Todos os anos as fanbases da música tremem com a divulgação dos indicados de uma das maiores premiações do mundo da música, o Video Music Awards da MTV. Além de premiar os principais artistas do ano, o evento é conhecido por suas performances icônicas e lançamentos de novas músicas. Correndo atrás do prejuízo, os principais prêmios da arte tem se redimido com a inserção de maior representatividade.
As críticas ao Oscar com o movimento Oscar Tão Branco renderam uma inclusão política muito maior nas suas categorias, já o VMA, acusado de valorizar apenas mulheres magras e brancas nas categorias femininas, também se posicionou bem em relação ao tema. Algumas mudanças nas categorias foram bastante positivas, eliminando as categorias por gênero (Melhor Artista Feminino e Melhor Artista Masculino), tornando apenas Melhor Artista do Ano, e inserindo a nova Melhor Luta Contra o Sistema. Por mais manjado que seja o nome do novo troféu, ele trouxe à tona clipes que re-significam a música e lutam por movimentos sociais.
Conheça os indicados de 2017 dessa nova categoria para os artistas que idealizam um mundo mais justo:
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Alessia Cara, “Scars To Your Beautiful”
As várias indicações de Alessia Cara surpreenderam até mesmo quem acompanha sua carreira, a cantora teen conquistou o coração da MTV e teve quatro indicações na divulgação de seu primeiro álbum de estúdio. A música que fala especialmente sobre amor próprio, ganhou um clipe simples, mas que conta curtos relatos sobre “cicatrizes visíveis e invisíveis”. No vídeo podemos ver pessoas transgênero, sobreviventes de câncer, vítimas de racismo, além de mulheres de toda idade, peso e etnia. O que ganha destaque é que a cantora de Stay teve toda a idealização do clipe desde a composição da música, “eu queria gravações reais de pessoas reais contando suas histórias”. No fim do vídeo a cantora deixa uma mensagem, dizendo que a música é um lembrete de que a beleza não é única, que nem sempre é tangível, mas que os padrões não podem ser um impedimento para nossa felicidade.
Big Sean, “Light”
Big Sean se prova a cada álbum, tentando galgar seu espaço como um dos principais nomes da G.O.O.D. Music de Kanye West. O rapper se mostrou mais maduro em sua música com o lançamento do álbum I Decided e a música Light em parceria com Jeremith é sua aposta com rimas que fazem crítica a violência sem sentido, um cenário constante nos Estados Unidos. A inocência e delicadeza do clipe são um contraste com a realidade de muitos afro-americanos, e é encenado o resgate de uma criança vítima de bala perdida, criminosos negros desarmados sendo mortos por policiais e uma mulher imigrante morta em latrocínio. A composição também não deixa de lado críticas à eleição de Donald Trump e a importância da grande representatividade negra no esporte.
John Legend, “Surefire”
O “amor sem fronteiras” é o tema da música Surefire do renomado John Legend, um dos únicos artistas vivos a ter os principais prêmios musicais do Grammy, do Tony e do Oscar. Dessa vez Legend aposta em uma balada que fala sobre um amor que resiste aos terrores do “mundo de fora”, encontrando um no outro um “lugar onde o amor vença, e não divida”. O clipe dirigido por Cole Wiley se passa no Ocidente e encanta com um casal que apesar das dificuldades culturais permanece com o espírito brincalhão e apaixonado.
Logic feat. Damian Lemar Hudson, “Black SpiderMan”
Você pode estar pensando nas diversas franquias de cinema sobre o Homem-Aranha e até existe a possibilidade da inserção de um personagem negro vestindo o uniforme do super-herói, mas não é esse o caso. O clipe bastante político e com uma sonoridade que pulsa cultura afro já começa embalado por um coro católico cantando “Jesus Negro”. O rapper Logic não é negro, e isso pode causar diversas controversas quando o assunto é apropriação cultural, mas os versos do garoto se esforçam em mostrar que realmente não importa os rótulos, seja você branco, negro, latino, muçulmano, cristão, LGBT ou não. “Hoje chamamos o pregador, talvez Jesus fosse negro, talvez ele usava dreads, homem-aranha deveria ser negro”, e o fim do clipe ainda pede por um Papai Noel afro. A indicação com certeza aconteceu por um motivo, o vídeo nos dá uma visão bonita de uma sociedade onde o orgulho é permitido a todos.
Taboo feat. Shailene Woodley, “Stand Up / Stand N Rock #NoDAPL”
O rapper Taboo, mais conhecido por fazer parte do grupo The Black Eyed Peas, traz um trabalho diferenciado e levanta questões que normalmente são deixadas de lado, convidando seus fãs para uma causa maior. O videoclipe foi uma chamada para ajudar os indígenas da Nação Sioux de Standing Rock, na Dakota do Norte, que lutam contra a construção de um oleoduto que passará pela sua reserva e contaminará águas potáveis do Rio Missouri (fonte de água para grande parte do país). No clipe podemos ver a manifestação #NoDAPL que junta vários acampamentos de guerreiros de todas etnias e conta com a solidariedade de pessoas de todos os países, ao som da música e um verso interpretado pela atriz Shailene Woodley (A Culpa É Das Estrelas). Em fevereiro o governo Trump permitiu a construção do oleoduto e negou o pedido de emergência da tribo, a luta da Sioux continua.