Na cama, não tão cedo como de costume, pálpebras recém deitadas me trazendo para dentro, um choque sutil percorre acelerado toda extensão da pele. E do teto, nos vejo.
Um corpo de barriga para cima, lençol verde com listras cobrindo até o vértice inferior do esterno, um fio de abertura na boca e o tórax subindo e descendo numa respiração visivelmente bastante ativa. Meu corpo. O que minha energia habita. E outro corpo, o dela. Fechando o meu num cinto de segurança. Perna esquerda travando quadril, braço esquerdo prendendo os peitos, meu ombro de travesseiro para o seu sono tranquilo.
Já estive aqui algumas vezes, e sei que essa imagem é alucinação. Por mais que sim, ela está aqui, deitada meio sobre mim, nessa posição que acho que vejo, porque sinto o peso dela, porque é assim que sempre é. Eu estou de olhos fechados deitada na cama com a estrutura física desligada e cérebro acordado — então não deveria estar enxergando nada lá do teto, de entre os lustres, até porque não voo, e não me enxergo de fora, por isso, alucinação. Acompanhada do formigamento em cada fibra muscular.
Quando me situo: a tentativa desesperada de me mexer — e não conseguir. Passam os anos e ainda de início a aflição toma conta. Tento me chacoalhar desordenadamente para acordar os músculos. Mesmo sabendo que não funciona assim.
Paro de tentar me mover. Volto a atenção pros choquinhos percorrendo a derme, acelerados como agulhadas mecânicas frenéticas e ininterruptas. Não vou dizer que não é bom. É apavorante. E talvez por isso, terrivelmente bom. E fico com uma leve curiosidade de ver até onde vai, de não tentar parar. Tenho ela logo aqui, do meu lado. Ela tem o sono agitado pra caramba, vai me despertar em minutos. Então me entrego ao desespero e decido deixar que a paralisia tome conta.
E o formigamento aumenta. E o choque aumenta. Até onde eu consigo aguentar perceber o descontrole? Mesmo que tenha decidido não lutar, eu não paro de tentar mexer as pernas e os braços e o pescoço — tudo, qualquer coisa.
Parece que agora os choquinhos transitam em espiral entre minhas células. Os tímpanos estremecem num zumbido que quase faz cócega. Seria minha alma passeando? Minha energia indo e vindo? Não quero mais. Não quero mais porque vai que ela não volta, vai que se perde no caminho, nas extremidades, nas bordas.
Eu preciso acordar. Agora. E ela ainda não saiu de cima de mim, está também imóvel, não me despertou. E só torço que reaja, porque eu não consigo. Que babe e a saliva molhada e quente escorra do meu ombro ao sovaco e me arranque daqui. Agora eu quero voltar. Quero o controle de novo.
Eu paro, me concentro. Já fiz isso antes, incontáveis vezes. Só preciso de um tranco. Focar a intenção para um ponto específico, no cotovelo por exemplo, e num movimento brusco e forte dar um tranco.
Tento uma. Tento duas. Grito com a boca fechada e a voz muda não conecta nas cordas vocais. A investida de movimento agora é assustadora e penso se a cama está inteira chacoalhando de tanto que me contorço. Os choquinhos não são mais inhos e atingem pontos específicos. Atrás do joelho. Região entre boca e nariz. Lado direito da virilha. E aí eu sinto o calor da mão dela apertar forte minha clavícula e toda energia que sobrevoava meu corpo entra em mim.
