Vida de fã: como os Backstreet Boys marcaram gerações

foto: Dennis Leapold

Backstreet’s back, alright! Milhares de fãs estão prontos para cantar o famoso verso ao vivo na próxima quarta-feira, 25, quando o quinteto americano Backstreet Boys desembarca para única apresentação em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski, e segue para outros três shows no Brasil – dois em São Paulo (27 e 28) e um em Belo Horizonte (29). Para o show na capital paranaense, restam poucos ingressos, pela Eventim a partir de R$ 195.

São 30 anos de carreira – a banda, formada por AJ McLean, Howie Dorough, Nick Carter, Kevin Richardson e Brian Littrell começou em 1993, e lançou o primeiro single em 1995. Ao longo do tempo, fãs ao redor do mundo acompanharam de perto cada passo do grupo e colecionaram histórias que marcaram uma geração. Muitos vão ter a chance de vê-los pela primeira vez ao vivo no show da capital paranaense. O Curitiba Cult conversou com fãs para saber detalhes dessas histórias.

Dá para dizer que os fãs curitibanos tiveram sorte. Inicialmente, a DNA World Tour passou pelo Brasil em 2020, e não viria para Curitiba. A banda chegou a se apresentar em duas datas – dia 11 de março, em Uberlândia, e 13 de março, no Rio de Janeiro. O último show da turnê aconteceria dia 15 de março, mas foi adiado devido às restrições que começaram a surgir para para evitar a disseminação do coronavírus. O cancelamento veio apenas um dia antes do show, o que frustrou diversos fãs.

Karin Clemente, 39 anos, que na época morava em Curitiba, já estava em São Paulo quando soube do cancelamento. “Foi bem difícil. Seria meu primeiro show depois de 20 anos de espera. Mas entendemos que realmente seria um risco muito grande, o mais importante era a segurança dos fãs e do grupo”, comenta. Ela se tornou fã em 1998, quando uma professora de inglês passou um trabalho de escola para criar uma coreografia e cantar uma música do grupo. “Foi super divertido, até minha irmã mais nova participou dos ensaios. A partir daí virei fã”, conta. “No final dos anos 90 e início dos 2000 muitas boy bands surgiram pegando carona no sucesso do BSB. Mas a maioria não resistiu ao tempo. Minha admiração por eles é justamente por terem conseguido se manter juntos durante todo esse tempo, sempre lançando novos CDs e nunca saindo de cena”, completa.

Karin Clemente e a irmã tentando ver o AJ em São Paulo, 2020 / foto: Arquivo pessoal

Karin Clemente e a irmã tentando ver o AJ em São Paulo, 2020

Depois da frustração em 2020, Karin se mudou de país, e em outubro de 2022, teve a chance de ir ao show da banda em Amsterdam. “Foi a primeira vez e foi incrível! Cantei o show inteiro, dancei. Foi como voltar no tempo”, conta ela. Agora, ela virá a Curitiba e poderá assistir a apresentação junto com a irmã, que iria com ela ao show de 2020. “Estou ansiosa para curtir com as brasileiras, porque não tem público mais animado que o nosso!”, finaliza.

Revistas, pôsteres, MTV… tudo era bem diferente!

Quando a banda deu os primeiros passos, acompanhar cada detalhe do grupo era uma experiência completamente diferente. As redes sociais diminuíram a distância entre ídolo e fã – mas lá em 1998, quando Erica Alexandre do Nascimento, 38 anos, que mora em Guarulhos, São Paulo, começou a acompanhar o grupo, as informações vinham por meio de revistas e entrevistas na televisão. “Vi o videoclipe deles na MTV da música “As Long As You Love Me”, aí foi amor ao primeiro vídeo. Já me apaixonei de cara e o Nick virou meu queridinho”, conta ela, que começou desde então a pesquisar sobre o quinteto. Ela iria vê-los em 2020, e também passou pela frustração de ver o show cancelado. “Passei dias chorando e comendo mal de tanta tristeza que fiquei”, relembra.

