Um ser humano que seja capaz de expressar de modo eloquente todo o seu imaginário e seu subconsciente; dando forma às suas angústias sexuais, suas alegrias mais serenas, seus devaneios amorosos, seus traumas afetivos e suas desilusões pessoais, bem como seu mal-estar ante a inevitabilidade da morte e a casualidade da vida, estará inequivocamente traduzindo a experiência de seus pares e de seus contemporâneos. Poderia haver outro propósito na arte?
Ingmar Bergman, cineasta sueco, teria completado 100 anos em 2018. Certamente, um dos mais celebrados diretores de cinema de todos os tempos.
Sua carreira – prolífica no teatro, no cinema e na televisão – parece ter sido uma de suas escassas forças terapêuticas. Ali, entre o desamparo metafísico dos personagens de Luz de Inverno ou a desesperada tentativa de racionalização da morte em O Sétimo Selo, Bergman expurga seus próprios demônios.
Em seu exercício de imersão psicológica autobiográfica – mais aparente em filmes como Morangos Silvestres ou Fanny e Alexander –, ele resgata das profundezas de sua alma o que há de mais humano em cada um de nós. Eis a força catártica de sua obra.
O mal-estar de Bergman não é individualista; ele é generoso. Ele é o mal-estar civilizatório, que se faz latente em todo ser que respira, caminha e pensa. Ao falar de si, Bergman expressa o sentimento da coletividade frente o mundo, bem como a solidão, reificação e alienação individual.
Cineasta do pós-guerra, de uma sociedade desacreditada no progresso humano e horrorizada com a ambivalência bárbara do processo civilizatório, Bergman se recusa a buscar respostas fáceis ou soluções simplistas em um pessimismo cataclísmico e apocalíptico. Diferentemente de um outro célebre realizador escandinavo, Bergman dialoga e se encaixa numa tradição artística, cultural e filosófica humanista – o que requer sensibilidade.
Isso significa dizer que, em seus filmes, o drama e as aflições humanas não se encerram em si; mas são produtos de uma sociedade doente que pode ser superada pelo esforço individual e coletivo, a caminho da construção de um mundo melhor.
Seja praticando uma inspeção minuciosa acerca do grave e oneroso fardo dos compromissos e obrigações familiares em Gritos e Sussuros, ou sofrendo os tormentos do processo de anulação de identidade em Persona, Bergman insiste em deixar caminhos abertos para que seus personagens sejam capazes de trilhar uma saída para o sofrimento; seja na contemplação de tudo o que há de belo e harmônico, seja na insistência coletiva de seguir-se em frente, apoiando-nos uns nos outros.
Merecidamente, o diretor falecido em 2007, ganha uma retrospectiva no Cine Passeio, com a exibição de cinco de seus mais famosos longas. A mostra também exibirá um documentário acerca da vida do cineasta – Bergman 100 anos, dirigido por Jane Magnusson – que curiosamente nos oferece uma pérola; a confissão do diretor sobre qual seria a cena pela qual ele teria maior apreço em toda sua filmografia. A revelação diz muito; o close-up final no rosto do Dr. Isak Borg (Victor Sjöström) enquanto ele contempla as reminiscências agridoces de sua vida, com um olhar sereno e resignado.
02 de maio, às 18h – Bergman 100 Anos. Suécia, 2018. Dir.: Jane Magnusson
03 de maio, às 18h – O Sétimo Selo. Suécia, 1957. Dir.: Ingmar Bergman
04 de maio, às 14h – Palestra: Bergman, o Mestre das Obras Primas – com Ernani Buchman
04 de maio, às 16h – A Ilha de Bergman. Suécia, 2004. Dir.: Marie Nyreröd
04 de maio, às 18h – Morangos Silvestres. Suécia, 1957. Dir.: Ingmar Bergman
05 de maio, às 18h – Persona. Suécia, 1966. Dir.: Ingmar Bergman
07 de maio, às 18h – Gritos e Sussurros. Suécia, 1972. Dir.: Ingmar Bergman
08 de maio, às 18h – Sonata de Outono. Suécia, 1978. Dir.: Ingmar Bergman
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.