Gypsy, uma série sobre como não fazer Psicologia

“Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino.”
Carl Gustav Jung

Antes eu acreditava que as pessoas decidiam suas próprias vidas, que estávamos no controle, comandando nosso futuro, escolhendo nosso cônjuge a nossa profissão, responsáveis pelas decisões que dão forma ao curso de nossa vida. Mas há uma força mais poderosa do que o livre arbitro: nosso inconsciente.

Por baixo dos ternos, atrás das portas fechadas somos todos comandados pelos mesmos desejos. E esses desejos podem ser impróprios, sombrios e profundamente indecentes.

Pensando agora, não é que eu não soubesse, mas era excitante demais, inebriante demais, eu não conseguia parar e de repente eu estava tão perdida que não reconhecia mais nada, principalmente a mim mesma.

 

… E assim que começa Gypsy, com 10 episódios muito bem elaborados e envolventes.

Jean Holloway (Naomi Watts) é uma mulher de classe média, por volta dos 40 anos, muito bem casada, tem uma filha e é Psicóloga Clínica. Uma vida aparentemente perfeita, mas cheia de regras, adequações sociais e responsabilidades.

Jornalista, formada em Stanford, sua bebida preferida é Bulleit Bourbon, tem um endereço específico, seu antigo apartamento de solteira, e nenhum plano. Uma mulher completamente livre, envolvente e manipuladora. Essa é Diana, o alter ego da Jean. Diana é uma persona usada para fugir da realidade sem graça, é ela quem vai ao café da esquina, quem vai a academia e a qualquer lugar que Jean não precise dizer quem é. Ela se aproxima de Sidney, a ex-namorada de um de seus pacientes, a versão exata de quem ela gostaria de ser. Uma moça jovem, linda, talentosa e que leva uma vida sem regras, elas acabam se apaixonando e tendo um caso amoroso. Sidney é a pura projeção de quem Jean era ou gostaria de ser.

Jean vai além da ética e da relação profissional paciente e se envolve intimamente com pessoas ligadas aos seus pacientes com a intenção de entender o que se passa realmente com eles para ajuda-los, para sentir a emoção que é ter o poder e o controle sobre a vida deles e a adrenalina de fazer coisas proibidas.

Ela tem um espirito livre e não queria cair nos padrões em que todos caem depois que se casam e tem filhos. Ela queria explorar o mundo, parecia ser uma mulher forte, mas na verdade é emocionalmente frágil e se esconde na figura forte de Diana.

Fica em aberto algumas histórias de seu passado, quando se envolveu mais do que deveria com pacientes, se colocando em situações difíceis. A série sugere que terá uma próxima temporada onde seus segredos serão revelados, e provavelmente novos surgirão.

A necessidade de controle e a busca por uma vida fora dos padrões sociais são os temas centrais da série.

Todos nós temos o desejo de controlar nossa vida e sentimos prazer quando podemos controlar a vida dos outros. Mães querem controlar a vida dos filhos, esposas querem controlar a vida dos maridos e o contrário também acontece, chefes querem controlar a vida dos funcionários, as indústrias querem controlar o comportamento das pessoas, as igrejas querem controlar as crenças dos fiéis. É um jogo de poder e ganha quem tem mais consciência.

A manipulação é a arma do controle e só é manipulado quem não está atento. A consciência é o antidoto. Pensar, raciocinar é o que deveríamos fazer, mas não fazemos. Somos mais emocionais do que racionais e isso nos torna presas fáceis para quem é mal intencionado.

Acreditamos que controlamos nosso destino, mas somos apenas co-criadores, há uma outra força que nos guia, o nosso inconsciente. Lá estão todas as nossas crenças, medos, desejos e isso é que nos faz agir da maneira que agimos.

Você já se perguntou por que algumas pessoas só têm bons relacionamentos enquanto outras só têm relacionamentos ruins? Ou por que algumas pessoas têm sorte e outras não? A resposta está nas crenças que estão no nosso inconsciente.

Freud acreditava que o consciente é somente uma pequena parte da mente que inclui tudo o que sabemos sobre tudo que somos cientes. Porém ele percebeu que existe uma parte da mente, muito maior, chamada de inconsciente. Há conexões entre todos os eventos mentais e algumas estão no inconsciente. Inferimos o que está no inconsciente a partir de indícios dos comportamentos, pensamentos, sentimentos, sonhos e expressões artísticas. Lá estão elementos excluídos, censurados e reprimidos, mas nunca perdidos e nem inativo. São atemporais e determinam a personalidade de uma pessoa.

 

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Por Luiza Franco
29/08/2017 10h36