Imagine-se, pequeno, num quarto escuro. Muito escuro. Sem entender muito o que se passa fora dele, você se encolhe num canto, com medo. Não que seja confortável estar ali, mas, quietinho, ninguém lhe acha ou ameaça.
Neste quarto, você encontra livros e música, carinho em segredos, que, como você, ainda são pequenos. O cômodo é só seu, um espaço em sua mente. Enquanto vai à escola, vê reações que não entende de outras pessoas ridicularizando algo que você também não entende. Independente da educação, dos gostos, das notas, das incertezas, algo é confirmadamente hediondo: ser viadinho. Lembre-se: você não sabe o que é isso.
O tempo passou, o quarto aumentou (na proporção dos segredos e da negação). A família assiste, em casa, na TV, a situações cômicas e estereotipadas envolvendo sexualidade. Então, você começa a reproduzir um discurso que não entende muito bem, de que bicha tem que apanhar para virar homem, além de ser ótimo tema de piadas. Apanhar com motivo já é bem ruim, você deve saber. Uma chinelada da mãe todo mundo ganha. Imagine sem motivo.
Já mais tarde, adolescente, do nada, você descobre que sente algo diferente por um amigo. É só amizade, todo mundo sabe. Não sabe? Mais encolhido no canto de um quarto escuro cada vez maior, há um desejo: saber se há prateleiras. Tateando cegamente o ar, encontra livros empoeirados, músicas novas, sentimentos novos, mais potentes. Apesar de ter tido suas namoradinhas (nem todos as têm), é de seu amigo que você quer cuidar mais.
Aos poucos, uma luz começa a aparecer, tímida. Será que você vai apanhar sem motivo? Será que vai perder o amigo? Será que é abominável como muitos dizem? É piada pronta? Não, de maneira alguma! Nunca seria. Então, engole tudo e se encolhe de novo, fechando bem forte os olhos. Seu único conforto é o melhor amigo, origem do conflito.
Então, as dores surgem. Suponha que seus pais estejam sempre presentes, mas que você não quer pensar no assunto; coloque uma imagem no medo que falar dele representa, entre no inferno. Cogitar é insanidade. No dia a dia, manter a compostura e esconder tudo de todos é rotina. Tenta apagar a ideia de si mesmo. A tristeza é tanta que suicídio não parece ruim. É grande a ponto de não mais adiantar se encolher. Para muitos, é o fim. Para outros, só começo. Aos olhos do mundo, abominação.
Se antes o quarto não dava medo, de repente, causa repulsa. A coragem cresce e você se atreve a cogitar ser algo ruim. Um período de revolta se inicia, momento em que você faz consigo o que lhe ensinaram: se maltrata. Tem quem se corte, tem quem beba muito, tem quem encontre drogas variadas. O único intuito é agredir a si mesmo.
Os pais, que nada sabem, nada entendem. Se a vida sempre foi dupla, agora é extrema. Socialmente exemplar de um lado, condenável do outro. Tem quem seja só condenável, tem quem seja só exemplar. Tem bicha de todo tipo. Viado não é tudo igual. Finalmente, se encolher não é mais opção. Há um mundo lá fora, mundão.
Tudo continua tão difícil quanto sempre foi? Sim. Mais. A cara é dada a cada tapa. Falar com a família ou não, para qual amigo contar, no ombro de quem chorar. Uma batalha após a outra. Muitas, muitas lágrimas. Outros tantos gritos contidos. O mundo lhe condena. Você aceita a condição e até gosta, encontra prazer na dor. Não quer nada disso. Quer um pouco de paz.
Aí você se permite experimentar de tudo e percebe que não sente ser errada a sua vida. Se arrisca. Depois de muito tempo de conselhos sobre ser alguém, vive e pensa como uma pessoa com vontades e desejos. Busca ajuda. Se quer bem. É uma pessoa com contas, preocupações, trabalho, estudo… Ou nada disso. Tem viado de tudo quanto é jeito, lembra?
Você escuta, depois que passa por momentos em que acabar com a vida parece solução, as mesmas agressões, mas há diferença: você sabe quem é e pelo que luta. Ninguém tem nada com isso. Talvez o namorado. Talvez o amigo. É sua decisão em quem confiar. Escolha você mesmo! Ou pense que você tem essa decisão, lembre-se, é tudo suposição. Você se imaginou assim.
