeto do Parque Municipal Lago Azul, além da preservação ambiental, era resgatar aas memórias da cultura dos imigrantes italianos: as construções tradicionais foram conservadas e recuperadas, incluindo o velho moinho de milho. A sede da propriedade que foi transformada em um bistrô.
Em 1950, o lago foi descoberto pelos frequentadores que iam trocar milho por fubá no moinho, atração até hoje do lugar, que ganhou um novo mirante.
Na época, o moinho do Seu Segala também gerava energia. Ele adaptou um dínamo, normalmente utilizado em veículos automotores. Movida pela força da água, a peça gerava energia suficiente para carregar baterias que eram utilizadas não só pela família, mas também por muitos vizinhos. Dona Angelina Filomena Zonta, a última moradora da casa dos Segala na propriedade e filha de Seu Ângelo, lembra de uma prima que caminhava mais de cinco quilômetros carregando a bateria só para poder escutar rádio em casa.
Hoje, o parque conta com equipamentos de lazer para atender os visitantes. Além do bistrô, o parque Lago Azul tem nove churrasqueiras, estacionamento, parque de troncos para crianças e um módulo da Guarda Municipal.
Inaugurado em 1972, é um dos parques mais visitados e famosos da capital. Conta com churrasqueiras, quiosques, equipamentos para ginástica, estacionamento, bar e restaurante. Durante o período mais crítico da pandemia, o Centro de Eventos Positivo se transformou no Pavilhão da Cura, ponto de referência onde foram vacinadas milhares de pessoas contra a covid-19. As pistas de corrida e caminhada estão entre as mais movimentadas da cidade, com quatro diferentes extensões de trajeto.
São 140 hectares de território (ou 1,4 milhão de metros quadrados, equivalente a quase 200 campos de futebol), que se estendem por quatro bairros (Bigorrilho, Mercês, Santo Inácio e Cascatinha). Só o lago tem 230 mil metros quadrados.
Em 1972, quando o projeto de criação do parque foi apresentado pela primeira vez, o governo militar não financiava projetos para “recreação e lazer”. “Ecologia” também era uma palavra ainda pouco usada. O projeto foi reapresentado ao mesmo Ministério da Fazenda, dando mais ênfase aos aspectos de “saneamento” e “contenção de cheias” presentes e prioridades desde o início do projeto, que foi assim aprovado. Até hoje o lago do Barigui sobe de nível nas chuvas mais fortes, preservando as moradias da região e do entorno do Rio Barigui de enchentes.
Em 2017, o Barigui recebeu o primeiro Jardim de Mel de Curitiba. Os Jardins de Mel são ninhos de abelhas sociais e sem ferrão e compõem uma iniciativa de conservação das abelhas e educação ambiental da população de Curitiba. Os Jardins são ponto de visitação e já foram até tema do programa japonês Bee World, da TV Tokyo.
O histórico jacaré do Barigui não foi o único forasteiro da espécie que já viveu no lago. Desde 2007, três jacarés já foram observados no Barigui. Todos foram realocados para ambientes mais adequados. Jack, como foi batizado o mais antigo de deles, foi morar no pantanal mato-grossense (ambiente natural de sua espécie). Hoje, o único jacaré no Barigui é o representado na escultura que fica próxima à entrada do Centro de Eventos Positivo. Inclusive, ele também ficou famoso: quando a vacinação começou no Pavilhão da Cura, muita gente tirava foto ao lado da escultura na saída, para mostrar que não virou jacaré (alusão a uma das “polêmicas” durante a vacinação da covid).
A Central Geradora Hidrelétrica (CGH) Nicolau Klüppel, em funcionamento desde 2019, é exemplo na geração sustentável de energia limpa, preservando o meio ambiente. A mini-usina gera cerca de 21.600 Kwh/mês, metade da energia consumida pelo Parque Barigui mensalmente ou o suficiente para suprir o consumo energético de 135 casas médias, com famílias de quatro pessoas.
O Jardim Botânico de Curitiba, que não é um parque é um jardim botânico, tem área de 178 mil metros quadrados, com uma estufa que se destaca no horizonte. A estrutura da área abriga exemplares vegetais naturais e ornamentais da flora da Mata Atlântica.
Classificado no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente) como ornamental, o jardim não é tecnicamente parque, já que tem como objetivo expresso de preservar e conservar flora e fauna. Grande parte da biodiversidade ali presente traz placas informativas (com nome da espécie, origem etc).
Em 1991, quando foi inaugurado, o Jardim Botânico estava localizado no bairro Capanema. Mas, por meio de um plebiscito popular, em 1992 o bairro passou a se chamar Jardim Botânico.
Os lagos que ficam no Jardim são todos artificiais (construídos). Mas no Bosque de Preservação Permanente, cuja área representa mais de 40% da área total do Jardim Botânico, existe uma nascente de água protegida por Lei (Lei Municipal nº 6.819, de 13 de janeiro de 1986). O Rio Cajuru passa pelo bosque.
Além da beleza natural, o Jardim abriga réplicas de esculturas. O “Torso do Trabalhador” de Erbo Stenzel, fica na estufa principal. Já “Amor Materno”, do artista João Zaco, fica no centro do canteiro principal. Outras quatro estátuas foram instaladas na Galeria Quatro Estações, inaugurada em 2020 – são estruturas de mármore que representam as estações do ano.
O Jardim Botânico abriga um dos maiores herbários do Brasil, com quase 500 mil registros no seu acervo e nove coleções. Inclusive, o Projeto de Conservação de Plantas Ameaçadas de Extinção da Floresta com Araucária foi contemplado com o Prêmio Investing in Nature 2005, concedido pelo banco HSBC em parceria com a WWF (World Wide Fund), Earthwatch e Botanic Gardens Conservation International (BGCI).
A flora do Jardim abriga pelo menos 300 espécies (já observadas) de borboletas. O número rendeu o recorde de registros no site iNaturalist.com, pertencente a autora do livro “Jardim Botânico – Borboletas” — a bióloga Maristela Zamoner, que trabalha no Botânico.
Data de Lançamento: 11 de abril de 2024
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