De ator a governador: quem nomeia os principais palcos de Curitiba?

Personalidades que nomeiam auditórios do Teatro Guaíra Foto Arquivo CCTG.
Foto: Arquivo CCTG

Um dos maiores complexos culturais da América Latina, o Centro Cultural Teatro Guaíra completa 140 anos. Do Guairão ao Guairinha, seus espaços se consagraram na cidade, recebendo os maiores nomes do teatro, da música e da dança do país, e até de âmbito internacional. Ainda que os auditórios ganhem apelidos do público, eles levam nomes de figuras importantes da história do Paraná.

Guairão

Bento Munhoz da Rocha Neto. Foto: Arquivo CCTG.

Bento Munhoz da Rocha Netto. Foto: Arquivo CCTG.

Por ser o maior do complexo, o Auditório Bento Munhoz da Rocha Netto é chamado de Guairão. Seu nome oficial homenageia também uma grande figura para o estado. Bento Munhoz da Rocha Netto (1905 – 1978) foi governador do Paraná e retomou a proposta de construção do teatro, antes paralisada. A construção foi iniciada para a celebração do centenário da emancipação política do estado. O governador também fez parte da construção e instauração de importantes marcos em Curitiba e no Paraná, como obras de energia elétrica, rodovias estratégicas, centros de saúde, a construção do Centro Cívico e da Biblioteca Pública do Paraná.

Guairinha

Salvador de Ferrante. Foto: Arquivo CCTG.

Salvador de Ferrante. Foto: Arquivo CCTG.

O primeiro palco inaugurado no atual endereço do Teatro Guaíra guarda muita história. O espaço recebeu o então presidente do Brasil, Café Filho, na sua inauguração, em 1954. O nome homenageia um ator pioneiro do teatro paranaense: Salvador de Ferrante. Fundador da Sociedade Teatral Renascença, montou cerca de 90 espetáculos no primeiro prédio do Guaíra. O auditório o homenageia por um pedido da própria classe artística da época. Ferrante faleceu em 1935, muito antes da inauguração do espaço, mas seu legado segue vivo no palco.

Miniauditório

Glauco Flores de Sá Brito. Foto: Arquivo CCTG.

Glauco Flores de Sá Brito. Foto: Arquivo CCTG.

Quem batiza o terceiro palco do Guaíra é o escritor, jornalista, diretor e crítico teatral Glauco Flores de Sá Brito. Ele esteve à frente de peças de teatro, programas de rádio e TV. Ficou conhecido por valorizar o teatro contemporâneo e montou grandes nomes do teatro mundial, como Tennessee Williams. Fazia parte do grupo de frequentadores do Café Belas Artes, que na década de 1940 discutia arte e cultura e agitava a cidade. Brito chamou atenção até de Carlos Drummond de Andrade, com quem manteve amizade. Fundou, com Dalton Trevisan e Ary Fontoura, o Teatro Experimental Guaíra, em 1956. Faleceu em 1970.

José Maria Santos

José Maria Santos. Foto: Arquivo CCTG.

José Maria Santos. Foto: Arquivo CCTG.

Outra construção que faz parte do Complexo está a menos de um quilômetro do Guaíra: o Teatro José Maria Santos. O edifício tombado pelo Patrimônio Cultural do estado homenageia um renomado ator, diretor e produtor na cidade. José Maria Santos integrou movimentos de destaque dos palcos locais, como o Teatro de Comédia do Paraná e o Teatro da Classe. Foi diretor do TECEFET, grupo de teatro do CEFET-PR (Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná). Faleceu em 1990; em 1998, foi inaugurado o teatro que celebra seu legado.

 

Por Brunow Camman
25/09/2024 12h09

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