Neste 17 de maio, Dia Internacional contra a Homofobia, pense bem nas palavras que diz, na dor que pode causar. Pense que há uma vida atrás de um rosto. Pense que poderia ser você, seu filho, sua tia sapatão ou seu irmão. Um sussurro é um berro num quarto escuro.
Se você for bicha, viado, trans, saiba que não tem coisa melhor de ser o que se é. Mesmo que doa. Muito. Que vida não dói? A diferença é que um inimigo vira seu amigo. Quem? Você. Mesmo que nem faça sentido.
Abaixo, algumas indicações que podem mudar perspectivas. Não tem só viado não, não se preocupe. Tem também, mas é mais sobre quartos escuros e o medo do mundo. Viado, bicha, sapatão não é elogio. Não é xingamento. É deixar de se encolher. É viver. Com terapia ou sem. Com horizonte.
Caso assista a algum filme, pense que, em um trecho, pode ser uma história sua, vivida, ou aquela que você não viu na sua casa (ou que poderia ter sido escrita de maneira diferente). São histórias de seres humanos. Exatamente como você. Não é?
https://www.youtube.com/watch?v=9OvOtV1Hpcw
https://www.youtube.com/watch?v=pKRoqzSccMs
Todos estão na Netflix.
Data de Lançamento: 09 de janeiro
As reservas naturais da Terra estão chegando ao fim e um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand, Jenkins e Doyle, ele seguirá em busca de um novo lar.
Data de lançamento: 09 de janeiro.
Data de Lançamento: 09 de janeiro
Peça por Peça é uma autobiografia de Pharrell Williams, dirigido por Morgan Neville. A narrativa acompanha o cantor em seu processo imaginativo e criativo usando o Lego para construir sua história e o seu desenvolvimento artístico. Cada construção da sua vida no Lego é uma representação à partir de um marco criativo diferente. Pharrell estava desinteressado em fazer um filme tradicional sobre sua vida, então decidiu contar sua história de forma que libertasse a imaginação do público e a tornando acessível para qualquer idade. Desenvolvido a partir de sua visão singular, Peça por Peça define gêneros e expectativas para transportar o público para um mundo Lego onde tudo é possível.
Data de lançamento: 09 de janeiro.
Data de Lançamento: 09 de janeiro
Em 12.12: O Dia, o assassinato da maior autoridade da Coreia do Sul causa um caos político sem precedentes. O ano é 1979 e, após a morte do presidente Park, a lei marcial é decretada, dando abertura para um golpe de estado liderado pelo Comandante de Segurança da Defesa, Chun Doo-gwang (Hwang Jung-min), e seus oficiais. Ao mesmo tempo, o Comandante da Defesa da Capital, Lee Tae-shin (Jung Woo-sung), acredita que os militares não devem tomar decisões políticas e, por isso, tenta impedir com os planos golpistas. Em um país em crise, diferentes forças com interesses diversos entram em conflito nesse filme baseado no evento real que acometeu a Coreia do Sul no final da década de 70.
Data de Lançamento: 09 de janeiro
Em meio à turbulência política de Teerã, desencadeada pela morte de uma jovem, Iman, recém-promovido a juiz de instrução, enfrenta uma batalha interna contra a paranoia e o esgotamento mental. A pressão de sua nova posição e os eventos inquietantes que o cercam o empurram para um estado de vigilância constante. Quando sua arma pessoal desaparece misteriosamente, Iman começa a desconfiar de sua própria família, especialmente de sua esposa e filhas. Consumido pela suspeita, ele impõe regras rígidas e medidas extremas que rapidamente minam os laços familiares e levam todos ao limite. A trama aborda temas como poder, desconfiança e os impactos psicológicos das crises sociais. Enquanto Iman tenta equilibrar seu papel como juiz em um cenário politicamente carregado, ele se vê perdido entre o dever profissional e as consequências devastadoras de suas escolhas pessoais. O desaparecimento da arma se torna um catalisador para revelar não apenas os segredos ao seu redor, mas também os efeitos corrosivos de sua paranoia sobre as relações que mais importam. Com uma narrativa intensa e provocativa, o enredo questiona até onde a pressão pode levar uma pessoa e como isso pode transformar a dinâmica de uma família em tempos de crise.
Data de lançamento: 09 de janeiro.
