Como toda boa jornalista metódica, eu tenho um bloquinho de notas. Neste meu bloquinho, anoto de tudo um pouco e tenho uma seção dedicada só a ideias de pautas aqui para a IdentidArte.
Pensei em me debruçar sobre um tema mais sério novamente. Desde que a pandemia começou parece que vemos temas sérios em todo o lugar. São peças de teatro que falam sobre medo e angústia, espetáculos de dança que falam sobre isolamento. Livros sobre prisões, literais e figurativas e músicas que apontam os dilemas sociais que vivemos.
No meio de tudo isso, percebi que queria um tema leve para a coluna dessa semana. E encontrei. Um tema tão leve que até voa pendurado em bicicleta.
Encontrei uma chamada para o Fritz Show, da Cia. dos Palhaços, enquanto procrastinava, digo, passeava pelo Instagram. Uma amiga minha, que tem o emprego dos sonhos da minha infância – bailarina circense – compartilhou o projeto.
A última vez que fui a um espetáculo de circo foi em 2019. Todo mundo aglomerado no teatro, sentado no chão, compartilhando comida e bebida. O auge pré-pandemia, a definição – que devia constar no dicionário – para a expressão “a gente era feliz e não sabia”.
Espetáculos de circo sempre me surpreendem. É aquela coisa feita para se ver ao vivo. Como espectador, você fica sem acreditar nos números de mágica que acontecem bem ali embaixo do seu nariz. Você ri às gargalhadas junto com crianças e adultos de todas as idades dos números e personalidades de cada palhaço.
É uma experiência a ser compartilhada em grupo. Para quem está no palco também é assim. Os palhaços mais engraçados que já conheci são aqueles que, coincidentemente ou não, eram os que melhor sentiam o clima da plateia. Eles sabiam exatamente onde cutucar, de onde extrair o humor, a risada.
Quando encontrei o Fritz Show no Instagram, minha criança interior que ainda quer ser bailarina no circo, sorriu e me disse, toda cheia de si “chega de tema sério por hoje! Vamos dar risada um pouco”. Foi assim que, numa quinta-feira à noite, me sentei para assistir ao Fritz Show.
A série de seis espetáculos foi ao ar em forma de live, no canal do YouTube da Cia. dos Palhaços, mas ainda está disponível para os atrasados de plantão como eu. Os três palhaços-apresentadores explicam logo nos primeiros minutos:
“O Fritz Show é um programa de auditório“, diz o palhaço Sarrafo.
“É um programa com números e mais números, sobre números e mais alguns números“, explica o palhaço Wilson.
“A gente pensou: estamos todos ‘fritz’ mesmo, então vamos fazer um Fritz Show“, concluiu a palhaça Tinoca.
Pedindo licença às eloquentes explicações de nossos anfitriões, tomo a liberdade de explicar o programa em minhas próprias palavras: é um conjunto de atos circenses. Uma oportunidade para colocar na vitrine o trabalho da Cia. dos Palhaços e seus parceiros artistas.
Em cada um dos seis episódios temos convidados especiais diferentes. Números de malabares, de equilíbrio, de mágica e até de trapézio em bicicleta voadora! Os três apresentadores também fazem um jogo de improviso e um quadro cômico por programa. Cada espetáculo tem a duração média de 30 minutos.
Levante a mão se isso já aconteceu com você:
Você foi ao circo. Uma hora parece você está só lá, existindo bem feliz. Rindo dos palhaços, impressionado com um número de mágica. E de repente… um pensamento desavisado vem e te dá um bote.
Normalmente é um pensamento mais profundo que parece incoerente com as risadas do circo. Como foi que essa reflexão política ou social veio parar aqui na minha cabeça? Com certeza não foi o palhaço que a colocou lá.
Pois é, provavelmente foi o palhaço, sim.
Enquanto no circo tradicional essas reflexões chegam de fininho, na apresentação online ela vêm mais escancaradas. Afinal, é difícil você ignorar a mediação do computador.
Esse momento de reflexão apareceu diversas vezes durante o Fritz Show, os palhaços o tempo todo nos lembrando da realidade que vivemos.
O quadro de improviso, que em vez de utilizar palavras gritadas pela plateia no auditório, teve que se virar com palavras gritadas pela plateia via chat no YouTube.
Os diversos momentos em que “siga a gente nas redes sociais” era mencionado. Muito mais do que já ouvi em qualquer show presencial.
O quadro cômico com o diretor financeiro da companhia sendo confrontado sobre a previsão do pagamento do cachê dos artistas. O executivo, de máscara, terno, gravata e sapatos de palhaço, se enrola todo, fala muito e sai sem dizer nada com coisa nenhuma.
O momento de reflexão mais direta: o quadro “Eu Aplauso Você”. Os palhaços se sentam na boca de cena, olham para a câmera principal e aplaudem. Aplaudem os professores, os profissionais da limpeza, os artistas e cientistas.
E a gente aplaude em casa. Aplaude com vontade, pensando nas pessoas que a gente conhece e nas dificuldades e perdas que passaram ao longo da pandemia. Pensando com empatia nas pessoas que a gente não conhece, mas que também não julgamos mais – ou julgamos menos.
Porque o palhaço faz rir, mas também faz pensar.
No circo a gente pensa com a cabeça e com o coração. A gente se deixa levar pelo humor e até pela inocência de vez em quando. E todos nós estamos precisando um pouco deste mundo mágico agora.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.