Papai Noel: O Bom Velhinho, a Coca-Cola e os Caminhos da Proteção Autoral

Papai Noel. Foto: Reprodução.
Foto: Reprodução

Quando pensamos em Natal, é quase impossível não imaginar o bom velhinho de barba branca, roupas vermelhas e um saco cheio de presentes. O Papai Noel, símbolo universal de generosidade e magia, transcendeu culturas, fronteiras e gerações. Mas, você sabia que a imagem icônica que conhecemos hoje é fruto de um longo processo cultural e comercial, com influências diretas de uma campanha publicitária? E o mais curioso: até que ponto uma figura assim pode ser protegida por direitos autorais?

A Origem do Bom Velhinho

A história do Papai Noel remonta a São Nicolau, bispo do século IV, conhecido por sua generosidade ao ajudar pessoas em dificuldade. Sua lenda atravessou os séculos e, na Europa, ganhou diferentes roupagens: na Holanda, ele virou Sinterklaas, levado depois para os Estados Unidos pelos colonizadores holandeses. Lá, a figura começou a se transformar, ganhando as primeiras características do Papai Noel moderno.

No século XIX, escritores e ilustradores começaram a moldar a imagem do bom velhinho. O poema “Uma Visita de São Nicolau” (1823), de Clement Clarke Moore, e as ilustrações de Thomas Nast em jornais americanos, foram fundamentais para definir o Papai Noel como um homem rechonchudo, alegre e montado em um trenó puxado por renas.

A Coca-Cola e a transformação global

Até a década de 1930, o Papai Noel ainda era retratado com variações de cores e estilos, muitas vezes usando roupas verdes ou marrons. Foi então que a Coca-Cola, em uma jogada publicitária genial, contratou o ilustrador Haddon Sundblom para criar a imagem do Papai Noel que conhecemos hoje: simpático, com roupas vermelhas vibrantes (coincidindo com as cores da marca) e uma expressão calorosa e acolhedora.

As campanhas publicitárias da Coca-Cola, que começaram em 1931, popularizaram mundialmente essa versão do bom velhinho. Não demorou para que a imagem fosse eternizada e padronizada no imaginário popular, associando o Natal a sentimentos de afeto, generosidade e, claro, à marca.

Proteção Autoral: Quem é dono do Papai Noel?

Aqui surge a questão intrigante: é possível proteger o Papai Noel por direitos autorais? A resposta é complexa. Embora figuras inspiradas em personagens históricos ou mitológicos não possam ser registradas, versões específicas de sua representação podem ser protegidas. Por exemplo, as ilustrações de Haddon Sundblom criadas para a Coca-Cola são obras protegidas por direitos autorais, pertencendo à empresa.

Isso significa que, mesmo que o conceito do Papai Noel seja de domínio público, versões artísticas específicas podem ter proteção legal. Se outra marca reproduzir fielmente o Papai Noel da Coca-Cola em uma campanha publicitária, pode enfrentar processos por violação de direitos autorais e uso indevido de imagem. Esse é um exemplo clássico de como a propriedade intelectual atua em figuras aparentemente “livres” para uso.

O impacto cultural e econômico

A Coca-Cola não criou o Papai Noel, mas deu a ele a forma definitiva que conhecemos hoje, tornando-o um ícone global. Esse poder de transformação é um caso emblemático da influência do marketing sobre a cultura e da importância de proteger criações visuais.

Além disso, o bom velhinho representa o Natal em produtos, serviços e campanhas ao redor do mundo, movimentando bilhões na economia global. Por trás da magia, há estratégias comerciais sólidas e, muitas vezes, disputas jurídicas por uso indevido de versões protegidas.

Conclusão: A magia sob proteção

O Papai Noel é mais do que um símbolo natalino: ele é uma prova viva de como histórias, cultura e negócios podem se entrelaçar. A Coca-Cola não apenas moldou o imaginário coletivo, mas também nos mostra a força da criação protegida por direitos autorais. Mesmo em um mundo onde personagens circulam livremente, suas representações artísticas têm donos, exigindo cuidado, respeito e, acima de tudo, reconhecimento.

No Natal, enquanto celebramos a magia do bom velhinho, é importante lembrar que por trás dessa figura encantada existe uma narrativa de criatividade e proteção intelectual. Afinal, a cultura não apenas nos emociona, mas também deve ser valorizada e protegida para continuar encantando gerações futuras.

Texto produzido por PINC.

Por Brunow Camman
17/12/2024 18h00

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