Curitiba, final da década de 1970. A Rua XV de Novembro era fechada para o tráfego de carros, a censura e a prevalência da moral e dos bons costumes ditavam o rumo de uma “sociedade bastante fechada, como ainda é hoje”, afirma o cineasta José Augusto Iwersen, homenageado da 11ª Edição do Festival Internacional de Cinema Super 8 de Curitiba.
Da Curitiba setentista, pungente na contracultura daquele período, Iwersen foi um dos cineastas e agitadores culturais mais ativos da cidade. “Eu trabalho com cinema desde que nasci”, brinca o documentarista ao rememorar seu contato com a bitola (película com 35 mm de largura), quando sua família a utilizava para produzir filmes caseiros ao registrar as viagens e encontros familiares.
Com 13 filmes produzidos, entre os perdidos e existentes, Iwersen é referência em todo o Brasil. Premiado em 1976 na Jornada de Curtas-metragens da Bahia na categoria de melhor filme com “A Lenda dos Crustáceos”, e ainda em 1978, quando, durante o Festival de Cinema Amador de Cannes, com o filme “A Santidade do Prazer”, o cineasta passou a ser reconhecido internacionalmente. Mas foi apenas em 1979, com o filme “Danielle, Carnaval e Cinzas” — talvez o primeiro filme brasileiro a tratar abertamente sobre a homossexualidade — que Iwersen ganhou, em São Paulo o prêmio de melhor filme do Super Festival Nacional do Filme Super 8 do GRIFE (Grupo de Realizadores Independentes de Filmes Experimentais).
“Danielle, Carnaval e Cinzas” foi o filme de abertura nesta edição do Curta 8, ovacionado ao final da exibição. Com a presença de seu criador, a emoção empoderou os sentidos dos defensores do super 8, estudantes de cinema, cineastas, cinéfilos e inclusive do próprio Iwersen. “Eu não via o filme há 36 anos”, revela. O fato se deu porque o diretor entregou os originais de boa parte de sua filmografia para um produtor carioca na virada da década de 1970 para 1980, quando os dois trabalhavam com produção de fotonovelas eróticas e com quem Iwersen pensou realizar algumas pornochanchadas — o que denota também, para uma Curitiba conservadora, a singularidade de Iwersen, em que a linguagem e as suas especificidades artísticas se entregam a temas polêmicos e tabus.
“Eu queria filmar a vida de um travesti por ser uma classe renegada na época. Decidi filmar a vencedora do baile dos enxutos da sociedade Operária de Curitiba. Posteriormente, filmei a Danielle. Não é um filme linear”, explica Iwersen. Segundo ele, o filme ganha sua personagem quando Daniele vence o concurso. Em seguida, ele inicia as gravações com a costureira, casada com seu “moreno, barbudo e forte”, como ela mesma se referia a ele. Tendo como trilha a música “Desafinado”, de Tom Jobim, e “Eternally“, de Charles Chaplin, o filme aborda o cotidiano de Danielle, entre depoimentos de membros da sua própria família, paralelamente aos de especialistas da área da psicologia. O filme não declina diretamente em julgamento de valores, mas traça o perfil de um período em que a ditadura militar, aparentemente, incitava uma abertura política. “Danielle, teve apenas uma cena cortada, quando ela aplicava silicone”. Por bem, o cineasta ainda possui a película do filme e pretende realizar digitalmente a versão do diretor sem cortes.
Além de José Augusto Iwersen, o Curta 8 prestou homenagem ao cineasta Abrão Berman, precursor do uso do Super 8 no Brasil e criador do GRIFE, e trouxe a exibição de filmes da cineasta mexicana Azucena Losada.
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(Fotos: Reprodução).
