Eu ainda penso ser você

Quando meu celular treme, eu ainda penso ser você. Mesmo sabendo que é um clichê desperdiçar o tempo me perguntando se você também sente a minha falta. Agora já é tarde, nós dois sabemos, e saudade talvez não seja uma palavra que você ligue a mim ultimamente. Durante o nosso tempo juntos eu quis saber se havia um lugar para mim aí contigo. Nesse teu peito duro e imbecil que custou a me aceitar. Porém, hoje eu sinto não ter mais direito de querer saber como vai você, até porque fui eu quem decidiu fechar a porta.

Gritei aquele “vai embora” com toda a força que ainda havia restado, e você deve saber que era pouca, tão pouca. No fim do que vivemos, pouco de mim ainda existia. E foi justamente por isso que te quis longe. Tudo em busca de uma tentativa frustrada de livrar a dor que já visitava todos os dias a minha casa escancarada chamada coração. E hoje, com e sem você, sinto dizer que me dói mais ainda.

Eu quero saber a todo momento onde você está, o que faz a cada minuto, e se aquele ser engraçado passou mais uma vez na frente da porta do seu trabalho. Queria ligar no meio da noite, perguntar que filme você está assistindo e mais uma vez tentar descobrir quando você conseguirá realizar um pequeno esforço para vir me ver. São todos os dias em que meu primeiro pensamento é teu nome. Sei que você não encontrou alguém para me substituir, pois meu amor jamais faria isso. Mas tenho medo de pensar que dessa vez te perdi para sempre, e que aquele nosso encontro não irá se repetir. Penso a todo tempo, cogito, minto, choro. Escrevo essas mensagens que logo em seguida apago para não enviar. Então me diz: isso é esquecer você?

Talvez se eu soubesse esperar, eu ainda teria você comigo. Nada seria tão difícil, e tantas brigas teríamos evitado. Eu deveria ter apenas ficado quieto, mas é inútil querer isso de quem tem muito a falar. E quer saber? Mesmo após aquele adeus, eu soube que você nunca iria embora de mim. Você vai ser para sempre marca em meu peito, e disso estou certo. Há tanto que eu deveria ter feito mas não fiz. É tarde para pensar, querer voltar atrás. Não dá, impossível. Mas deveria ter esperado pelo tempo em que você me amaria de volta. Na hora certa. Porém eu quis amor, e quis logo. E agora que você se foi eu apenas tento sobreviver de memórias, mas elas mais me matam do que me mantém vivo.

Passado algum tempo, sei que não quero beijar outros lábios se o teu gosto não estiver lá presente. Esse gesto já não fará sentido, e de olhos fechados não poderei fingir ser você quem estarei beijando. Aquele sabor eu quero de volta, preciso sentir novamente o misto de álcool e remédio sabor abacaxi que existia na tua boca quando ela era minha. A minha língua quer uma dança novamente, e todo o resto quer outra vez encaixar em ti. Faz tempo que tento afastar a ideia de que aquele foi o nosso último beijo, nós dois escondidos no quintal da tua casa. O mundo nunca precisou saber do nosso amor. Desculpe-me então por expô-lo aqui. Faço porque preciso deixar claro que eu te quero de volta, sempre vou querer.

Por favor, chegou a vez de você vir até aqui e me render como fez naquela noite. Faz-me prisioneiro de tua querência singular, de tua paixão tão efêmera quanto tua carência. Vem aqui selar meus lábios, me deitar na cama e evitar que eu comece a te fazer perguntas. Preenche meu ser com tudo que você guarda aí dentro, pois assim não vou questionar se irei te ver novamente quando você ainda estiver comigo. Erro meu te querer a todo tempo, erro teu ser tão tudo que eu preciso.

E quando meu celular treme, eu ainda penso ser você…

Por Pedro Guerra
06/11/2017 01h52