Agora, Erica vai recuperar o tempo perdido e ver pela primeira vez o grupo ao vivo. “Na época da venda, duas amigas compraram para o show em Curitiba, mas para mim não dava por conta do trabalho. Recentemente saí da empresa, então uma das minhas amigas falou que pagava minhas passagens para ir com elas, porque ela disse que não teria graça sem eu ir. Nem pensei duas vezes”, conta ela, que irá aos dois shows na capital paulista e também no de Curitiba. “Cada dia a ansiedade só aumenta. São 25 anos esperando para ver um show deles. Com certeza para mim o momento mais emocionante vai ser quando cantarem ‘As Long As You Love Me’, acho que vai passar um filme na minha cabeça”, explica. Ela está ainda mais animada por poder compartilhar o momento com as amigas Natali e Ana Paula, que conheceu por conta da banda. “Backstreet Boys também formam amizades”, brinca ela.

Não dá para esquecer os fanzines…

Aliás, o que é o Google perto das revistas, pôsteres e fanzines (quem lembra?) que tínhamos nos anos 90? Carla Glovatiski, 40 anos, de Almirante Tamandaré, Paraná, era uma das adeptas. Ela se tornou fã em 1996, e assim como Erica, se apaixonou pelo grupo com o videoclipe de “As Long As You Love Me”, mas no caso dela, foi pelos olhos do Kevin. “Gastávamos uma nota comprando milhões de revistas na banca de jornal (risos). Além da troca de fanzines dos fã-clubes que a gente pagava mensalidade e eles nos enviavam via correio as últimas notícias dos Backstreet Boys. Que fase (risos)”, brinca ela.

Ao longo dos anos, Carla continuou fã do grupo – exceto o período da saída do Kevin, o favorito, que foi um “baque muito grande”. Quando ele voltou, a paixão ressurgiu como se nunca tivesse ido embora. “Me tornei administradora de uma página em que levamos fãs pelo mundo para realizarem o sonho de ver a banda que amamos. Só quem é fã entende esse amor, e ajuda-las a realizar esse sonho é gratificante demais!”, conta ela.

Carla Glovatiski com o grupo no show em Tampa, Estados Unidos

Carla Glovatiski com o grupo no show em Tampa, Estados Unidos

O primeiro show da fã foi em 2015, em São Paulo. “Eu, grávida, larguei o marido em casa no dia dos namorados para finalmente realizar meu sonho de adolescência”, conta. Na época, ela ganhou das amigas um body para bebê escrito “BSB Baby”, e ainda garantiram autógrafo do Kevin e Howie. Em 2020, ela iria ao show que foi cancelado, e teria a chance de chegar pertinho com o Meet & Greet. “A sensação foi desse sonho escorrer entre os dedos”, explica. Depois disso, em 2022, com o retorno dos shows, ela fez com a sua página um pacote de viagem para levar fãs para a Florida, Estados Unidos, e assistiu a duas apresentações. “Os shows foram incríveis, eles interagiram demais porque descobriram que eram brasileiras na casa”. Agora, ela está pronta para repetir a dose em Curitiba e nos dois shows de São Paulo. “Apesar de ter visto os homens que me levaram à falência há menos de sete meses, cada show é único e toda oportunidade de vê-los é uma euforia imensa. A Carla de 14 anos ressurge”, brinca ela.

Ser fã nem sempre é fácil…

Carla Suellen Silva, 35 anos, mora em Curitiba, e conheceu o Backstreet Boys por conta das colegas de escola. Ela estava no sexto ano do colégio quando conheceu o videoclipe de “Show Me The Meaning Of Being Lonely”, lançado em 1999. “Me apaixonei pela música. Fui na casa de uma delas e o quarto era forrado de pôsteres até o teto. Achei o máximo! Pensei: ‘é isso que eu quero pra mim!’”, conta. Carla diz que não era tarefa fácil – família com três irmãos e muitas contas a pagar. “Mas minha mãe sempre dava um jeitinho, e minha coleção foi tomando forma”, explica ela, que também usava a criatividade para dar vida aos itens de fã. “Eu pegava folhas das revistas e encapava cadernos”, conta.

