Sul da Bahia, dezembro de 2022, últimos dias do ano. Exaustos de meses de trabalho intenso, eu e meu namorado procuramos um destino paradisíaco para, isolados de tudo e de todos, finalmente podermos descansar.
Tudo parecia perfeito. Búfalas de olhar doce, artesanato indígena dentro de uma oca e cerâmica japonesa dentro do ateliê de um artista alemão. Mar verde, areia branca, pulseira de pedra vulcânica direto da vendedora ambulante. Sombra e água fresca, não, melhor: sol e caipirinha de kiwi. Peixe suculento, camarão bojudo e sorvete geladinho. Mãos dadas na rua, beijão de boa noite, conchinha pela manhã. Tudo parecia perfeito.
Até a hora da virada.
Antes de qualquer coisa, um esclarecimento: com aventuras que vão desde fogos atirados em direção a meu rosto até à ingestão acidental e inadvertida de toneladas de brownie batizado, meu histórico com viradas não é nada bom. A culpa do que narro a seguir, portanto, é menos da Bahia – ou do pastel que comi na praia, ou do sushi em litoral remoto, ou do creme de leite que ia no linguini – do que minha, que, desde a epigênese da infância, sofro a influência má dos signos do zodíaco etc.
Tínhamos almoçado tarde, por volta das 16:30, tomado banho de piscina na pousada e tirado fotos truqueiras em busca do bom e velho biscoito. Ou seja: só mais um dia normal na vida de um casal gay. Por volta de 19h, já estávamos de volta ao quarto. Como a festa na barraca de praia só começaria às 22:30, decidimos tirar aquele cochilinho esperto, na esperança de restaurar forças e chegar inteiros à meia-noite (depois dos 30, não dá mais para contar com a sorte). Deitamos e logo adormecemos.
Acordei pouco depois com um ronco que não era o do meu namorado – minha barriga pretendia me fazer um alerta. Respirei fundo e resolvi ignorar. Tentei voltar a dormir, mas uma primeira contração me despertou de vez. Uma segunda me levou a sentar na cama. Uma terceira, a correr para o banheiro, onde incontinenti entendi o que o filósofo quis dizer com tudo o que é sólido se desmancha no ar.
Voltei para a cama aliviado, crente de que se tratava de um episódio isolado. Ledo engano: até a hora de sair, eu já teria me liquefeito umas cinco vezes. Pensei em avisar a meu namorado que ficaria na pousada, mas previa que isso estragaria a noite do rapaz. Mesmo zonzo, fraco, xoxo, capenga e manco, escolhi ser forte. Bebi bastante água para me reidratar, dei uns tapas nas bochechas para recuperar a cor e, contraindo músculos que eu sequer sabia ser capaz de contrair, parti para terminar 2022 em grande estilo.
Consegui atravessar a vila incólume, mas logo ficou difícil acalmar os ânimos de minhas entranhas revoltas. Comecei a me arrepender de ter saído quando, na entrada na barraca, avistei uma fila. Morrerei sem saber se as mãos dormentes, a visão turva e as pernas bambas foram sintomas de desidratação ou de ataque de pânico, mas o fato é que precisei me sentar ali mesmo, na cadeira da moça da recepção. Estava prestes a explodir – em grito ou coisa pior – quando meu namorado me chamou para entrar.
Tomamos assento na mesa exclusiva e intransferível, especialmente reservada para nós. Toalha vermelha, espumante em balde de gelo e, no cartão branco escrito a tinta dourada, nossos nomes: “Pedro e Paulo”. Não deixava de ser, hoje reconheço, um recado bíblico. Mal tinham se passado cinco minutos e senti como se alguém, talvez o próprio Deus do Antigo Testamento, tivesse ligado um mixer dentro do meu estômago. Ou, para continuar com a referência acima: subiu-me à boca uma ânsia análoga à ânsia que se escapa da boca de um cardíaco etc. Ou ainda, em melhor português: botei os bofes todos para fora. Três vezes seguidas. A meio palmo dos pés do meu namorado. Bem embaixo da mesa exclusiva e intransferível, especialmente reservada para nós, onde, portanto, seríamos obrigados a passar o restante da noite.
Meu namorado foi rápido em enterrar os espólios da minha humilhação pública. Isotônico seria demais, mas, como a festa era pé-na-areia, seria fácil ter acesso a uma água de coco, certo? Errado. Tinha cerveja, caipirinha, espumante e até gim-tônica, mas água de coco, que é bom, nada. No Brasil. Numa praia. Rodeada de coqueiros. Meus eletrólitos que lutassem.
Fiquei estatelado o resto da noite, salvo pelas muitas outras vezes em que tive que ir ao banheiro. Na hora da virada, mal e mal consegui abraçar meu namorado, tanto menos acompanhá-lo até o mar para pular as sete ondas, única superstição a que me apego. O show de fogos foi (como) um tiroteio distante, e a ceia, uma rodela de laranja, que eu chupei com a cautela de quem não estava segurando nem água no estômago.
Fomos embora pouco depois da meia-noite, mas só chegamos de fato ao hotel em torno de 2h30 da manhã. No percurso, ficamos presos numa multidão de gente, motos e carros. Centenas. Subindo e descendo. Ao mesmo tempo. Pela única via de acesso ou saída da praia. Uma verdadeira cena de filme pós-apocalíptico, com direito a gente gritando, crianças passando mal, homens desmaiando e mulheres pulando o muro do condomínio vizinho, na tentativa de não morrerem esmagadas.
