Boa Sorte, Leo Grande é um novo olhar sobre o gênero coming of age

Foto: Reprodução/Wild Bunch Distribution

Entram num quarto um garoto de programa e uma professora de religião aposentada. Esse é o pretexto de Boa Sorte, Leo Grande, uma introspectiva e cativante história de autoconhecimento. O filme dirigido por Sophie Hyde traz uma refrescante perspectiva do gênero coming of age.

Depois de passar a vida existindo em função dos outros, Nancy Stokes, interpretada pela oscarizada Emma Thompson, decide viver algo para ela mesma. Depois de alugar um quarto de hotel e os serviços de um garoto de programa, a professora aposentada encontra mais do que esperava.

O longa de uma 1h40 é o resultado de boa vontade, um cenário e uma dupla de atores. O carisma do filme fica por conta do roteiro e da direção. Em seu debut como roteirista, Katy Brand explora a sexualidade a partir de dois pontos de vistas: o de Nancy, uma senhora de seus 60 anos que, segundo ela, tem menos experiência que uma freira, e a perspectiva de Leo Grande, um acompanhante que desde a adolescência experimenta os seus desejos. Os oposto nesse caso nem se atraem nem se completam, mas sim se auxiliam numa espécie de entendimento a respeito do eu sexual.

Boa Sorte, Leo Grande: Emma Thompson

Foto: Reprodução/Wild Bunch Distribution

Emma Thompson e seu companheiro de tela Daryl McCommarck contracenam como se estivessem dançando – em momentos literalmente – uma valsa lenta. Um dando espaço para o outro, respeitando o timing do roteiro e o talento do colega. Apesar de a química dos atores ser palpável, o resultado é mérito da diretora Sophie Hyde, que apesar da produção reduzida, faz bom proveito do que tem na mão. Em momento nenhum o único cenário ou a pequena lista de atores faz do filme menos interessante.

Apesar de ser um dupla, o filme é de Emma Thompson e sua personagem. A descobrimento de quem Nancy é a pauta principal do filme, e Leo Grande se torna apenas um condutor para esta epifania. Uma pena, já que o personagem tinha um potencial não tanto explorado no cinema.

Boa Sorte, Leo Grande: Emma Thompson, Daryl McCormack

Foto: Reprodução/Wild Bunch Distribution

Ao subverter os papéis uma vez machistas entre contratante e sex worker, Boa Sorte, Leo Grande alcança um novo público. E com o novo público vem também uma nova linguagem. Desta vez, diferente de Uma Linda Mulher, onde Richard Gere salva a garota de programa, ninguém precisa ser salvo, apenas compreendidos.

Por Deyse Carvalho
28/07/2022 09h09

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