Aproxima-se o carnaval. Cura dos desvalidos, desforra dos oprimidos, apoteose da brasilidade. O princípio e o fim dos tempos – todo bom brasileiro que se preze sabe que o ano só começa depois da folia. Alegria das gentes, paz dos povos, unificação da nação. E, pairando sobre ele, uma questão ainda mais premente do que descobrir com que roupa eu vou: o que fazer?
Há quem goste de ficar em casa e há quem ame viajar. Há quem seja contra a folia e há quem não possa perder. O problema surge quando, como eu, você é um pouco de tudo isso. O presente trabalho visa, portanto, à revisão de literatura sobre o tema, a fim de melhor fundamentar a escolha dos que, também como eu, deixaram para decidir tudo de última hora (fazendo jus à carteirinha de Bom Brasileiro Que Se Preze). Espero que seja de ajuda.
São quatro as combinações possíveis. Hoje vamos explorar três delas.
A opção mais econômica – e mais triste também. Se for criança, você pode ir para a casa da sua avó predileta, acompanhar o desfile das escolas de samba na televisão e, enquanto ela mais dorme do que assiste, ir adormecendo sem saber que a sua história era mais bonita que a de Robinson Crusoé. É triste porque, mais velho, você vai lamentar não poder voltar ao tempo dos amores simples.
Se for adolescente – ou, de repente, um adulto estudando para concursos –, você pode se convencer de que comprar o pacote de entradas para o cinema do shopping é um ótimo negócio. Depois você ouvirá com certa amargura os relatos empolgados dos colegas que viajaram para o mela-mela na praia ou para as ladeiras de Olinda. Tudo bem, tudo bem, você nunca gostou de levar ovo e farinha na cara mesmo. E, quanto aos concursos, não se preocupe, você será aprovado mais rápido que a maioria deles.
Se for um adulto de vida estável morando em Curitiba, durma. Durma bastante. Faça também um estoque de comida. É possível que até os supermercados fechem.
Pode trazer más lembranças do tempo em que você não viajava porque não tinha dinheiro (em linguagem contemporânea: pode dar gatilho). De toda forma, pode até funcionar – desde que você não more em Curitiba.
Mesmo que a cidade seja das suas favoritas no mundo, será preciso coragem para passar o feriado na maior capital do Sul do país. Se decidir ficar, quem sabe para desafiar os detratores e provar que estavam errados – afinal de contas, o pré-carnaval em Curitiba é ótimo –, talvez descubra que falavam a verdade. Ao final, você para sempre se lembrará do bloquinho improvisado que, composto por seus cinco ou seis percussionistas (e mais seus cinco ou seis foliões), duraria só até cair uma chuva torrencial.
Se for religioso, considere participar de vigílias – virar a noite no culto também configura farra. Esteja, no entanto, preparado para o caso de uma vizinha invadir a igreja e, aos prantos, explicar que tem criança pequena em casa e implorar que, pelo amor de Deus, que não é surdo, você e seus colegas cantem mais baixo, que já são três horas da manhã e ela logo mais tem ponto para bater. Na hipótese de ela começar a se tremer da cabeça aos pés, é possível que o pastor a tome por endemoninhada e a expulse de lá enquanto ora para amarrar seus demônios, mas paciência, a salvação tem preço alto – muitos são os chamados, poucos os escolhidos.
“Destino oficial dos casais 30+ que não pulavam carnaval nem quando tinham 16” – as amigas que realmente conhecem você usarão slogans como esse para fazer propaganda dessa que, sem dúvidas, é das opções mais tentadoras.
Bom para consolidar namoros recentes e reparar amizades que talvez não viessem tão bem das pernas. Bom também para terminar de vez amizades ruins e namoros que, para começo de conversa, nunca deveriam ter deslanchado. De uma forma ou de outra, dá FOMO (em bom português: MFF – Medo de Ficar de Fora), porque, se você teve dinheiro para dar muitos mil reais numa passagem para Buenos Aires ou Campos do Jordão, certamente seria capaz de arcar com os custos da alternativa mais cara (ver próxima crônica).
Se for viajar com a família, lugares frios são fortemente recomendados, pois, como se sabe, o calor pode esquentar ânimos e levar a cabeça quente de alguns parentes à ebulição. É possível, por exemplo, que você tenha que apartar uma briga entre seu avô e sua tia, enquanto ele a manda caminhar sempre pela sombra, maneira sutil de chamá-la de ser das trevas. Com sorte, isso aumentará seu gosto pelas figuras de linguagem e, talvez, um dia você vire escritor(a)(e).