No outro dia, meu namorado cuidaria de mim. Compraria soro, repositor de flora, antiemético e água de coco (que ele só achou industrializada). Eu ficaria bem. Aquela noite, entretanto, eu terminei grato e desperto (nada mais adequado a um réveillon). Enquanto Paulo girava a chave na porta do quarto, eu percebi que considerava aquele pequeno gesto um milagre. Estava maravilhado por ter conseguido retornar – nem tão são, mas, afinal, salvo. Viver, todo mundo o sabe, é muito perigoso. E, por isso mesmo, é dádiva rara, a ser preservada com delicadeza. 2023 será um ano magnífico.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Kasa Branza, dirigido e roteirizado por Luciano Vidigal, conta a história de Dé (Big Jaum), Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco), três adolescentes negros que vivem na periferia da Chatuba, em Mesquista, no Rio de Janeiro. O filme apresenta a relação de cuidado e amor entre Dé e sua avó Dona Almerinda. Sem nenhuma estrutura familiar, o rapaz é o único encarregado de cuidar da idosa, que vive com Alzheimer, e da subsistência dos dois. Vivendo sob o peso dos aluguéis atrasados e do preço dos medicamentos da avó, um dia, Dé recebe a triste notícia de que Dona Almerinda está em fase terminal da doença. O jovem, então, decide aproveitar os últimos dias da vida dela junto com os seus outros dois melhores amigos.
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Em Paddington – Uma Aventura na Floresta, o adorável urso Paddington retorna ao Peru para visitar sua querida Tia Lucy, acompanhado pela família Brown. A viagem, que promete ser uma reunião afetuosa, logo se transforma em uma jornada cheia de surpresas e mistérios a serem resolvidos. Enquanto explora a floresta amazônica, Paddington e seus amigos encontram uma variedade de desafios inesperados e se deparam com a deslumbrante biodiversidade do local. Além de garantir muita diversão para o público, o filme aborda temas de amizade e coragem, proporcionando uma experiência emocionante para toda a família. Bruno Gagliasso, mais uma vez, empresta sua voz ao personagem na versão brasileira, adicionando um toque especial ao carismático urso. Com estreia marcada para 16 de janeiro, o longa promete encantar as crianças nas férias e já conquistou o público com um trailer inédito que antecipa as aventuras que aguardam Paddington e a família Brown no coração da Amazônia.
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Uma missão importante é comprometida por um passageiro indesejado num avião a mais de 3000 mil metros de altura. Em Ameaça no Ar, um piloto (Mark Wahlberg) é responsável por transportar uma profissional da Força Aérea que acompanha um depoente até seu julgamento. Ele é uma testemunha chave num caso contra uma família de mafiosos. À medida que atravessam o Alasca, a viagem se torna um pesadelo e a tensão aumenta quando nem todos a bordo são quem dizem ser. Com os planos comprometidos e as coisas fora do controle, o avião fica no ar sem coordenadas, testando os limites dos três passageiros. Será que eles conseguirão sair vivos dessa armadilha?
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Em Anora, longa dirigido e escrito por Sean Baker, acompanhamos a jovem Anora (Mikey Madison), uma trabalhadora do sexo da região do Brooklyn, nos Estados Unidos. Em uma noite aparentemente normal de mais um dia de trabalho, a garota descobre que pode ter tirado a sorte grande, uma oportunidade de mudar seu destino: ela acredita ter encontrado o seu verdadeiro amor após se casar impulsivamente com o filho de um oligarca, o herdeiro russo Ivan (Mark Eidelshtein). Não demora muito para que a notícia se espalhe pela Rússia e logo o seu conto de fadas é ameaçado quando os pais de Ivan entram em cena, desaprovando totalmente o casamento. A história que ambos construíram é ameaçada e os dois decidem em comum acordo por findar o casamento. Mas será que para sempre?
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
O papa está morto e agora é preciso reunir o colégio de cardeais para decidir quem será o novo pontífice. Em Conclave, acompanhamos um dos eventos mais secretos do mundo: a escolha de um novo Papa. Lawrence (Ralph Fiennes), conhecido também como Cardeal Lomeli, é o encarregado de executar essa reunião confidencial após a morte inesperada do amado e atual pontífice. Sem entender o motivo, Lawrence foi escolhido a dedo para conduzir o conclave como última ordem do papa antes de morrer. Assim sendo, os líderes mais poderosos da Igreja Católica vindos do mundo todo se reúnem nos corredores do Vaticano para participar da seleção e deliberar suas opções, cada um com seus próprios interesses. Lawrence, então, acaba no centro de uma conspiração e descobre um segredo do falecido pontífice que pode abalar os próprios alicerces da Igreja. Em jogo, estão não só a fé, mas os próprios alicerces da instituição diante de uma série de reviravoltas que tomam conta dessa assembleia sigilosa.
Data de lançamento: 23 de janeiro.
Data de Lançamento: 23 de janeiro
Em 12.12: O Dia, o assassinato da maior autoridade da Coreia do Sul causa um caos político sem precedentes. O ano é 1979 e, após a morte do presidente Park, a lei marcial é decretada, dando abertura para um golpe de estado liderado pelo Comandante de Segurança da Defesa, Chun Doo-gwang (Hwang Jung-min), e seus oficiais. Ao mesmo tempo, o Comandante da Defesa da Capital, Lee Tae-shin (Jung Woo-sung), acredita que os militares não devem tomar decisões políticas e, por isso, tenta impedir com os planos golpistas. Em um país em crise, diferentes forças com interesses diversos entram em conflito nesse filme baseado no evento real que acometeu a Coreia do Sul no final da década de 70.
Data de lançamento: 23 de janeiro