Na coletiva de imprensa que Francis Ford Coppola deu em Curitiba no mesmo dia do lançamento de “Megalópolis”, uma jornalista teria dito que o diretor se referiu ao filme em outra entrevista como “uma fábula distópica”. Irritado, Coppola respondeu prontamente: “não é uma distopia”. Comentou como a imprensa acaba reproduzindo informações desencontradas, e reforçou: “é uma fábula”. E, com o filme agora em cartaz, é possível entender a irritação com tom de crítica do cineasta.
Não existe distopia em “Megalópolis” porque não é um filme que busca reproduzir uma possível realidade. É mais complexo do que outras produções que se alcunham distópicas, e se enraíza em outros alicerces, tanto estéticos quanto temáticos. Acostumado com um público que espera realidade até em filmes de super-heróis, avisa a todo o tempo que é necessário deixar a imaginação vencer para poder aproveitar o longa.
Como a discussão sobre o conceito de cidade é fundamental para “Megalópolis”, as referências à pólis romana é imediata. A cidade de Nova Roma traz estátuas grandiosas, as roupas da moda trazem referências a esse período e até a política é romana. A cena que representa os principais personagens debatendo como numa tribuna romana é muito bem elaborada, teatral. As referências a Shakespeare também chegam muito rapidamente: o personagem de Adam Driver chega a declamar o mais famoso discurso de “Hamlet”.
Assim, já imaginamos que Cesar Catilina (Driver) terá uma jornada pela insanidade até o fim trágico do príncipe dinamarquês. Mas estamos em uma fábula, então tudo é possível. Inclusive, a manipulação do tempo pelo protagonista, que impede até a queda de um prédio durante a implosão apenas para admirar a cena e planejar novos projetos urbanos.
A simbologia das cenas é importante aqui, e mesmo nos pequenos detalhes, Coppola coloca ênfase, não quer deixar passar nada. A passagem em que Catilina passeia pela cidade e vê estátuas romanas gigantescas se movendo, cansadas, ruindo, com uma placa escrito LEX (“Lei” em latim) se quebrando é um símbolo óbvio e eficaz. A lei que só funciona para os poderosos enquanto o povo sofre é uma lei falha.
Personagens aproveitadores como Clodio (Shia LaBeouf) olham o desamparo da população e usam isso a seu favor. Coppola não é nada discreto ao mostrar um personagem que já está nas redes do poder, mas se faz passar como “outsider” para manipular as massas e usar até simbologias nazistas sem sofrer consequências – pelo menos, em boa parte do longa. A crítica é direta e aponta como uma população revoltada e sem perspectiva acaba aceitando até mesmo o fim da democracia. Outras críticas como à mídia e ao entretenimento de massa também estão presentes, por vezes desviando a atenção da principal narrativa.
O planejamento da cidade é algo central no filme. Temos algumas cenas de Catilina rabiscando linhas e manipulando uma substância entre mágica e tecnológica que pode ser a salvação de Nova Roma. Mas seus inimigos políticos e até a população da cidade veem perigo nessa inovação. E de fato, o filme não mostra, ainda que no começo, grandes vantagens do material. Enquanto isso, Catilina vai caindo em seus próprios dramas e inseguranças. O amor pela filha (Nathalie Emmanuel) do prefeito (Giancarlo Esposito) e seu inimigo o levam a uma jornada lenta de reconstrução pessoal.
Talvez seja uma fraqueza do filme ter tanto destaque para a vida de Catilina. Ao se propor a discutir uma cidade pensada para sua população, mas dedicar mais de duas horas a contar a narrativa de um personagem, Coppola entre em conflito com a própria mensagem. Tanto que há um grande elenco mal aproveitado (o personagem de Laurence Fishburne, por exemplo, apenas desaparece em dado momento).
O estilo quase teatral é interessante, intensificando a relação com Hamlet, mas unido à fábula e a um tom mais futurista, equilibrado à relação com a Roma Antiga, cria algo único. Visualmente, é uma experiência inovadora e intensa, que resgata um lado mais criativo e até arriscado para Coppola, mais próximo de “Drácula de Bram Stoker” (1992) do que os realistas “Apocalypse Now” (1979) ou “O Poderoso Chefão” (1972). Algumas frases de efeito funcionam e outras não, desequilibrando o roteiro, bem como algumas cenas dispensáveis. Mas outras são impactantes e necessárias.
Em dado momento, na sala de cinema do Cine Passeio, um ator entra em cena para dialogar com Catilina. O momento é rápido, mas cria uma experiência diferenciada e coroa a mensagem de humanizar o povo que Coppola tenta imprimir. Porém, a dinâmica pode ser complexa para ser realizada em todos os cinemas. A crítica à indústria da sétima arte que o cineasta pode acabar sendo representada pela própria dificuldade de ser realizada.
“Megalópolis” não está livre de defeitos, mesmo que Coppola tenha levado décadas de pesquisa para finalizar o filme. O diretor e roteirista investiu o próprio dinheiro para conseguir finalizar a obra, considerada muito experimental por produtoras. E é. Coppola experimenta sem medo de ser inovador ou até mal compreendido e isso é um grande ganho para o longa. Mas ao fim, o que falta é justamente o que ele propõe discutir: o povo. São poucas cenas que mostram a população de Nova Roma, e aparecem como uma massa manipulável. As soluções mágicas da fábula são divertidas, mas não trazem respostas inspiradoras ao espectador. Para olhar para uma cidade inovadora, é preciso trazer mais a força do povo.