Data de Lançamento: 09 de janeiro
RM: Right People, Wrong PlaceRM: Right People, Wrong Place é um documentário revelador, onde o líder do BTS, RM (ou Kim Namjoon), compartilha sua jornada íntima enquanto navega pelo estrelato global e trabalha em seu segundo álbum solo, Right Place, Wrong Person. Em busca de autoconhecimento e autenticidade, RM reflete sobre os desafios e sentimentos que moldam a sua vida pessoal e artística. Pela primeira vez, ele se permite ser verdadeiramente honesto consigo mesmo, revelando histórias e emoções até então desconhecidas por seus fãs. Acompanhando sua jornada criativa por diversas cidades ao longo de 2023, o documentário oferece um vislumbre único de sua busca pela verdade e pela conexão com o público. RM dá um passo à frente, abrindo a porta para compartilhar quem ele realmente é, além do ícone global que todos conhecem.
Data de lançamento: 09 de janeiro.
Data de Lançamento: 09 de janeiro
Em Meu Bolo Favorito, uma senhora de 70 anos chamada Mahin (Lili Farhadpour) vive sozinha em Teerã após a morte do marido e a ida da filha para a Europa. Seguindo sua rotina, regando as plantas, lavando as louças, vendo televisão à noite, Mahin é uma mulher solitária. Um dia, ela decide acompanhar suas amigas num chá da tarde e reencontra o ânimo para deixar a solidão para trás e recomeçar sua vida amorosa. Quando ela se abre para o amor e a paixão, um encontro inesperado coloca em seu destino um novo romance. Assim como Mahin, o taxista Faramarz (Esmaeel Mehrabi) procura um colo para se aconchegar. Os dois conversam sobre o envelhecimento, a morte, o amor e a vida e uma fagulha incendeia o coração de ambos. Meu Bolo Favorito foca na vida interna de seus protagonistas sem deixar de lado a política que acompanha o Irã pós-revolução, cultivando uma história sobre os desejos íntimos de uma mulher em um país onde seus direitos são negados.
Data de lançamento: 09 de janeiro.
Data de Lançamento: 09 de janeiro
Baby, o segundo longa-metragem do aclamado diretor Marcelo Caetano, conhecido por seu trabalho em Corpo Elétrico (2017), foi escolhido para participar da 63ª Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024. Baby é o apelido que Wellington (João Pedro Mariano) recebe. Baby é um jovem recém-libertado de um centro de detenção para jovens, que se vê perdido nas ruas de São Paulo. Durante uma visita a um cinema com foco em produções pornográficas, ele conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa que têm Baby como seu protegido e está determinado a ensinar as malícias da vida e novas formas de sobreviver. A partir de então, os dois iniciam uma relação tumultuada, marcada por conflitos entre exploração e proteção, ciúme e cumplicidade. Ambientado em um cenário urbano vibrante, Baby explora as complexidades das conexões humanas e os desafios de se reintegrar na sociedade após o período de detenção.
Data de lançamento: 09 de janeiro.
Data de Lançamento: 09 de janeiro
Um dos personagens mais queridos do universo de A Turma da Mônica irá enfrentar um grande desafio em Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa. Chico Bento acorda para mais um dia na Vila Abobrinha focado em conseguir subir em sua amada goiabeira para pegar a fruta sem o dono das terras saber. O que Chico não esperava era que sua preciosa árvore estaria ameaçada pela construção de uma estrada na região, já que, para desenhar a rodovia, será preciso pavimentá-la pela propriedade de Nhô Lau, exatamente onde a goiabeira está plantada. Focado em salvar a árvore, Chico Bento reúne seus amigos Zé Lelé, Rosinha, Zé da Roça, Tábata, Hiro e toda a comunidade para acabar com o projeto da família de Genezinho e Dotô Agripino. Com a turminha se metendo em diversas confusões, Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa traz uma aventura que irá tirar o sossego e a tranquilidade da Vila Abobrinha.
Data de lançamento: 09 de janeiro.
Data de Lançamento: 09 de janeiro
Em Babygirl, uma empresária bem-sucedida coloca sua família e carreira em risco em nome de um caso com seu estagiário bem mais jovem. No thriller erótico de Halina Reijn, Romy (Nicole Kidman) é uma executiva que conquistou seu posto como CEO com muita dedicação. O mesmo se aplica a sua família e o casamento com Jacob (Antonio Banderas). Tudo o que construiu é posto à prova quando ela embarca em um caso tórrido e proibido com seu estagiário Samuel (Harris Dickinson), que é muito mais jovem. A partir daí ela anda corda bamba de suas responsabilidades e, também, nas dinâmicas de poder que envolvem suas relações.
Data de lançamento: 09 de janeiro.