Elementos arrisca com novo gênero mas não supre as expectativas

Foto: Pixar

Difícil tarefa da Disney/Pixar este ano. Com tantos lançamentos empolgantes, como Homem-Aranha: Através do Aranhaverso e até o anti-Ariel Ruby, The Teenage Kraken, o simpático Elementos provavelmente passará despercebido. Dirigido por Peter Sohn, veterano do estúdio, o lançamento conta uma boa história mas não da maneira certa.

O filme se passa na Cidade Elemento e acompanha Faísca, uma garota do fogo que passa por vários perrengues ao cuidar da loja do pai. Entre altos e baixos e uma destas confusões, a protagonista conhece Gota, um rapaz da água, que trabalha como fiscal da prefeitura e, por conta das multas do estabelecimento, ameaça fechar a loja da família. Tentando salvar a loja, os dois acabam se envolvendo num relacionamento inesperado.

A produção tem 1h42 de duração. A primeira vista isto seria um dos pontos altos de Elementos, até porque ninguém aguenta mais um filme com duas horas. Infelizmente o curto espaço de tempo reflete em uma história apressada e sem direção sobre sua narrativa principal.

Sob todo o romance, que é o gênero escolhido para o filme, e tabu sobre água e fogo, está uma interessante história sobre uma família imigrante que encabeçou a criação de uma comunidade unida e marginalizada, o povo do fogo. As nuances sobre a nova casa que essa comunidade encontrou na cidade que não foi criada pensando neles são delicadas e interessantes. Também faz parte desse nicho o relacionamento entre os pais imigrantes e a primeira geração de filhos nativos, representada por Brasa e Faísca.

Elemental' movie reminds us to thank our parents while we can - Los Angeles  Times

Foto: Pixar

Todo esse aspecto da trama é instigante e faz parte da impecável criação de mundo e lore que nunca desaponta nos filmes da Pixar. Porém, essa história é eclipsada pelo romance entre Gota e Faísca, protagonistas do filme. Na verdade tudo perde o foco quando os dois entram em contato um com o outro. Um exemplo disso é que o primeiro desafio da faísca, que é impedir que a sua loja e casa sejam inundadas, é resolvido ainda no primeiro ato.

A jornada do herói normalmente encontrada nas produções do estúdio dá lugar a uma montagem típica de filmes românticos de sessão da tarde. O que não é de longe uma crítica, mas quando a trama sofre com isso, a montagem se torna um problema.

Óbvio que o filme ainda vale a pena ser assistido. Os personagens são envolventes e caricatos, os visuais são fascinantes, cada pedacinho de informação sobre a Cidade Elemento dá vontade de saber mais sobre as dinâmicas de cada elemento. Porém, o lançamento não está nem perto de ser o melhor filme da Pixar, que desde Luca. a posição não teve nenhum concorrente.

Por Deyse Carvalho
20/06/2023 13h59

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