“Um curioso, antes de tudo”: fotógrafo dá dicas para apreciar essa arte no Dia Mundial da Fotografia (19/08)

Foto de Nilo Biazzeto Neto
Foto: Nilo Biazzeto Netto

Com quase 200 anos de tradição, a fotografia é uma arte consagrada pelo mundo. Desde o uso pessoal até publicitário e artístico, as fotos fazem parte do nosso dia a dia e, por vezes, passam despercebidas. Para comemorar o Dia Mundial da Fotografia, nesse 19 de agosto, o fotógrafo, idealizador e diretor da Casa Portfolio, Nilo Biazzeto Neto, dá algumas dicas para aprimorar o olhar atento às imagens, valorizando o lado criativo dessa arte.

Museu

Curitiba é uma cidade com algumas opções de espaços culturais dedicados à fotografia e as artes em geral. A capital paranaense abriga o primeiro museu nacional especializado, o Museu da Fotografia, com um acervo com mais de mil cliques. Outros endereços como cafés e bares também costumam abrigar exposições. “Frequentar exposições é muito importante”, comenta Biazzeto Neto. A Casa Portfolio, que ele fundou em 1998 com a esposa Simone, traz duas galerias: uma interna e o Muro Galeria, o muro do espaço que recebe diferentes imagens. “O Muro Galeria está completando 10 anos, desde que começamos a fazer exposições no muro da Portfolio. É uma galeria democrática, sempre gostei dessa ideia de compartilhar a fotografia”, afirma.

Portfolio

Casa Portfolio. Foto: Brunow Camman/Curitiba Cult.

Casa Portfolio. Foto: Brunow Camman/Curitiba Cult.

Nilo Biazzeto Neto completa 30 anos dedicados à fotografia e, no ano que vem, a Portfolio comemora 25 anos no mesmo local, no bairro Centro Cívico. Ele fazia trabalhos em diferentes áreas, de books e fotos de crianças até o mercado publicitário e retratos. “Tinha facilidade para ensinar”, comenta, “comecei dando uma aula particular em laboratório, um cursinho básico e comecei a fechar algumas turmas”.

Hoje, o endereço é referência na cidade. “Não tinha muitas opões dentro da fotografia naquele momento. A gente criou um curso de um ano, uma formação mais completa, e por muitos anos foi o que levou a casa em frente. Hoje, a gente tem café, restaurante, bar, galeria, livraria, galeria de rua, eventos culturais e outros movimentos, então passamos, de 2019 para cá, a chamar de Casa para se posicionar como centro cultural e gastronômico”, explica.

Assim, além das aulas — com a turma de formação básica acontecendo às quartas-feiras, além de outros cursos complementares — o espaço traz outras referências para quem visita. “Cursos são importantes, quando a pessoa quer se aprofundar mais, assim como visitar exposições e livrarias. Hoje tem uma produção de fotolivros infinita. Nos Estados Unidos, na França, na China, tem uma produção gigantesca de livros de fotografia, e tem crescido no Brasil. O livro de fotografia é uma escola, é uma aula, podendo ficar horas caminhando por narrativas das mais diversas possíveis no mundo da fotografia”, opina.

Foto Nilo Biazzeto Neto

Foto: Nilo Biazzeto Neto.

Olhares

Outro detalhe importante para quem deseja apreciar a fotografia é a curiosidade. Frequentar espaços culturais com o olhar atento faz a diferença. “O fotógrafo é um curioso antes de tudo. Uma busca pelo aprendizado, pelo estudo, por pesquisar, por entender o universo fotográfico, isso é o primeiro de tudo. E estar aberto às relações interpessoais, a conhecer pessoas. Também conheço fotógrafos introspectivos, trabalhando a vida inteira em estúdio. Mas acho que o fotógrafo que vai atrás de contar uma história precisa ter isso aflorado”, Biazzeto Neto discorre. As fotografias, muitas vezes, contam uma narrativa por meio da imagem, e o artista busca a forma ideal de trazer esse registro: “Esse fotógrafo que está na estrada, que está buscando, que é muito do meu caso, precisa ter essa disponibilidade de se abrir, de conversar, de se colocar do lado de lá, pra tentar buscar a melhor história”.

Na Casa Portfólio, além das fotos em todos os ambientes, dos ímãs de geladeira à galeria, do restaurante à loja, há muitos livros abertos para apreciação, que os mais diferentes público apreciam. “Tem quem é estudante e vai buscar um livro porque está estudando, tem quem já fotografa e está buscando referência, ou porque gosta muito daquele trabalho. Tem quem vai almoçar na Portfolio, tomar uma cerveja ou café, sobe na livraria, descobre o universo fotográfico e começa a apreciar. Você pode pesquisar pela internet, mas nada melhor do que entrar na livraria, e passar algumas horas entendendo, pesquisando. Ela vai ter um universo gigantesco para escolher o que mais interessa”, diz.

Foto Nilo Biazzeto Neto.

Foto: Nilo Biazzeto Neto.

Celulares

Com os celulares em mãos, é cada vez mais fácil tirar fotografias. Mas o acesso ao aparelho é só uma parte do desenvolvimento para um olhar artístico do registro. Ainda que alguns fotógrafos não vejam com bons olhos a fotografia de celular, Biazzeto Neto pensa diferente: “O celular também democratizou o interesse, a possibilidade de mostrar ou desenvolver seu olhar. Tem muita coisa ruim, mas tem muita coisa boa aparecendo, porque facilitou a vida das pessoas”. Inclusive, ele tem diferentes projetos em torno do celular, já publicou dois livros com fotografias feitas com celular e dá oficinas na Portoflio, estimulando o entendimento de percepção de luz e do olhar fotográfico, por exemplo.

O uso das câmeras de celular pode até ajudar a transformar comunidades, como nas oficinas que ele ministra no litoral paranaense. Biazzeto Neto conta: “Desde o início trabalho a fotografia como transformação social, levando o ensino da fotografia para comunidades. Levei projetos para a Baía de Paranaguá levando ensino da fotografia de celular para auxiliar no turismo de base comunitária. Para as pessoas fotografarem os artesanatos que vendem, os quartos que alugam, os pratos que fazem para receber turistas. Hoje consigo, com meu celular e uns livros na mão, dar um workshop e passar alguma coisa para essas pessoas conseguirem desenvolver um trabalho”.

Por Brunow Camman
19/08/2024 17h53

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