Levanto as costas da cama com as mãos apoiadas para trás e respiro desordenada o alívio da volta. Digo que tava em paralisia do sono e ela Eita. Vira pro outro lado de costas pra mim e puxando meu braço diz Agora dorme certo. Eu englobo ela numa conchinha e exausta desligo tudo.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
As Crônicas de Uma Relação Passageira conta a história do romance entre Charlotte (Sandrine Kiberlain) e Simon (Vicenti Macaigne) que se conhecem em uma festa. Charlotte é uma mãe e solteira, já Simon é um homem casado e sua esposa está grávida. Eles se reencontram num bar e começam um relacionamento repleto de percalços. Ela é mais extrovertida, pouco preocupada com o que os outros pensam. Ele é mais tímido e retraído. A princípio, os opostos realmente se atraem e ambos concordaram em viver uma relação apenas de aventuras, mas tudo se complica quando os dois criam sentimentos um pelo outro e o que era para ser algo muito bom, acaba se tornando uma relação perturbadora.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Dirigido e roteirizado por Pat Boonnitipat, a trama dessa ficção emocionante, Como Ganhar Milhões Antes que a Vó Morra, acompanha a jornada do jovem When M (Putthipong Assaratanakul), que passa a cuidar de sua avó doente chamada Amah (Usha Seamkhum), instigado pela herança da idosa. O plano é conquistar a confiança de sua avó, assim será o dono de seus bens. Tendo interesse apenas no dinheiro que Amah tem guardado, When resolve largar o trabalho para ficar com a senhora. Movido, também, por sentimentos que ele não consegue processar, como a culpa, o arrependimento e a ambição por uma vida melhor, o jovem resolve planejar algo para conseguir o amor e a preferência da avó antes que a doença a leve de vez. Em meio à essa tentativa de encantar Amah, When descobre que o amor vem por vias inimagináveis.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Um aspirante a escritor utiliza um alter ego para desenvolver seu primeiro romance. Em Sebastian, Max é um jovem de 25 anos que vive como escritor freelancer em Londres trabalhando com artigos para uma revista. Ter um livro publicado fala alto na lista de desejos do rapaz e, então, ele encontra um tema para explorar: o trabalho sexual na internet. Se a vida é um veículo de inspiração para um artista, Max corre atrás das experiências necessárias para desenvolver a trama de seu livro. Com isso, durante a noite, Max vira Sebastian, um trabalhador sexual com um perfil em um site no qual se oferece pagamentos por uma noite de sexo. Com essa vida dupla, Max navega diferentes histórias, vulnerabilidades e os próprios dilemas. Será que esse pseudônimo é apenas um meio para um fim, ou há algo a mais?
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Uma comédia em que grandes segredos e humilhações se cruzam e vem à tona. Histórias Que é Melhor Não Contar apresenta situações com as quais nos identificamos e que preferimos não contar, ou melhor, que preferimos esquecer a todo custo. Encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões sem sentido, o filme aborda cinco histórias com um olhar ácido e compassivo sobre a incapacidade de controlar nossas próprias emoções. Na primeira história, uma mulher casada se vê atraída por um rapaz que conheceu em um passeio com o cachorro. Em seguida, um homem desiludido com seu último relacionamento se vê numa situação desconfortável na festa de um amigo. Na terceira, um grupo de amigas atrizes escondem segredos uma da outra. Por último, um professor universitário toma uma decisão precipitada; e um homem casado acha que sua mulher descobriu um segredo seu do passado. Com uma estrutura episódica, as dinâmicas do amor, da amizade e de relacionamentos amorosos e profissionais estão no cerne desse novo filme de Cesc Gay.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Lee, dirigido pela premiada cineasta, Ellen Kuras, vai contar a história da correspondente de guerra da revista Vogue, durante a Segunda Guerra Mundial, Elizabeth Lee Miller. O filme vai abordar uma década crucial na vida dessa fotógrafa norte-americana, mostrando com afinco o talento singular e a tenacidade dela, o que resultou em algumas das imagens de guerra mais emblemáticas do século XX. Isso inclui a foto icônica que Miller tirou dela mesma na banheira particular de Hitler. Miller tinha uma profunda compreensão e empatia pelas mulheres e pelas vítimas sem voz da guerra. Suas imagens exibem tanto a fragilidade quanto a ferocidade da experiência humana. Acima de tudo, o filme mostra como Miller viveu sua vida a todo vapor em busca da verdade, pela qual ela pagou um alto preço pessoal, forçando-a a confrontar um segredo traumático e profundamente enterrado de sua infância.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Prólogo do live action de Rei Leão, produzido pela Disney e dirigido por Barry Jenkins, o longa contará a história de Mufasa e Scar antes de Simba. A trama tem a ajuda de Rafiki, Timão e Pumba, que juntos contam a lenda de Mufasa à jovem filhote de leão Kiara, filha de Simba e Nala. Narrado através de flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho até que ele conhece um simpático leão chamado Taka – o herdeiro de uma linhagem real. O encontro ao acaso dá início a uma grande jornada de um grupo extraordinário de deslocados em busca de seu destino, além de revelar a ascensão de um dos maiores reis das Terras do Orgulho.