“Sem inveja de Virgílio, de Homero e de Camões
porque o meu canto é o grito de uma raça
em plena luta pela liberdade!”
Solano Trindade
Nos aproximamos de mais um 20 de Novembro, data em que se celebra o Dia da Consciência Negra, mas você sabe o que é – ou o que representa -, como se deu o processo de nacionalização da data e quem foram os principais envolvidos nesse percurso? Não? Então vem comigo que no caminho eu quero dividir algumas informações com você!
Você com toda certeza já deve ter ouvido falar “mas porque raios temos uma data pra comemorar o Dia da Consciência Negra e não temos uma para celebrar (?) a “consciência branca” ou ainda há quem diga o dia da “consciência humana”?
Morgan Freeman, corre aqui!
Dos mesmos criadores de “somos todos iguais” veio o “racismo reverso”, e o “não existe racismo no Brasil”, e não nos esqueçamos da famosa (contém ironia!) “democracia racial”, e por aí vai.
Todos esses discursos são falaciosos e só fazem mascarar ainda mais a nossa estrutura racista, deslegitimando a luta em busca de igualdade racial, educação antirracista e representatividade, além de servir como forma de justificava para comportamentos e discursos discriminatórios.
Louis Farrakhan, líder do grupo negro estadunidense Nation of Islam, debate sobre esses e outros temas em um programa de TV, na década de 90. Ao ser questionado sobre o porquê usar o termo “pessoa branca” ao invés de “nos unir” no sentido de “somos todos humanos”, Farrakhan afirma que apesar do discurso ser bem-intencionado, na prática ele não funciona.
Em sua fala – que também pode ser chamada de breve resumo histórico – ele menciona a algumas das violências às quais os africanos foram (e ainda são!) submetidos durante os 300 anos de escravidão nos EUA, e de como a supremacia branca, automaticamente produz a inferioridade negra. O líder ainda toca em questões sobre privilégio branco, aculturação, e outros tópicos. Embora o vídeo seja americano, os conceitos são facilmente aplicados à realidade brasileira. Tudo (infelizmente!) tão atual, né?
Então, por favor, não seja você a pessoa que reafirma esses discursos!
“Existe uma história do povo negro sem o Brasil.
Mas não existe uma história do Brasil sem o povo negro.”
Januário Garcia
A consciência negra pode ter vários significados: segundo Renato Soares, em artigo escrito ao Escola e Educação, pode significar “a percepção da pessoa negra em relação às suas origens, no entendimento das raízes culturais e históricas de seus antepassados”, representa “a identificação da causa e luta dos ancestrais africanos que desembarcaram no Brasil e trouxeram consigo toda a cultura, costumes e tradições do seu povo”, ou ainda resgata “o sentimento de pertencimento do negro, não como apenas um “apêndice” da sociedade dominada pela classe branca, mas como um ser de valor e que faz parte da formação identitária do Brasil.”
Ainda sobre a importância da data, Felipe Alves, especialista em Direito Penal e Direito Público, escreve ao Portal Geledés citando “Três motivos para o dia da Consciência Negra”.
Segundo Felipe, “o Dia da Consciência Negra é um convite e um chamamento para a reflexão do passado, do presente e a construção de ações afirmativas para o futuro como prospecção e construção de um povo civilizado”. Para ele, o primeiro motivo seria o termo consciência: “consciência é não ser omisso frente a algo que está acontecendo de errado, mas de se indignar com o erro”.
O segundo seria o argumento histórico. No ano de 1971, em Porto Alegre, quando um grupo de universitários negros criou o coletivo Palmares, um dos objetivos iniciais era discutir a proibição da entrada de negros em clubes da capital, além de debater o racismo e a inserção de negros nos espaços de poder da sociedade. Desse modo, o dia 20 de Novembro, como data nacional, é fundamental para revelar as desigualdades e a violência contra a população negra.
O terceiro é o argumento contemporâneo: são inúmeros os casos de violência, discriminação, prejuízos no emprego e na renda, evasão escolar e desigualdade social, infelizmente ainda bem-marcados no território brasileiro.
No meu último texto eu trouxe alguns dados bem relevantes que comprovam a violência e desigualdades e racismo institucional, vale a pena conferir.
O processo de nacionalização do dia 20 de Novembro tem uma longa história, e é importantíssimo frisar que o personagem principal nessa conquista é unicamente o Movimento Negro como um todo, que durante uma década lutou para a institucionalização da data como marco nacional, trazendo a história das Lutas Palmarinas como histórico de resistência e luta pela liberdade do povo negro escravizado no Brasil.
