“Golpe de Sorte em Paris” traz um típico Woody Allen de volta à Cidade Luz

Golpe de Sorte em Paris de Woody Allen. Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação

Woody Allen retorna à capital francesa para fazer seu 50º filme: “Golpe de Sorte em Paris”. Primeiro da carreira todo falado em francês, o longa-metragem retoma fórmula clássica do diretor. O roteiro, também dele, segue o estilo clássico de seus filmes, mas com poucos momentos de humor. A volta à cidade que visitou em “Meia-Noite em Paris” tem outros olhos, para uma cidade mais contemporânea, ainda que sem renovar seu formato típico.

A trama é comum, inclusive para Allen, que já trabalhou assuntos como traição antes. Fanny tem um casamento estável com Jean, um homem rico e apaixonado por modelos de trens. A partir de um encontro com Alain, antigo colega de escola, na rua, Fanny começa a perceber o tédio que a cerca. Almoços descompromissados com Alain viram um caso amoroso, descoberto por Jean, que pode tomar medidas extremas.

O tema da pessoa traída já vem aparecendo em outros filmes do roteirista e diretor, como em “Crimes e Pecados”. “Golpe de Sorte em Paris” tem um tom mais leve ao tratar do assunto, acompanhando mais Fanny e sua descoberta de uma possibilidade mais interessante de amor do que a dúvida e ressentimento do marido.

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Porém, a construção desse novo amor é falha. Alain é charmoso e idealista, faz retomar ideais da juventude em Fanny, mas a paixão dos dois não parece tão arrebatadora. Cenas com movimentos de câmera bruscos tentam colocar o espectador no pequeno apartamento de Alain, mas deixando o espaço ainda mais restrito. O que vai contra o sentimento de liberdade de Fanny.

O bom uso das cores e da iluminação fazem o ganho do filme – junto com os diálogos, que Allen ainda sabe fazer bem. Os azuis de Fanny são marcantes e conversam bem tanto com os frios da casa do marido quando das cores quentes ao ver o amante. As cenas na floresta também trazem um ganho na questão da luz, antecipando o grande final.

O filme consegue contornar o óbvio na segunda parte, com a mãe de Fanny, mas dá pouco tempo para degustarmos as relações de “Golpe de Sorte em Paris” com romances policiais lidos pela mãe, inclusive citados em cena, como o romancista Simenon. O marido traído, que diz criar a sua sorte, cai nas próprias armadilhas – o que poderia ser melhor aproveitado. O acaso, visto como sorte ou azar, permeia bem a narrativa, encerrando um bom filme de Allen, que agrada quem já conhece seu estilo, mas sem grandes momentos.

 

 

Por Brunow Camman
18/09/2024 12h54

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