Carla tinha o sonho de ser escritora, e usava os membros do grupo como inspiração. “Folheando revistas eu pensava: ‘aqui parece que eles estão de férias no campo’, por exemplo, aí já inventava alguma coisa que cabia na história”, relembra ela. Com isso, ao longo dos anos, o grupo sempre foi presente na vida dela. “Eles passaram por tudo de bom e de ruim que eu passei na vida. Cada música faz parte de uma fase”, explica. “O álbum ‘Never Gone’ foi lançado na época que eu fiz uma cirurgia e vivia um relacionamento abusivo na adolescência. Por muito tempo eu não ouvia esse CD. Agora, 17 anos depois, eu consigo ouvir sem me machucar”, conta. O álbum “In A World Like This” foi lançado quando ela teve o seu cachorrinho, e a faixa título é a música que representa os dois.

Hoje, ela passa o amor para outras gerações. A irmã e a prima são fãs, assim como a afilhada Júlia, de 7 anos. “Era um sonho ter uma filha que gostasse deles. Eu não posso ter filhos, então a Júlia é meu sonho realizado”, confessa. Ela não teria a chance de ir até São Paulo para o show, então o anúncio em Curitiba foi a garantia de um sonho realizado. Inicialmente iria ao show com sua irmã, Karine, que acabou por descobrir que estava grávida e que nasceria próxima a data da apresentação. Agora, com uma pequena recém-nascida em casa, ela acompanha a realização do sonho pelos olhos da irmã.

Não era YouTube, era a MTV

Mariana Reis tem 32 anos, e aos 7, já curtia assistir aos videoclipes na MTV. Foi lá que ela teve o primeiro contato com o grupo, com a música “We’ve Got It Goin’ On”. Desde então, não parou de acompanhar de perto cada lançamento. “Um dia minha casa foi reformada, e algumas coisas foram roubadas, incluindo tudo que eu tinha dos meninos – pastas com fotos, CDs, camisetas. Fiquei muito triste, mas guardo tudo no coração. Até o teste da revista Capricho: “Qual dos garotos do BSB combina mais com você?’. Deu o Nick, e eu tinha certeza: ‘é um sinal do universo, vou casar com ele’”, brinca Mariana.

Quando eles vieram ao Brasil em 2000, Mariana fez de tudo para vê-los, mas segundo ela “deu tudo errado”. “Eu era muito nova, morava em Curitiba e ninguém quis me levar. Fiz greve de fome, fiquei trancada no quarto, não fui para a escola. Mas nada deu certo”, conta ela, que dizia ter a sensação que o mundo tinha acabado. Em 2020, ela pensou que seria a sua chance, chegou a comprar o ingresso, mas depois vendeu por problemas financeiros. Para as datas remarcadas, foram muitas idas e vidas, e quase alguns golpes com venda de ingressos. Mas agora ela comemora que deu tudo certo. “Agora é só ir. Quero chegar cedo e garantir o lugarzinho. Só de pensar eu choro, porque eles marcaram gerações”, confessa.

Ser fã pode até ter os momentos glamurosos – shows, ver o ídolo de perto. Mas é quando eles fazem parte dos pequenos momentos da vida que vemos a importância desse relacionamento. E você, conta pra gente, está animado para o show? O Curitiba Cult mal pode esperar!

SERVIÇO – BACKSTREET BOYS EM CURITIBA

Quando: 25 de janeiro de 2023 (quarta-feira)

Onde: Pedreira Paulo Leminski (Rua João Gava, 920)

Horário: 20h30

Quanto: os ingressos variam de R$ 195 a R$ 830, de acordo com o setor e modalidade escolhidos

Vendas: Eventim

Por Angela Antunes
20/01/2023 13h31

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