O Movimento Negro Unificado (MNU) tem papel fundamental na consolidação da construção do 20 de Novembro. O Movimento foi fundado no dia 18 de junho de 1978, e lançado publicamente no dia 7 de julho, deste mesmo ano, em evento nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, em pleno regime militar. O ato representou um marco referencial histórico na luta contra a discriminação racial no país.
Em sua primeira carta de princípios, o MNU reconhecia como “negro todo aquele que possui na cor da pele, no rosto ou nos cabelos sinais característicos dessa raça” e se colocava na “defesa do povo negro em todos os aspectos políticos, econômicos, social e cultural”.
O mês de Novembro de 1983 ficou marcado pela marcha e ato público organizado pelo Movimento. Cerca de 5 mil pessoas partiram em direção à Cinelândia reunindo organizações do Movimento, partidos políticos, CNBB, várias personalidades, políticos e ativistas como a vereadora Benedita da Silva, Deputado Estadual José Miguel, Deputado Federal Abdias Nascimento, Lélia Gonzalez, entre outras.
A marcha realizada no Rio de Janeiro, ainda que sem aderência nacional, foi fundamental para o processo de nacionalização do dia 20 de Novembro como data institucional da Consciência Negra no país.
No ano seguinte, em São Luiz, o Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN/MA), seguido de Brasília e sua articulação entre diferentes segmentos da gente negra do Distrito Federal, possibilitou o estabelecimento da tradição de realização de atos públicos, shows, seminários e festas em Novembro. Esses movimentos tiveram papel se suma importância para a construção nacional do 20 de Novembro.
Pra quem quer saber mais detalhes na história da construção do 20 de Novembro como Dia Nacional da Consciência Negra, a Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros, Geledés – Instituto da Mulher Negra, em parceria com Acervo Cultne e Google Arts & Culture, promoveram a exposição on-line “1970-1980: Nacionalização do Dia da Consciência Negra no Brasil”.
Ligue o som, aumente o volume e desfrute de um incrível tour virtual que conta com vários cartazes lindíssimos, informações riquíssimas, além de áudios de poemas e vídeos que são verdadeiros presentes pra quem quer saber mais sobre a história de construção de movimentos tão importantes.
Se você, assim como eu, curte série, fica aqui uma listinha com 5 séries brasileiras pra aprender um pouco mais sobre as relações raciais, privilégio branco, e racismo.
Na próxima semana trago um pouco sobre o processo de colonização, a chegada dos africanos escravizados, a formação dos Quilombos e, claro, sobre Zumbi dos Palmares.
Até lá!
Axé =)
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Em A Última Sessão, acompanhamos o menino Samay em sua descoberta do mundo mágico do cinema. Nessa história sensível, em uma cidade no interior da Índia, o menino de 9 anos assiste um filme no Galaxy Cinema e sua vida muda completamente e uma paixão feroz começa. Samay passa a faltar às aulas do colégio e a roubar um pouco de dinheiro da casa de chá de seu pai para assistir filmes. Com um desejo enorme de se tornar cineasta, Samay conhece Fazal, o projecionista do cinema e os dois fazem um acordo: Samay traz para Fazal as deliciosas comidas preparadas por sua mãe, enquanto Fazal permite que Samay veja infinitos filmes todos os dias na sala de projeção. Uma amizade profunda é forjada pelos dois e, logo, é colocada a teste graças a escolhas difíceis e transformações nacionais importantes. Agora, para perseguir seu sonho, Samay deve deixar tudo o que ama e voar para encontrar o que mais deseja.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Em Marcello Mio, Chiara (Chiara Mastroianni), filha dos icônicos Marcello Mastroianni e Catherine Deneuve (Catherine Deneuve), é uma atriz que vive um verão de intensa crise existencial. Insatisfeita com sua própria vida, ela começa a se questionar sobre sua identidade e, em um momento de desespero, afirma a si mesma que preferiria viver a vida de seu pai, uma lenda do cinema, do que enfrentar a sua realidade. Determinada, Chiara começa a imitar Marcello em tudo: veste-se como ele, adota seu jeito de falar, respira como ele. Sua obsessão é tamanha que, com o tempo, as pessoas ao seu redor começam a entrar nessa sua estranha transformação, passando a chamá-la de Marcello. Em um jogo de espelhos entre passado e presente, Marcello Mio explora a busca por identidade, legado e o impacto da fama na vida pessoal de uma mulher perdida em sua própria sombra.
