O avanço rápido de uma doença do pai despertou em Cayo Vieira uma série de respostas – entre elas, a arte. O artista e psicanalista passou a registrar os últimos dias de Sérgio Vieira no hospital, levando depois o mesmo filme fotográfico para Morretes, cidade favorita do pai, e unindo as imagens. O registro desse processo íntimo, em 2019, toma as paredes do Museu da Fotografia na exposição “Nem Frio Nem Calor – Apenas o Cheiro de Jasmim”, em cartaz até 16 de junho. Neste sábado (18/05), às 10h, acontece uma visita guiada gratuita com o artista.
Do diagnóstico de cirrose ao falecimento, foi um mês. A pressa para conseguir tratamentos paliativos mal deixava tempo para outras questões. Os dias de Cayo eram um movimento acelerado de bicicleta entre o hospital e a casa onde fazia sessões de psicanálise, que tinha um pé de jasmim. Ignorando mudanças de temperatura, era o cheiro das flores que marcava aqueles dias – dando nome à exposição.
Depois da morte, Cayo resolveu colocar no projeto artístico resoluções do pai, que desejava morar em Morretes, cenário de uma viagem em família marcante para os dois. “Busquei uma tentativa de guardá-lo nos filmes fotográficos e levá-lo para a cidade onde ele queria morar”, comenta. O artista fez uma série de registros de Sérgio (também fotógrafo) no hospital, rebobinou os filmes e fotografou por cima sua viagem até o litoral paranaense. Assim, as imagens se sobrepõem, sem interferência de manipulação digital.
Nesse processo, surgem imagens impactantes, que lidam com o vazio, com a vida e com o fim. O arco de flores acaba sobreposto sobre a Estrada da Graciosa, enquanto o rosto do pai, minutos antes de falecer, compõe uma paisagem marcante com o Pico Marumbi. “A proposta foi ir além das fases do luto”, explica o artista. Sua base na psicanálise traz ainda um olhar aprofundado ao resultado das fotos. A vivência do artista não foi a jornada que o senso comum costuma postular entre negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. “Vou compreendendo que o luto se dá em/no movimento e não em fases como propõem as teorias do luto”, define.
As paisagens elaboradas pela técnica de rebobinar o filme e usá-lo novamente vão dando vazão às ausências, ressignificando a temporalidade da finitude e a falta da figura do pai. Uma parte da exposição acontece em uma sala quase vazia, representando essa ausência completa por pequenos momentos registrados em filme. Resgatar Sérgio Vieira em união com a natureza paranaense ganha uma força artística que vai além do processo íntimo de luto, lançando um olhar novo sobre um processo coletivo da perda. “Esse trabalho vai além de uma despedida. Trata-se, inclusive, de construir um modo de relação possível com meu pai”, o artista conclui.
“Nem Frio Nem Calor – Apenas o Cheiro de Jasmim” contou com curadoria de Milla Jung e interlocução de Bernardo Stumpf, Cândida Monte e Tiago Schiavon, realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba, da Prefeitura Municipal de Curitiba, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.
Exposição: até 16 de junho de 2024
Visita Guiada Gratuita: 18 de maio de 2024 (sábado), 10h
Onde: Museu da Fotografia de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533)
Horário: Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h, sábado, das 9h às 12h e das 13h às 18h, domingo, das 12h às 18h
Data de Lançamento: 03 de outubro
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Data de Lançamento: 03 de outubro
Em Coringa 2, acompanhamos a sequência do longa sobre Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), que trabalhava como palhaço para uma agência de talentos e precisou lidar desde sempre com seus problemas mentais. Vindo de uma origem familiar complicada, sua personalidade nada convencional o fez ser demitido do emprego, e, numa reação a essa e tantas outras infelicidades em sua vida, ele assumiu uma postura violenta – e se tornou o Coringa. A continuação se passa depois dos acontecimentos do filme de 2019, após ser iniciado um movimento popular contra a elite de Gotham City, revolução esta, que teve o Coringa como seu maior representante.