Tem um episódio bem específico de Sex and the City que, pra mim, resume bem alguns aspectos da série que envelheceram mal. É um da fase em que a Samantha namora temporariamente com Maria, a personagem de Sonia Braga. Ao ouvir sobre o relacionamento da amiga, todas as piadas do episódio giram em torno disso. São piadas preconceituosas e sem graça, questionando a veracidade do interesse súbito da personagem por outra mulher. No mesmo episódio, Carrie conta que transou com um novo casinho no segundo encontro e é severamente reprimida por Charlotte – o velho papo do comprador da vaca e do leite grátis.
Esses não são os únicos aspectos de Sex and the City que já ficaram ultrapassados. Há poucos personagens negros, e os personagens gays, extremamente caricatos e sempre a postos para bajular as amigas mulheres, eram muito mal escritos. Para uma autora de uma coluna moderníssima sobre sexo, Carrie podia ser extremamente machista em muitos momentos. No entanto, a série teve mais pontos bons do que ruins pelas pautas que eram abordadas.
Foi uma das poucas até então a abordar a ideia de mulheres de trinta e tantos anos que não se encaixavam naqueles que eram até então os únicos estereótipos possíveis para uma mulher acima dos 30 em Hollywood: a solteirona triste e desesperada a la Bridget Jones, ou a dona de casa estilo soccer mom, sem grandes ambições além de fazer o casamento dar certo. As mulheres de Sex and the City tinham uma vida profissional estimulante, faziam sexo casual sem a esperança de casar com todo e qualquer pretendente e jamais eram vistas como velhas demais para fazer qualquer coisa.
Há tempos que Friends, a série queridinha absoluta dos anos 90, vem sendo questionada por questões similares. De repente percebemos que o personagem de Ross, considerado romântico há vinte anos, na verdade era um machista mala, e que Rachel teria se dado muito melhor se tivesse ficado no maldito avião. Percebemos também que a forma como a personagem de Monica era abordada na juventude era um tanto besta – ela era gorda e a piada era basicamente essa. Demorou, mas caímos na real. Que bom.
Mas o que fazer com séries que não parecem envelhecer muito bem? Nos comentários de posts sobre o tema em portais como o Buzzfeed, ou até mesmo em rodinhas de amigos, há quem diga que deixou de ver as séries por esses motivos. Há também quem “cancele” os personagens. Será que é justo julgar as séries de décadas atrás pela ótica de 2019? Justo talvez não seja, mas é necessário. Mas façamos isso da forma certa. A cultura do cancelamento pode até gerar ótimos tweets, mas não permite que as questões sejam debatidas de forma produtiva.
Em um episódio do atualíssimo Comedians in Cars Getting Coffee, Julia Louis-Dreyfus conta que, ao debater com os produtores sobre como disfarçariam a gravidez da atriz nas gravações de Seinfeld, o comediante sugeriu uma temporada em que a personagem de Julia, Elaine, apenas ficasse gorda. Julia conta que na época chorou copiosamente ao ouvir a proposta, que foi imediatamente descartada, mas ela conta que agora consegue perceber que talvez teria sido uma solução interessante. Embora eu entenda que no estilo dos roteiros de Senifeld essa situação até teria potencial pra ser abordada de forma inteligente e não ofensiva – Elaine era porreta – as chances de isso ser utilizado de forma relevante para a narrativa, como foi feito com a personagem de Betty Draper em Mad Men, eram baixíssimas.
O fato é que Ross Geller é, sim, um mala, mas ele é um personagem de 1994. Há personagens e até mesmo tramas bem mais atuais na TV que demonstram uma mentalidade ainda mais medieval. Outro dia peguei um pedaço da atual novela das 9h e, apenas em duas cenas, o autor conseguiu inserir duas situações de rivalidade feminina bizarramente ultrapassadas: em uma delas, a personagem de Ágatha Moreira estava indignada em se ver no papel de vendedora de sapatos – como se ser vendedora fosse algo ruim – e dava um pití por ter que ajudar uma conhecida (Paolla Oliveira, aparentemente no papel de uma blogueirinha) a vestir um calçado. Em outra cena, uma caricatíssima Nathalia Dill tentava passar a perna nos negócios na mocinha da trama, Juliana Paes. Pelo lado bom, nenhuma das duas tretas parecia ocorrer por causa de homens, ao menos.
Em vez de cobrar os autores de séries de vinte anos atrás sobre pautas que envelheceram mal, talvez seja mais produtivo prestar atenção e selecionar melhor as produções atuais que merecem nossa audiência. Em vez de eliminar séries completamente de nosso repertório, talvez seja interessante assistí-las com um novo olhar. Dá pra continuar vendo Sex and the City numa boa, e perceber que Miranda Hobbs, antigamente considerada a mais chatinha das personagens, na verdade é a mais coerente e divertida. Dá pra ver Friends e lamentar que Rachel tenha trocado uma carreira internacional em Paris por um macho palestrinha e reclamão.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.