Data de Lançamento: 11 de dezembro
O grupo de K-pop NCT DREAM apresenta sua terceira turnê mundial nesse concerto-documentário único. Gravada no icônico Gocheok Sky Dome, em Seul, a apresentação reúne um espetáculo vibrante, com coreografias e performances extraordinárias. O filme ainda conta com cenas de bastidores, mostrando o esforço depositado para dar vida a um show dessa magnitude. O concerto se baseia na história do Mystery Lab, um conceito cunhado pelo grupo. NCT DREAM Mystery Lab: DREAM( )SCAPE dá o testemunho de uma grandiosa turnê.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Queer é um filme de drama histórico dirigido por Luca Guadagnino, baseado na obra homônima de William S. Burroughs e inspirado em Adelbert Lewis Marker, um ex-militar da Marinha dos Estados Unidos. A trama segue a vida de Lee (Daniel Craig), um expatriado americano que se encontra na Cidade do México após ser dispensado da Marinha. Lee vive entre estudantes universitários americanos e donos de bares que, como ele, sobrevivem com empregos de meio período e benefícios do GI Bill, uma lei que auxiliou veteranos da Segunda Guerra Mundial. Em meio à vida boêmia da cidade, Lee conhece Allerton (Drew Starkey), um jovem por quem desenvolve uma intensa paixão. O filme explora temas de solidão, desejo e a busca por identidade em um cenário pós-guerra, com uma ambientação que retrata fielmente a atmosfera da Cidade do México nos anos 1950.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
A Different Man, é um thirller psicológico, dirigido e roteirizado por Aaron Schimberg, terá a história focada no aspirante a ator Edward (Sebastian Stan), no qual é submetido a passar por um procedimento médico radical para transformar de forma completa e drástica a sua aparência. No entanto, o seu novo rosto dos sonhos, da mesma forma rápida que veio se foi, uma vez que o mesmo se torna em um grande pesadelo. O que acontece é que, por conta da sua nova aparência, Edward perde o papel que nasceu para interpretar. Desolado e sentindo o desespero tomar conta, Edward fica obcecado em recuperar o que foi perdido.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
As Polacas é um drama nacional dirigido por João Jardim e selecionado para o Festival do Rio de 2023. O filme é inspirado na história real das mulheres que chegaram ao Brasil vindas da Polônia em 1867 com a esperança de uma vida melhor. Fugindo da perseguição aos judeus e da guerra na Europa, o longa acompanha a saga de Rebeca (Valentina Herszage), uma fugitiva polonesa que vem ao Brasil com o filho, Joseph, para reencontrar o esposo e começar a vida do zero. Porém, as promessas caem por terra quando, ao chegar no Rio de Janeiro, a mulher descobre que o marido morreu e, agora, está sozinha em um país desconhecido. Até que seu caminho cruza com o de Tzvi (Caco Ciocler), um dono de bordel envolvido com o tráfico de mulheres que faz de Rebeca seu novo alvo. Refém de uma rede de prostituição, Rebecca se alia às outras mulheres na mesma situação para lutar por liberdade.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Do aclamado diretor Alejandro Monteverde, conhecido por Som da Liberdade, Cabrini, narra a extraordinária jornada de Francesca Cabrini (Cristiana Dell’Anna), uma imigrante italiana que chega a Nova York em 1889. Enfrentando um cenário de doenças, crimes e crianças abandonadas, Cabrini não se deixa abater. Determinada a mudar a realidade dos mais vulneráveis, ela ousa desafiar o prefeito hostil em busca de moradia e assistência médica. Com seu inglês precário e saúde fragilizada, Cabrini utiliza sua mente empreendedora para construir um império de esperança e solidariedade. Acompanhe a ascensão dessa mulher audaciosa, que, enfrentando o sexismo e a aversão anti-italiana da época, se torna uma das grandes empreendedoras do século XIX, transformando vidas e deixando um legado de compaixão em meio à adversidade.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Em Kraven – O Caçador, acompanhamos a história de origem de um dos vilões da franquia Homem-Aranha. De origem russa, Kraven (Aaron Taylor-Johnson) vem de um lar criminoso e de uma família de caçadores. Seus poderes nascem de uma força sobrenatural e super humana que o faz um oponente destemido e habilidoso. A relação complexa com seu pai Nicolai Kravinoff (Russell Crowe) o leva para uma jornada de vingança e caos para se tornar um dos maiores e mais temidos caçadores de sua linhagem. De frente para questões familiares, Kraven mostra sua potência nesse spin-off.