Crítica – Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where to Find Them)

Com mensagens claras de combate à corrupção no âmbito político e proteção aos animais – que sempre estiveram presentes nos oito filmes da série Harry Potter -, a nova quintologia (sim, J.K. Rowling confirmou recentemente que teremos mais quatro filmes) traz de volta o universo bruxo em perspectiva mundial. Agora, não mais dentro dos limites dos muros de Hogwarts.

Qualquer preocupação prévia com a nova saga, com medo de que ela “estrague aquele universo já consolidado” já pode ser descartada. J.K. é a roteirista do filme, e não há dúvidas de que ninguém sabe tanto sobre o mundo mágico quanto ela. E para explorar a história da magia ao longo dos séculos, somos enviados para Nova Iorque, no período entre guerras, e conhecemos uma nação apreensiva perante conflitos internos e ainda aprendendo a lidar com os reflexos da Revolução Industrial – afinal, não aprendemos até hoje.

Jacob (Dan Fogler) cruza o caminho do bruxo Newt Scamander (Eddie Redmayne) enquanto busca financiamento para abrir uma padaria, enquanto Scamander veio da Europa a fim de ampliar seus estudos sobre os animais do mundo bruxo, que resultará no livro “Animais Fantásticos e Onde Habitam”. O não-maj (ou trouxa, como preferir) liberta da mala de Scamander alguns de seus animais, dando início ao primeiro conflito do longa.

Aqui, apesar do destaque no título, os fantásticos animais ficam em segundo plano. O plot maior gira em torno da já conhecida discussão sobre a soberania bruxa sobre os não-majs (quem não é bruxo), ou seja, um pretexto para Gellert Grindelwald ganhar importância na trama – mas calma, o primeiro filme é apenas uma introdução ao conflito, e pelo que vem sendo divulgado na mídia, teremos também o jovem Albus Dumbledore na sequência. #VemDuelo

Não entendeu? Dá uma olhada nessa produção de fãs que explica o duelo entre Dumbledore e Grindelwald:

Sem a questão bruxos/não-majs de fundo, a trama é vazia, repleta de situações previsíveis (a troca de maletas entre Jacob e Scamander), como uma desculpa para voltarmos ao mundo bruxo e sermos deslumbrados visualmente com os efeitos e animações computadorizadas dos animais. O que o filme entrega com perfeição.

A trilha de James Newton Howard requenta algumas combinações de acordes dos filmes de Harry Potter e torna mais difícil o distanciamento entre a nova saga e a antiga. Mas essa postura é assumida ainda nos primeiros segundos de projeção: a logo da Warner, que vimos repetir o mesmo movimento oito vezes para revelar o nome dos filmes da saga Harry Potter, aqui o repete em cumplicidade aos fãs que aguardavam afoitos por esse momento.

Enquanto o 3D é completamente dispensável, e até atrapalha a nitidez da imagens em certos movimentos de câmera, assistir ao filme em uma sala IMAX nesse caso realmente tem suas vantagens. Os efeitos de CGI (Computer-Generated Imagery) ultrapassam as faixas pretas da razão de aspecto do filme, gerando uma impressão de terceira dimensão ainda maior. Olha só:

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(Imagem: IMAX Palladium)

É difícil estabelecer um distanciamento crítico entre Animais Fantásticos e Harry Potter, uma vez que ambos se passam no mesmo universo – visitado por nós tantas vezes quando crianças, em livros ou filmes. A carga nostálgica turva nosso olhar crítico e dificulta uma análise fria. Mas se o objetivo era convencer os potterheads (fãs de Harry Potter), o estúdio obteve sucesso.

O filme está em cartaz a partir de hoje (17). Confira o trailer da produção:

Por Rafael Alessandro
17/11/2016 16h49