Precisamos falar sobre Kim Petras!

Eu costumo sempre achar que estou diante de mais um artista novo que logo será esquecido ou visto como mais do mesmo. Vivemos em uma era na qual tudo é esquecido e descartado muito rapidamente e dificilmente algo vira clássico. Por outro lado, a internet proporciona que muita gente que antes não tinha voz, hoje ganhe rapidamente visibilidade, algumas vezes sem ser tão bom assim. Contudo, felizmente, não é esse o caso de Kim Petras, pelo menos pra mim e pra boa parte da crítica especializada que está enaltecendo o seu primeiro álbum. Logo que fui ouvir pela primeira vez, com toda essa desconfiança costumeira, me deparei com uma artista que me conquistou a ponto de me fazer escolher falar sobre ela no meu primeiro texto aqui.

Antes de tudo, se você espera por um artista inovador, não é caso dela. Pelo contrário. Em seu primeiro álbum intitulado “Clarity”, muitas vezes você pode dizer: “eu já ouvi isso em algum lugar”. Muita coisa parece ter sido tirada dos anos 90 e dos anos 2000. De tudo que ela nos apresentou até agora na carreira é muito prazeroso ouvir “Heart to Break” e lembrar da Robyn. Em outros momentos, é possível claramente lembrar da Kesha, outra hora da Britney e algumas vezes do…Justice (algo bem nítido na faixa “TRANSylvania”, por exemplo). O produtor da Kim é o mesmo que está sendo acusado pela Kesha (prefiro não mencionar o nome dele), então é justificável a semelhança em alguns pontos entre as duas cantoras, mas a coisa vai bem além disso. Acho que o que me fez adorar essa artista foi que ela poderia ser uma cópia de muita coisa, mas ela tem o seu toque próprio e é brilhantemente versátil, sendo assim capaz de nos apresentar trabalhos bem diferentes uns dos outros, todos perto da excelência.

Kim Petras tem 26 anos, é transexual e começou na música fazendo covers e até então, além do seu primeiro álbum já mencionado, tem um EP intitulado “The Light, Vol 1”, no qual podemos apreciar o seu lado dark, sombrio e dramático em meio a sintetizadores que ajudam bastante nessa climatização dance pop. Me lembrou a Lorde quando surgiu. Já em “Clarity”, vemos menos disso. Temos algo mais leve, mais doce, na maior parte R&B com letras grudentas, mas não pense no álbum como algo batido, cansativo, ouça o toque dela, perceba como ela olha pra trás e sabe o que fazer com suas influências. O álbum é acessível, gostoso de ouvir e fino. Não é inovador e ao mesmo tempo não é mais do mesmo.

Um gostinho do EP:

“Clarity”, primeira faixa do álbum homônimo:

Além do EP e do álbum, ela já fez feat com artistas como Cheat Codes, Charli XCX e esse com o Lil Aaron. Confere:

Aonde ela vai chegar eu não posso dizer, mas posso dizer que é diferenciada e que eu acho que ela vai além da nota 100 recebida pelo New York Times.

Por Adriano Leite
13/08/2019 19h09