Santa Ceia? Entenda verdadeira referência na Abertura das Olimpíadas

Abertura das Olimpíadas - Dionísio. Foto: Olimpíadas Paris 2024.
Foto: Olimpíadas Paris 2024

O fim de semana foi tomado por polêmica com a cerimônia de Abertura das Olimpíadas 2024 em Paris (França). O evento aconteceu na sexta-feira (26/07), trazendo horas de espetáculo com a apresentação de todas as delegações participantes e dezenas de artistas, incluindo Celine Dion. Mas uma cena acabou viralizando nas redes sociais e gerando discussões. Uma mesa com diversas drag queens que, para alguns, era uma paródia cristã da Santa Ceia.

"A Última Ceia", de Leonardo Da Vinci. Foto: Reprodução.

“A Última Ceia”, de Leonardo Da Vinci. Foto: Reprodução.

Muitos apontaram a semelhança com “A Última Ceia”, um dos mais famosos quadros do mundo, pintado por Leonardo Da Vinci e finalizado em 1498. A representação de Jesus Cristo e dos Apóstolos sentados todos de um mesmo lado da mesa é usada – e parodiada – até hoje. Representantes da extrema direita francesa e de grupos católicos como a Conferência dos Bispos Franceses se manifestaram contra a representação. A Igreja Católica na França emitiu comunicado chamando o ato de “zombaria com o Cristianismo”.

Referências

Só que a cena não tem relação alguma com a famosa pintura. Ao menos, não com “A Última Ceia”. Em entrevista para o canal BFMTV no dia seguinte, o diretor artístico do espetáculo Thomas Jolly respondeu as críticas dizendo que acha “que ficou bem claro” não haver essa leitura. “Tem Dionísio, que chega nessa mesa”, ele se refere ao artista Philippe Katerine, que aparece pintado de azul em uma enorme bandeja. “Ele está lá, porque é deus da festa (…), do vinho. (…) A ideia era antes ter um grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo. Olimpo… Olimpíadas”.

No X (antigo Twitter) dos Jogos Olímpicos, a cena foi postada e explicada com a legenda: “A interpretação do deus grego Dionísio nos alerta do absurdo da violência entre seres humanos”. Thomas Jolly disse que escolheu esse tema para celebrar a inclusão e a diversidade.

"A Festa dos Deuses", de Jan Hermansz van Bijlert. Foto: Stéphane Marechalle/Museé Magnin.

“A Festa dos Deuses”, de Jan Hermansz van Bijlert. Foto: Stéphane Marechalle/Museé Magnin.

Na internet, muitos resgataram o quadro “A Festa dos Deuses“, de Jan Hermansz van Bijlert, pintado em 1635-1640. Jolly não revelou se esse quadro em específico foi usado como referência, apesar de haver diversas semelhanças na cena e na temática tanto da pintura quanto da encenação da cerimônia. Também há uma ceia, mas com deuses pagãos, frutas e vinho, o deus Apolo é coroado (ele simboliza o Sol, referenciado nos raios de sua coroa). O quadro original, inclusive está exposto na França: no Museu Magnin.

 

Por Brunow Camman
28/07/2024 22h36

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