Vamos falar rapidamente do criador, Kafka. Franz Kafka nasceu na República Checa em 1883 e possuía questões um tanto quanto conturbadas quanto à figura paterna, enxergando nela um conflito de autoridade que é extremamente evidenciado em suas obras, das quais uma é referência certa: “A Metamorfose“.
Grande parte de suas narrativas é marcada por pesadas críticas sociais envoltas em ironia, ainda que lúcidas em muitos pontos. Além disso, o poder imagético das palavras causa um sentimento esmagador de realidade. Dito isso (mais detalhes biográficos podem ser encontrados no The Kafka Project, em inglês), e sabendo-se que o cara conta com vários outros romances, falemos de Na colônia penal. Li em uma noite de insônia (questão de uma hora e meia) e esbocei o texto a seguir.
O aparelho encarregado das execuções já está em cena, elemento central. Orbitando a máquina, o comandante que a defende, o réu de uma sentença sem possibilidade de defesa (“seria inútil”), um soldado que apenas cumpre ordens e um observador estrangeiro. Através da simplicidade desses elementos, Kafka traz à narrativa a possibilidade de figuração do declínio de um sistema.
Há de se apontar que todo o diálogo apresentado se dá entre o observador e o comandante, ainda que nenhum dos dois detenha a iniciativa de manutenção ou extinção de um tribunal que não admite influência externa qualquer. Há ali somente pretensões mantidas pela justificativa social. Afinal, apesar de não concordar com as execuções, o estrangeiro “nada entende”, portanto, se põe à margem. O comandante, por sua vez, dada como definitiva a queda do sistema, opta por sentir o peso daquilo que defende e é açoitado com a própria ineficácia daquilo que pontuava como perfeito — numa demonstração clara de que a redenção nos olhos dos condenados era mero regojizo pessoal.
O aparelho da obra segundo Bud Perry
Quanto ao soldado e ao condenado, a falta de participação mesmo nas pretensas decisões os une e transforma a relação hierárquica em uma estranha amizade, afinal, a clareza de seus papéis socialmente coadjuvantes gerou empatia; ambos apenas cumpriam ordens.
Após o desfecho da narrativa, percebe-se que apenas a paixão desmedida é capaz de sustentar um sistema decadente, que observação sem ação alimenta paranoia dos que decidem agir, protagonismo social não necessariamente modifica contextos e que um bom livro se justifica pelas alegorias que é capaz de apresentar.
Depois disso, fui dormir bem contente com o que havia acabado de ler. Começar a coluna com Kafka foi pesado, né? Semana que vem vamos falar de poesia. Eu trago Sylvia Plath. Até lá!
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.