O Vampiro de Curitiba: Dalton Trevisan faleceu nesta segunda-feira (09), aos 99 anos

Dalton Trevisan. Foto: Acervo/Reprodução Instagram.
Foto: Acervo/Reprodução Instagram

Faleceu nesta segunda-feira (09/12) o escritor curitibano Dalton Trevisan. Conhecido como Vampiro de Curitiba, foi um dos maiores nomes da literatura da capital paranaense, e estava perto de completar um século de vida. A informação foi confirmada pela agente literária do escritor, Fabiana Faversani, à Folha de S. Paulo.

Confirmação

Como um bom mistério que Dalton sempre gostou, seu falecimento também tem seu lado peculiar. Seu nome teria aparecido na lista de falecimentos da Prefeitura de Curitiba, que informava inclusive a morte em casa. Porém, depois de publicado, sumiu do ar. O ex-prefeito Gustavo Fruet, parente do autor de “O Vampiro de Curitiba”, havia publicado nas redes sociais um comentário de pesar, que depois foi apagado.

Centenário

Em junho de 2025, Dalton Trevisan comemoraria 100 anos – data aguardada por toda a comunidade artística da cidade. Em 2024, foram realizados eventos chamando a atenção para o legado do escritor, tanto uma festa de aniversário para os 99 anos, quanto o anúncio de uma peça de teatro inspirada nos seus escritos. Há poucos dias, a editora Todavia anunciou aquisição dos direitos de toda a obra da Dalton, prometendo iniciar a publicação no ano do centenário.

Carreira

O Vampiro de Curitiba nasceu Dalton Jérson Trevisan, em 14 de junho de 1925 – provavelmente, num dia nublado, como ele teria gostado. De característica muito reservada, Dalton evitava eventos públicos, até mesmo os dedicados à sua figura e sua obra literária. Também era avesso a entrevistas. Toda a cidade sempre soube onde ele morava – mas o respeito ao vampiro é maior.

Viveu uma vida reservada no Centro da cidade. Estudou no Colégio Estadual do Paraná e se formou na Faculdade de Direito do Paraná (hoje, a Universidade Federal do Paraná). Na faculdade, começou a escrever pequenos contos, publicados em uma revista independente. O sucesso da publicação Joaquim cruzou fronteiras, recebendo materiais de Mário de Andrade e Otto Maria Carpeaux, tendo até ilustrações de Poty Lazzarotto e Di Cavalcanti. Seus textos do Joaquim deram origem aos primeiros livros de contos.

Em 1959, publicou “Novelas Nada Exemplares”, que rendeu o primeiro Prêmio Jabuti. Seis anos depois, viria o icônico “O Vampiro de Curitiba”. Cronista de dias cinzas, Dalton criou personagens marcantes, humanizados e crus, que ele via na cidade. Tramas psicológicas e até um toque mais sarcástico por vezes marcavam sua visão das ruas. Recebeu o Prêmio Camões, maior consagração da língua portuguesa, em 2012. Publicou dezenas de livros e está entre os maiores escritores paranaenses da história. Não à toa, o lado mais cru e cinza que ele transpôs para seus contos curitibanos veio numa segunda de muita chuva para o dia do descanso final do Vampiro.

Por Brunow Camman
10/12/2024 01h14

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