Certa vez ele disse que se pudesse faria festa todo dia e de graça. Quase profano, mas criado nas badaladas das noites de sampa, o jornalista, produtor cultural e DJ Rodrigo Bento sabe como se faz uma festa de arromba: já foi promoter na D-EDGE (considerada pela crítica especializada a melhor casa noturna de São Paulo) e atualmente realiza a festa “Pilantragi”.
Com mais de 200 edições realizadas em todo o Brasil, o QG da festa é no tradicional bairro do Bixiga, no espaço multicultural Mundo Pensante. Como bom festeiro que é, Bento foi além e desde 2013 realiza a faceta de levar a “Pilantragi” às ruas da terra da garoa com a tradicional edição carnavalesca.
Apenas as festas de rua já somam mais de 70 mil foliões nos últimos anos. “Desde que a Pilantragi aconteceu, eu mudei completamente o meu foco profissional e hoje me dedico especificamente ao projeto”, e incansavelmente, Bento pode afirmar com toda a razão. Amazônia, Belo Horizonte, Salvador, São Jorge na Chapada dos Veadeiros, Caraíva, Trancoso, Moreré, São Luiz do Paraitinga, a lista vai além, quase do Oiapoque ao Chuí.
“Não percebo diferença entre públicos por conta da pluralidade da nossa música. Em algum momento todos se conectam. E isso acontece em lugares completamente distintos. É interessante perceber a força da nossa cultura”, propaga.
O DJ conversou online com o Curitiba Cult na tarde desta sexta (19), após sair lá pelas tantas da madrugada de mais uma edição da festa, e desembarca neste sábado, em Curitiba, para a terceira edição da “Pilantragi”. Desta fusão entre ritmos brasileiros, do samba ao rap, do maracatu ao baião e da fomentação cultural promovida pela festa, Bento convida ainda o selo Misturi C, da produtora e DJ Adri Menegale, para se unir a ele neste sábado, na Trajano Reis, 351, às 22h. Confira na íntegra a nossa conversa com Rodrigo Bento.
ENTREVISTA
Curitiba Cult: Como surgiu o Coletivo Pilantragi?
Rodrigo Bento: O Coletivo surgiu a partir de setembro de 2012. A primeira festa aconteceu no meu aniversário de 30 anos. Na ocasião eu era promoter do D-EDGE e fazia algumas outras festas em São Paulo. Porém, não flertava diretamente com a cultura brasileira. A oportunidade surgiu de maneira orgânica e desde então a família só cresce.
Atualmente quem são os responsáveis pela Pilantragi?
Quem responde pelo Coletivo é o jornalista, produtor cultural e DJ Rodrigo Bento. O Coletivo é bem grande e a quantidade de pessoas envolvidas depende muito das nossas ativações. Já realizamos festas com mais de 89 voluntários.
Na linha de frente temos a Thais Pires e o Djunior Ortega, que junto comigo desenvolvem e executam as cenografias; a Rute Correa, que é responsável pela parte burocrática; a Juliana Gusmão, que é nossa produtora externa; a Carolina Costa e a Juliana Siqueira, que são responsáveis pela área gastronômica das nossas ativações; os fotógrafos Ariel Martini e Vitor Takayama; o designer Victor Zalma; entre muitos outros.
Em qual momento surgiu a festa Pilantragi e como foi o processo de idealização?
A festa surgiu em um momento no quak eu precisava resgatar as minhas raízes. Fui criado ouvindo Música Popular Brasileira, com hábitos tipicamente mineiros. Na época eu já atuava como promoter e host há pelo menos 8 anos, também atuava como assessor de imprensa em uma agência especializada em cultura jovem. Ou seja, já existia uma proximidade com arte e música. Desde que a Pilantragi aconteceu, eu mudei completamente o meu foco profissional e hoje me dedico especificamente ao projeto.
Quantas edições já foram realizadas desde que surgiu a festa?
Mais de 260 edições, 5 edições do Bloco Pilantragi e 25 ocupações e festas gratuitas em São Paulo e em outros lugares do Brasil.
Em quais cidades já foram realizadas a festa?
O Pilantragi na Estrada realizou edições na Amazônia, Belo Horizonte, Salvador, São Jorge na Chapada dos Veadeiros, Caraíva, Trancoso, Moreré, São Luiz do Paraitinga, Pratigi, entre outros.
Também já fizemos intercambio com selos como Invernin (Brasília), Sarau do Divino (São Luiz do Paraitinga/SP), YellowFest (Goiás), Disritmia (Rio de Janeiro), Mandacaru (Joinville), Baile Esquema Novo (Salvador), Baile Místico (Maceió), Brasilidades (Curitiba), Salão (Florianópolis), Misturitaya e Brasilidades (Curitiba).
Você consegue perceber a diferença do público nas diferentes cidades onde já foi realizada a festa? Quais são as características?
Não percebo diferença entre públicos por conta da pluralidade da nossa música. Em algum momento todos se conectam. E isso acontece em lugares completamente distintos. É interessante perceber a força da nossa cultura e o quanto as pessoas mantém laços afetivos com a música. Isso faz a distância desaparecer.
Como a festa chegou a Curitiba?
A primeira experiência com a Pilantragi em Curitiba foi a convite da Festa Brasilidades. Essa será a nossa terceira passagem pela cidade.
Segundo informações, quando o coletivo surgiu em 2012, a ideia inicial era levantar fundos para a criação de um centro cultural? O centro já foi criado? Quais atividades são realizadas lá?
O objetivo continua sendo esse. Nós fazemos festas para fomentar outras festas e o trabalho de artistas de diferentes áreas. O espaço de vivência é um plano futuro. Por enquanto, vamos ativando nossas ideias na rua e em nossas festas semanais.
Qual é o intuito do coletivo para este ano?
Queremos realizar mais ações sociais como a que arrecadou 4 toneladas de donativos para a tragédia de Mariana em Minas Gerais, mais ocupações do espaço público de São Paulo e também levar nossa história para outros lugares do Brasil. Acreditamos que o intercâmbio só enriquece o nosso processo.
Quais são as próximas datas da Pilantragi?
Todas as quintas feiras realizamos uma festa no Mundo Pensante, no Bixiga, em São Paulo. Além disso, temos 2 grandes ocupações previstas para o primeiro semestre.
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