As estações do ano podem até ser ao contrário do hemisfério Norte, mas nessa sexta-feira, excepcionalmente, vamos dar as boas-vindas ao outono, pegar o nosso cachecol quentinho, tomar um café com caramelo e passar a sexta-feira inteira ouvindo ao novo (velho) álbum da Taylor Swift – Red (Taylor’s Version). Esse é o segundo trabalho regravado da cantora, que lançou Fearless (Taylor’s Version) em abril deste ano. Mais uma vez, Taylor não desaponta. O trabalho que já era impecável ganha ainda mais requinte, e é complementado por faixas do chamado “From The Vault” (“do cofre”, em tradução literal), com músicas que fariam parte do álbum, mas ficaram de fora do lançamento original. Entre elas, a mais esperada dos fãs – “All Too Well (10 minute version)”.
São 30 faixas no total, e um verdadeiro deleite aos fãs – mas que ainda pode conquistar novos ouvintes para a cantora. Eu sou fã de carteirinha, e a era Red é uma das minhas favoritas. Lançado originalmente em 2012, o álbum marcou os primeiros passos da cantora com canções mais pop, deixando em segundo plano em diversos títulos a raiz country que a fez estourar na música. Sucesso de vendas, o trabalho passou sete semanas em primeiro lugar na Billboard. No entanto, dividiu os críticos na época, que questionaram a transição musical da cantora. Foi isso que a levou a mudar “oficialmente” de gênero musical com seu álbum seguinte – 1989, o primeiro trabalho totalmente pop de Swift.
Para quem está totalmente por fora e não viveu o drama da cantora com sua música – e o principal motivo que a levou a essas regravações –, vamos a um breve resumo. Depois de tentar comprar por anos os direitos das gravações originais dos seus seis primeiros álbuns, os masters foram vendidos para a Ithaca Holdings, que tem Scooter Braun como um dos executivos. Na época, Taylor publicou detalhes do processo, contou sobre o bullying que sofreu nas mãos de Scooter ao longo dos anos, e admitiu que fez de tudo para adquirir as gravações, sem sucesso. Ela decidiu regravar todas as canções, e agora está aos poucos lançando o resultado desse trabalho.
Com isso, Swift tem tido a chance de reviver cada era de sua carreira, e ainda com muito mais liberdade na hora de escolher o catálogo e qualquer outra decisão a respeito dos lançamentos. Em Red (Taylor’s Version), as canções do álbum original têm por objetivo serem regravações idênticas, mas com uma voz mais madura e produção sutilmente mais elaborada, soam revigoradas. Algumas em especial ganham uma vida ainda mais especial em relação às originais como “Treacherous”, que liga diretamente com “I Knew You Were Trouble”. “We Are Never Ever Getting Back Together” continua tão genuína e alegre como antes, e “Starlight” ganha instrumental mais evidente.
Mas o que realmente se destaca – a cereja do bolo de todo o trabalho – são as canções “From The Vault”. Em entrevista nesta semana ao programa americano The Tonight Show with Jimmy Fallon, Taylor explicou que desenterrou essas músicas que não entraram no álbum, pois ela pensou que entrariam no próximo. Mas, no fim, o álbum seguinte se tornou algo completamente diferente. “Essa foi uma oportunidade para eu voltar atrás e regravar toda a música que estava no álbum original, e o que eu estou mais animada é para as músicas que ninguém ouviu ainda”, conta ela.
Tivemos a chance de ouvir na voz de Taylor canções como “Better Man”, que foi gravada por Little Big Town, e Babe, gravada pelo Sugarland. “Message in a Bottle”, segundo Taylor a primeira música que ela escreveu ao lado do rei da música pop Max Martin e Shellback, poderia facilmente fazer parte de 1989. “Run”, mais uma colaboração com Ed Sheeran (além de “Everything Has Changed”, que já fazia parte do álbum original). Outras participações especiais inéditas são ainda com Phoebe Bridgers, na canção “Nothing New”, na qual ela canta: “How can a person know everything at 18 then nothing at 22 (como pode uma pessoa saber tudo aos 18 anos e nada aos 22?)”. Assim, as canções e letras da artista vão se conectando, e podemos achar referências até nos trabalhos mais recentes, como Folklore e Evermore, de 2020. Red traz ainda Chris Stapleton, em “I Bet You Think About Me”, além de Gary Lightbody do Snow Patrol em “The Last Time”.
Mas a canção mais aguardada é, sem dúvida, “All Too Well; (10 Minute Version)”. Sobre a música, Taylor explica que era originalmente a sua favorita, mas que nem sempre os títulos que ela mais gosta se tornam singles. No fim das contas, a música se tornou uma favorita dos fãs (e dos críticos), e aparece em diversas listas como a melhor música da carreira Swift. No programa Jimmy Fallon, ela explica como aconteceu a versão de 10 minutos. “Eu estava passando por um momento triste, e eu estava nos ensaios da minha próxima turnê. Eu comecei a tocar violão com os mesmos quatro acordes diversas vezes, e a banda entrou junto. Comecei a cantar o que eu estava sentindo, e a música foi crescendo”, conta. O momento durou por 10 a 15 minutos, e por sorte, foi gravado. A versão que aparece agora no álbum é exatamente, segundo ela, como foi originalmente composta, antes de ser cortada para se tornar uma canção “normal” de cinco minutos.
O que já era incrível, ficou ainda melhor. Dá para acreditar? Na nova versão, Taylor canta:
“Uma joia sempre carente e amorosa, cujo brilho se reflete em você
Agora estou chorando em um banheiro de festa
Alguma atriz me perguntando o que aconteceu
Você, foi isso que aconteceu, você
Você que encantou meu pai com piadas modestas
Bebericando café como se estivesse em um programa noturno
Mas então ele me observou vigiar a porta da frente a noite toda desejando que você viesse
E ele disse que deveria ser divertido completar 21 anos”
Já pegou os lencinhos? E tem mais! A música ganhou um curta-metragem escrito e dirigido por Swift, estrelado por Sadie Sink (Stranger Things), Dylan O’Brien (Maze Runner) e Taylor Swift.
Agora, vou compartilhar um pouco do que senti ouvindo essa obra-prima (sou tendenciosa? Sim! Mas é muito amor pela Taylor, minha gente). Eu lembro até hoje quando ouvi “Our Song” pela primeira vez. Eu sempre gostei de música country, mesmo sem ser muito popular por aqui, e foi com essa música que conheci a cantora, lá em 2006. Eu me identifiquei muito e passei a acompanhar Taylor desde então, passando por todas as eras. Eram álbuns que eu gostava do início ao fim, sem pular nenhuma música. Admirei ainda mais ao ver ela tomando as rédeas de sua carreira, incentivando o empoderamento feminino e buscando transformar aos poucos o seus arredores com sua influência.
Os fãs sofrem um pouco – são meses e meses de “seca” de vez em quando, sem um post sequer nas redes sociais, em especial nesses últimos meses. Mas vez ou outra somos presenteados com surpresas inesquecíveis – como foi em 2020, com o lançamento dos dois álbuns Folklore e Evermore, e agora com os relançamentos e canções inéditas. No fim das contas, a espera sempre vale a pena.
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