ROMAN0V, artista queer ponta-grossense, traz crítica à religião e LGBTQfobia em novo clipe “CEO”

Depois de sofrer ataques homofóbicos durante o lançamento de seu ultimo projeto, “Dano”, o artista ponta-grossense ROMAN0V, decidiu transformar o ódio em arte. “CEO” é o segundo trabalho audiovisual da carreira do artista e que carrega por trás de cada take, estrofe e beat, uma reflexão para a sociedade, evidenciando a violência urbana que os integrantes da comunidade LGBTQIA+ sofrem. 

Depois de cinco meses de produção, no último dia 15 de julho, “CEO” foi ao ar. A letra traz uma mensagem de empoderamento a essa minoria oprimida onde o artista relembra a comunidade LGBTQIA+ que ela também é capaz de “ditar as regras do jogo”. O clipe, com referências à cultura pop, teve seu roteiro escrito e adaptado a partir de um conto do artista, onde o oprimido toma o papel do opressor. 

O clipe faz alusão aos antigos cartéis, mas em CEO, um clã de LGBTQs assume a liderança, ao contrário do que acontece no mundo real. O objetivo da produção é representar uma inversão de papéis, onde as minorias estivessem causando o mesmo dano que a sociedade causa nelas, criticando esse comportamento.

Para dar vida aos personagens do clipe, ROMAN0V, durante a produção, mergulhou em uma pesquisa a respeito de estilo e identidade, para também através do figurino, cada peça de CEO pudesse contar uma história.

A potência que o discurso de ódio ganha através dos evangélicos é outra crítica trazida no clipe.  A recriação da Santa Ceia em CEO faz referência a obra “A Última Ceia”, de Leonardo DaVinci, artista que segundo especialistas era LGTBQIA+. A reinvidicação de ROMAN0V  com a produção é de que enquanto a comunidade evangélica usa a Bíblia como  arma contra às minorias, aos domingos estão tomando a ceia, esquecendo da principal mensagem de Jesus: o amor.

ROMAN0V conta que “enquanto artista LGBT meu discurso não vai ser de amor, vai ser de divisão. A gente vai exigir respeito, tirando esse tipo de políticos e lideranças preconceituosas do poder. Vamos exigir esse tipo de mudança. Não com violência mas com leis, com nossos direitos sendo assegurados pela justiça“.

Por Deyse Carvalho
05/08/2021 18h55