A ideia de que a cidade é feita de arte, e arte sem amor não tem alma, é poderosa. Isso, Coppola consegue passar de maneira simples na narrativa. Mas Catilina nunca desce do pedestal onde está para entender o amor do povo pela cidade, deixando sua metáfora menos eficaz.
Data de Lançamento: 28 de novembro
Jardim dos Girassóis acompanha o casal Roberto (Rodrigo Lombardi) e Carol (Fernanda Vasconcellos), que vivem uma vida regada a muito amor junto dos filhos. Um acontecimento trágico, porém, abala as estruturas da família. Lamentando a perda de um dos membros, todos tentam seguir em frente, apesar da dor. O filho mais novo do casal Lucas, entretanto, vira peça-chave para o desenrolar dessa fatalidade, uma vez que passa a conviver e ser perseguido pelo espírito inconformado com a própria morte. A partir daí, a família deve buscar ajuda espiritual para acabar com os momentos perturbadores e perigosos que colocam Lucas em risco e começam a acontecer cotidianamente. Baseado no romance espírita de mesmo nome da autora Lygia Barbiere do Amaral, Jardim dos Girassóis mostra, através das premissas religiosas do espiritismo, esse entrelaçamento entre vidas passadas e vidas atuais.
Data de Lançamento: 28 de novembro
Em Tesouro, uma filha curiosa viaja para a terra natal de seu pai para reconstruir as raízes de sua família. Tesouro narra a história da jornalista Ruth (Lena Dunham) em uma viagem para a Polônia acompanhada de seu pai Edek (Stephen Fry). Sobrevivente do Holocasuto, Edek tomou uma decisão muitos anos atrás de deixar seu país de origem, esquecer seu passado e seguir em frente, não desejando confrontar o que passou. Bem-humorado, charmoso e extrovertido, ele aceita acompanhar Ruth nessa jornada inicialmente apenas para vigiá-la, fazendo então seu próprio roteiro divertido. Quando, entretanto, os dois vão visitar o antigo lar da família, o clima pesa e Edek passa a sabotar os planos da filha, que deseja conhecer os lugares onde ele viveu e cresceu antes do Holocausto. Entre conflitos geracionais e situações cômicas, pai e filha se conectam pela primeira vez, descobrindo histórias emocionantes e enfrentando um trauma familiar através do humor e da sensibilidade.
Data de Lançamento: 28 de novembro
Em A Redenção: A História Real de Bonhoeffer, enquanto o mundo oscila à beira da aniquilação durante a Segunda Guerra Mundial, Dietrich Bonhoeffer (Jonas Dassler), um pregador do amor envolvido em um assassinato contra um tirano maligno, é levado ao epicentro de uma conspiração mortal para assassinar Hitler (Marc Bessant). Com sua fé e destino em jogo, Bonhoeffer deve escolher entre defender suas convicções morais ou arriscar tudo para salvar milhões de judeus do genocídio. Sua mudança de pregar a paz para tramar assassinatos alterará o curso da história ou lhe custará tudo? Até onde alguém irá para defender o que é certo?
Data de Lançamento: 28 de novembro
O Clube das Mulheres de Negócios é ambientado em um mundo onde os estereótipos de gêneros são invertidos, portanto, mulheres ocupam posições de poder que normalmente são ocupados por homens, e homens cumprem os papeis de serem socialmente submissos. A narrativa irá acompanhar Jongo (Luís Miranda), um fotógrafo renomado com o seu amigo jornalista, Candinho (Rafa Vitti), que chegam de manhã em um clube de campo em São Paulo. Esse clube, comandado por Cesárea (Cristina Pereira) e sua melhor amiga, Brasília (Louise Cardoso). Jongo já está preparado para o que os aguarda naquele ambiente onde metade das mulheres estão envolvidas com a justiça, já Candinho, terá um dia cheio de revelações escandalosas que o farão refletir sobre suas amizades e sua identidade. O Clube das Mulheres de Negócios aborda questões emergentes não apenas do machismo, mas também do racismo, do classicismo e da corrupção, enraizados na cultura patriarcal do Brasil e do mundo.
Data de Lançamento: 28 de novembro
Sequência da já clássica animação musical da Disney, Moana 2 acompanha o reencontro de Moana e Maui para uma nova aventura pelos mares. Passados três anos desde a última jornada marítima, um chamado de seus ancestrais leva a jovem polinésia Moana de volta para águas perigosas e distantes da Oceania com um grupo improvável de marinheiros. Com a ajuda também do semideus Maui, ela deve quebrar uma maldição terrível que um deus cruel e com sede de poder colocou sobre uma das ilhas de seu povo. Nessa grandiosa missão, Moana e sua equipe vão desbravar novos territórios e enfrentar velhos e novos inimigos, como monstros marítimos, feitiços e deuses do mal. Tudo isso em busca de reconectar sua nação e assegurar a paz dos oceanos.