Por ora, paremos por aqui. Semana que vem, exploraremos as maravilhas da opção predileta dos brasileiros: Viajar e Farrear.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
As Crônicas de Uma Relação Passageira conta a história do romance entre Charlotte (Sandrine Kiberlain) e Simon (Vicenti Macaigne) que se conhecem em uma festa. Charlotte é uma mãe e solteira, já Simon é um homem casado e sua esposa está grávida. Eles se reencontram num bar e começam um relacionamento repleto de percalços. Ela é mais extrovertida, pouco preocupada com o que os outros pensam. Ele é mais tímido e retraído. A princípio, os opostos realmente se atraem e ambos concordaram em viver uma relação apenas de aventuras, mas tudo se complica quando os dois criam sentimentos um pelo outro e o que era para ser algo muito bom, acaba se tornando uma relação perturbadora.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Dirigido e roteirizado por Pat Boonnitipat, a trama dessa ficção emocionante, Como Ganhar Milhões Antes que a Vó Morra, acompanha a jornada do jovem When M (Putthipong Assaratanakul), que passa a cuidar de sua avó doente chamada Amah (Usha Seamkhum), instigado pela herança da idosa. O plano é conquistar a confiança de sua avó, assim será o dono de seus bens. Tendo interesse apenas no dinheiro que Amah tem guardado, When resolve largar o trabalho para ficar com a senhora. Movido, também, por sentimentos que ele não consegue processar, como a culpa, o arrependimento e a ambição por uma vida melhor, o jovem resolve planejar algo para conseguir o amor e a preferência da avó antes que a doença a leve de vez. Em meio à essa tentativa de encantar Amah, When descobre que o amor vem por vias inimagináveis.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Um aspirante a escritor utiliza um alter ego para desenvolver seu primeiro romance. Em Sebastian, Max é um jovem de 25 anos que vive como escritor freelancer em Londres trabalhando com artigos para uma revista. Ter um livro publicado fala alto na lista de desejos do rapaz e, então, ele encontra um tema para explorar: o trabalho sexual na internet. Se a vida é um veículo de inspiração para um artista, Max corre atrás das experiências necessárias para desenvolver a trama de seu livro. Com isso, durante a noite, Max vira Sebastian, um trabalhador sexual com um perfil em um site no qual se oferece pagamentos por uma noite de sexo. Com essa vida dupla, Max navega diferentes histórias, vulnerabilidades e os próprios dilemas. Será que esse pseudônimo é apenas um meio para um fim, ou há algo a mais?
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Uma comédia em que grandes segredos e humilhações se cruzam e vem à tona. Histórias Que é Melhor Não Contar apresenta situações com as quais nos identificamos e que preferimos não contar, ou melhor, que preferimos esquecer a todo custo. Encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões sem sentido, o filme aborda cinco histórias com um olhar ácido e compassivo sobre a incapacidade de controlar nossas próprias emoções. Na primeira história, uma mulher casada se vê atraída por um rapaz que conheceu em um passeio com o cachorro. Em seguida, um homem desiludido com seu último relacionamento se vê numa situação desconfortável na festa de um amigo. Na terceira, um grupo de amigas atrizes escondem segredos uma da outra. Por último, um professor universitário toma uma decisão precipitada; e um homem casado acha que sua mulher descobriu um segredo seu do passado. Com uma estrutura episódica, as dinâmicas do amor, da amizade e de relacionamentos amorosos e profissionais estão no cerne desse novo filme de Cesc Gay.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Lee, dirigido pela premiada cineasta, Ellen Kuras, vai contar a história da correspondente de guerra da revista Vogue, durante a Segunda Guerra Mundial, Elizabeth Lee Miller. O filme vai abordar uma década crucial na vida dessa fotógrafa norte-americana, mostrando com afinco o talento singular e a tenacidade dela, o que resultou em algumas das imagens de guerra mais emblemáticas do século XX. Isso inclui a foto icônica que Miller tirou dela mesma na banheira particular de Hitler. Miller tinha uma profunda compreensão e empatia pelas mulheres e pelas vítimas sem voz da guerra. Suas imagens exibem tanto a fragilidade quanto a ferocidade da experiência humana. Acima de tudo, o filme mostra como Miller viveu sua vida a todo vapor em busca da verdade, pela qual ela pagou um alto preço pessoal, forçando-a a confrontar um segredo traumático e profundamente enterrado de sua infância.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Prólogo do live action de Rei Leão, produzido pela Disney e dirigido por Barry Jenkins, o longa contará a história de Mufasa e Scar antes de Simba. A trama tem a ajuda de Rafiki, Timão e Pumba, que juntos contam a lenda de Mufasa à jovem filhote de leão Kiara, filha de Simba e Nala. Narrado através de flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho até que ele conhece um simpático leão chamado Taka – o herdeiro de uma linhagem real. O encontro ao acaso dá início a uma grande jornada de um grupo extraordinário de deslocados em busca de seu destino, além de revelar a ascensão de um dos maiores reis das Terras do Orgulho.