O rosto começou a endurecer, e qualquer levantadinha na sobrancelha eu sentia o queixo repuxando. Foi sábado de manhã, minha primeira experiência com máscara de argila. Sempre fui um pouco básica com os cuidados da tal cútis, me limitando ao protetor solar diário logo após o banho (se não for inserido na planilha do hábito, com rotina e ritual pré-estabelecidos, eu esqueço), e vez ou outra um creminho antes de dormir (aqui o vez ou outra pela inexistência do tal hábito citado, que seria impossível pelas variáveis de horários e condições que vou me deitar).
Depois de acabar a barulheira do liquidificador, voltei a agulha da vitrola pro começo do disco, e me joguei no sofazinho da varanda, degustando o sábado de manhã nos goles de um suco de laranja com gengibre. Entre a segunda e terceira faixa da Céu, ela troca para o LP do Elton John, e senta do meu lado com um pote de vidro de tampa de metal meio dourada e uma meleca cinza escuro dentro. Espalhando a meleca na cara, olhando em um espelho em forma de dente (que até hoje não sei explicar a origem), me pergunta: Quer? Olhando meu reflexo emoldurado pelo dente molar (ou pré molar – mas certamente não canino), noto que os anos passaram e já estão se expressando na minha pele. Por que não?
Com dois dedos, ela segurando meu reflexo, espalho a meleca no rosto. Do meio da testa até a ponta do nariz. Queixo. Bochecha. Laterais. Rosto todo preenchido. Em alguns segundos já vejo uma parte da argila começar a secar antes da outra, e a máscara ir atingindo tons azul acinzentado diferentes. Os rostos, meu e dela, aos poucos vão ficando de tonalidade uniforme, transitando para uma máscara de avatar meio manchada até em uma cor de asfalto de cidade no litoral. Uma sessão de fotos dos diferentes tempos de secagem da argila foi feita – e revelada.
Aos poucos, o endurecimento. Abrindo a boca lentamente, sinto a bochecha. Uma tentativa de leve sorriso, puxa lá na altura dos olhos. Sensação louca de ter que ficar, não só calada, mas intacta, sem mexer uma ruguinha que seja. Caso o contrário, o resultado é exatamente o que vejo do meu lado: farelo.
Ela abre e mexe a boca, contando alguma história qualquer do grupo de pesquisa, e no refrão de Rocket Man, canta com todas as expressões que a música causa. Vai até a outra ponta da varanda, acende um cigarro, e entre um trago e outro esfrega levemente os dedos na bochecha, fazendo cair alguns farelinhos no chão. Continua fazendo caretas naturais da expressão, como se não tivesse com um cimento endurecendo a cara. Eu, mexendo só os globos oculares e tomando cuidado para não respirar muito forte e fazer um jato de ar sair pelo nariz com mais força do que deveria interferindo na perfeição da máscara, deixando-a tão intacta que tive medo de tirar e sair meu rosto junto. Ela, só farelo.
Por isso que você não tem paciência pra fazer essas coisas. Não precisa ficar tonga aí, falando de boca fechada. Pode viver normal, só relaxar e aproveitar o rolê. Com o rosto como pedra, estouro a máscara com uma puta abertura da boca e franzimento da testa, como em um berro silencioso. Nada que uma passada de aspirador não resolva.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.