Dramaturga transexual lança seu primeiro livro em Curitiba

A atriz, diretora teatral e dramaturga transexual Leonarda Glück lança, em parceria com a jovem Editora Dybbuk, seu primeiro livro, com seis peças teatrais especialmente selecionadas para a publicação, no próximo dia 2 de julho na Casa Selvática, sede do coletivo artístico que abriga a escritora, em Curitiba, sua cidade natal.

Convidada por Luciano Ramos Mendes, que comanda a Editora Dybbuk há apenas um ano, para a empreitada de lançamento da obra, Glück diz que foi com espanto e prazer que aceitou o convite: O Luciano é meu amigo faz tempo, e nós dois temos em comum a paixão fervorosa pela literatura. Ele me deu carta branca para que escolhesse da minha produção literária o que quisesse lançar, e foi aí que aproveitei o ensejo para lançar algumas das peças de teatro que escrevi: sonho de anos que sempre tive. Dramaturgia é coisa raríssima na literatura brasileira, quase uma categoria fantasma, restrita àqueles que tem apreço pela linguagem teatral, e eu quero mudar isso.

Serão lançadas seis peças para teatro sob o irreverente título A Perfodrama de Leonarda Glück Literaturas Dramáticas de Uma Mulher (Trans) de Teatro, algumas já encenadas e outras ainda inéditas. A tarde de lançamento conta com leituras dramáticas de alguns trechos das peças que compõem o livro. Os textos de dramaturgia contemporânea são As Três Irmãs, Um Melodrama Rocambolesco em Quatro Capítulos, inspirado pelo clássico teatral do autor russo Anton Tchekhov (texto feito sob encomenda do diretor Gabriel Machado, que ganhou encenação pela Selvática Ações Artísticas na Casa Selvática em 2012), Cutelo Assassino, Uma Tragédia Grega de Atrocidades (o texto ganhou leitura dramática em evento na Casa Selvática, em 2015),Jesus Vem de Hannover (encenado pela Companhia Silenciosa em 2008 no Teatro Novelas Curitibanas), O Faqueiro de Górgona ou Górgona e As Mil Facas Encantadas (o texto já foi lido em alguns eventos de teatro em Curitiba, por diferentes grupos, mas ainda não ganhou montagem oficial), Rebecca ou David Começa a Babar (encenado pela Companhia Silenciosa em 2010 e indicado ao Troféu Gralha Azul de Melhor Texto) e Stoccarda (inédita). Quando questionada sobre o título do livro, a autora responde: A minha figura está intimamente conectada com tudo aquilo que produzo, portanto, com o teatro que faço não seria diferente. O teatro performático que tenho apresentado no Brasil nos últimos vinte anos é uma justaposição do campo do drama em si com o da performance arte, e a sexualidade de uma mulher como eu também deve ser levada em conta nos resultados que fabrico. Se há tantos homens de teatro espalhados por aí, por que não uma mulher trans de teatro?

No livro temas como amor, neocolonialismo, globalização, linguística, transexualidade e conflitos mundiais dão o tom de um teatro provocativo que deseja ser absorvido por escolas, faculdades e grupos de teatro e artes do país todo, um teatro que gera reflexão em vez de mero entretenimento. O texto que abre o livro de Leonarda Glück é escrito pelo diretor teatral Ricardo Nolasco, colega de palco da autora há dez anos. O material textual é também acompanhado de um ensaio fotográfico exclusivo da artista, que também é performer nas horas vagas, feito pela fotógrafa cearense Natália Marques no início de 2016 em Curitiba.  

Serviço:

Lançamento do livro A Perfodrama de Leonarda Glück Literaturas Dramáticas de Uma Mulher (Trans) de Teatro, da Editora Dybbuk;

Local: Casa Selvática Rua Nunes Machado, 950 Rebouças Curitiba PR;

Data: 02 de Julho.

Horário: 16 horas.

Por Igor Francisco
24/06/2016 18h02