Obstrução nasal na infância

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A maioria dos pais não sabe, mas sintomas como tosse seca, resfriados, gripes e infecções de garganta frequentes podem esconder normalmente a verdadeira causa destes sinais, geralmente persistentes. E eu também estou começando a investigar, pois minha filha de dois anos tem dores de garganta constantemente. Essas características clínicas juntamente com a dificuldade de respiração nasal e boca entreaberta são outros indícios que mostram claramente que uma obstrução nasal pode ser a causa master do problema.

De acordo com a médica otorrinolaringologista do Hospital IPO (Hospital Paranaense de Otorrinolaringologia), Heloisa Nardi Koerner Vian*, para um diagnóstico precoce e um início de um tratamento efetivo, é importante que os pais reconheçam estes sinais e sintomas relacionados à obstrução nasal e à respiração bucal. “A obstrução nasal na infância tem causas variadas e é considerada um dos principais motivos da deformidade facial adquirida durante o crescimento. As crianças, quando submetidas a fatores obstrutivos, tendem a se adaptar a respiração bucal. Porém, a respiração bucal, além de predispor infecções bacterianas nas vias aéreas superiores também está associada ao crescimento facial desordenado e na acentuação de possíveis deformidades ao invés da compensação das mesmas”, alerta Heloisa.

Outros sintomas pontuados pela otorrinolaringologista também podem levar a identificação da obstrução nasal, mas dificilmente são relacionados por quem não entende do assunto. “Dores de cabeça, mau hálito, aumento das cáries dentárias, distúrbios relacionados ao sono como enurese noturna (xixi na cama), sonolência diurna e dificuldades de aprendizado também podem ocorrer. E, Além de todos estes indícios correlacionados, muitas crianças também apresentam déficits de crescimento, não apenas pela dificuldade para se alimentar, mas pelo gasto energético excessivo gerado pela obstrução nasal”, destaca Heloisa.

Por isso o alerta pela importância de um diagnóstico precoce. Estar atento e procurar ajuda o quanto antes auxilia no tratamento e torna a criança mais saudável, além de evitar deformidades faciais com o restabelecimento da ventilação nasal eficaz possibilitando um crescimento dentro da normalidade. “As alterações ósseas e musculares decorrentes da respiração bucal levam a alterações irreversíveis ao crescimento facial como o alongamento da face e o estreitamento do terço médio da face, além do retro posicionamento da mandíbula, palato ogival, boca frequentemente entreaberta, língua baixa e direcionada para frente, além da mordida cruzada”, ressalta.

De acordo com a idade da criança, existem diferentes causas respiratórias obstrutivas. “Em recém-natos e bebês com respiração oral exclusiva, as causas congênitas como os tumores nasais, atresia de coana e hemangiomas podem ser encontrados, além dos eventos obstrutivos eventuais, como a rinite do lactente, rinites vasomotoras e infecções de vias aéreas superiores são as causas mais encontradas e de fácil tratamento, fazendo com que a criança recupere em pouco tempo a respiração via nasal, porém, à medida que a criança cresce, as rinites e a hipertrofia adenoideana tornam-se os principais motivos para as obstruções nasais persistentes. Outras causas como os desvios septais, rinossinusites, polipose nasal, tumores nasais, corpos estranhos, entre outros, deverão ser investigados”.

*Heloisa Nardi Koerner Vian é Médica Otorrinolaringologista formada e pós-graduada pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente atua como Médica Precetora do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná e Médica Otorrinolaringologista do Hospital IPO (Hospital Paranaense de Otorrinolaringologia).

Por Vanessa Maritza
01/04/2015 17h45