Data de Lançamento: 19 de dezembro
As Crônicas de Uma Relação Passageira conta a história do romance entre Charlotte (Sandrine Kiberlain) e Simon (Vicenti Macaigne) que se conhecem em uma festa. Charlotte é uma mãe e solteira, já Simon é um homem casado e sua esposa está grávida. Eles se reencontram num bar e começam um relacionamento repleto de percalços. Ela é mais extrovertida, pouco preocupada com o que os outros pensam. Ele é mais tímido e retraído. A princípio, os opostos realmente se atraem e ambos concordaram em viver uma relação apenas de aventuras, mas tudo se complica quando os dois criam sentimentos um pelo outro e o que era para ser algo muito bom, acaba se tornando uma relação perturbadora.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Dirigido e roteirizado por Pat Boonnitipat, a trama dessa ficção emocionante, Como Ganhar Milhões Antes que a Vó Morra, acompanha a jornada do jovem When M (Putthipong Assaratanakul), que passa a cuidar de sua avó doente chamada Amah (Usha Seamkhum), instigado pela herança da idosa. O plano é conquistar a confiança de sua avó, assim será o dono de seus bens. Tendo interesse apenas no dinheiro que Amah tem guardado, When resolve largar o trabalho para ficar com a senhora. Movido, também, por sentimentos que ele não consegue processar, como a culpa, o arrependimento e a ambição por uma vida melhor, o jovem resolve planejar algo para conseguir o amor e a preferência da avó antes que a doença a leve de vez. Em meio à essa tentativa de encantar Amah, When descobre que o amor vem por vias inimagináveis.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Um aspirante a escritor utiliza um alter ego para desenvolver seu primeiro romance. Em Sebastian, Max é um jovem de 25 anos que vive como escritor freelancer em Londres trabalhando com artigos para uma revista. Ter um livro publicado fala alto na lista de desejos do rapaz e, então, ele encontra um tema para explorar: o trabalho sexual na internet. Se a vida é um veículo de inspiração para um artista, Max corre atrás das experiências necessárias para desenvolver a trama de seu livro. Com isso, durante a noite, Max vira Sebastian, um trabalhador sexual com um perfil em um site no qual se oferece pagamentos por uma noite de sexo. Com essa vida dupla, Max navega diferentes histórias, vulnerabilidades e os próprios dilemas. Será que esse pseudônimo é apenas um meio para um fim, ou há algo a mais?
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Uma comédia em que grandes segredos e humilhações se cruzam e vem à tona. Histórias Que é Melhor Não Contar apresenta situações com as quais nos identificamos e que preferimos não contar, ou melhor, que preferimos esquecer a todo custo. Encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões sem sentido, o filme aborda cinco histórias com um olhar ácido e compassivo sobre a incapacidade de controlar nossas próprias emoções. Na primeira história, uma mulher casada se vê atraída por um rapaz que conheceu em um passeio com o cachorro. Em seguida, um homem desiludido com seu último relacionamento se vê numa situação desconfortável na festa de um amigo. Na terceira, um grupo de amigas atrizes escondem segredos uma da outra. Por último, um professor universitário toma uma decisão precipitada; e um homem casado acha que sua mulher descobriu um segredo seu do passado. Com uma estrutura episódica, as dinâmicas do amor, da amizade e de relacionamentos amorosos e profissionais estão no cerne desse novo filme de Cesc Gay.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Lee, dirigido pela premiada cineasta, Ellen Kuras, vai contar a história da correspondente de guerra da revista Vogue, durante a Segunda Guerra Mundial, Elizabeth Lee Miller. O filme vai abordar uma década crucial na vida dessa fotógrafa norte-americana, mostrando com afinco o talento singular e a tenacidade dela, o que resultou em algumas das imagens de guerra mais emblemáticas do século XX. Isso inclui a foto icônica que Miller tirou dela mesma na banheira particular de Hitler. Miller tinha uma profunda compreensão e empatia pelas mulheres e pelas vítimas sem voz da guerra. Suas imagens exibem tanto a fragilidade quanto a ferocidade da experiência humana. Acima de tudo, o filme mostra como Miller viveu sua vida a todo vapor em busca da verdade, pela qual ela pagou um alto preço pessoal, forçando-a a confrontar um segredo traumático e profundamente enterrado de sua infância.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Prólogo do live action de Rei Leão, produzido pela Disney e dirigido por Barry Jenkins, o longa contará a história de Mufasa e Scar antes de Simba. A trama tem a ajuda de Rafiki, Timão e Pumba, que juntos contam a lenda de Mufasa à jovem filhote de leão Kiara, filha de Simba e Nala. Narrado através de flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho até que ele conhece um simpático leão chamado Taka – o herdeiro de uma linhagem real. O encontro ao acaso dá início a uma grande jornada de um grupo extraordinário de deslocados em busca de seu destino, além de revelar a ascensão de um dos maiores reis das Terras do Orgulho.