Passados dois anos de “O Espetacular Homem Aranha”, a Sony lançou a continuação deste filme com um subtítulo – A Ameaça de Electro. Dirigido pelo mesmo Marc Webb e com o mesmo elenco de atores do primeiro filme, esta sequência mostra os acontecimentos após a batalha contra o Lagarto, morte do Tio Ben e do pai da Gwen. Relata os conflitos internos de Peter Parker em manter sua namorada por perto, ou se afastar para que nada de ruim aconteça a ela. E tal dilema cresce mais ainda com a chegada de um novo vilão, o Electro.
A trama tem inicio em uma batalha do Homem Aranha (Andrew Garfield) contra quem vem a ser o vilão Rino (Paul Giamatti). São poucos minutos de briga, com pouca relevância e sem deixar vontade de conhecer o suposto Rino. O que vale são os momentos cômicos e boas tiradas do herói e cenas de ação muito bem feitas quando acontecem. É mostrado Jamie Foxx, ainda sem ser Electro e seu personagem de boa concepção psicológica, mas novamente sem carisma. As atuações destes dois vilões iniciais deixam totalmente a desejar. O Rino não desenvolve em nada, e apenas no final do filme o vemos de verdade. E é muito decepcionante ser em uma armadura e não em um homem bombado como realmente deveria ser. Já Jamie Foxx acaba por falhar em uma atuação caricata e em sua própria fama. Para o papel de Electro, qualquer ator iniciante ou desconhecido conseguiria encaminhar melhor. Pois toda vez que você vê o vilão pensa, Ei esse cara é o Django! E tenta gostar dele por ser o Jamie e não pelo que ele tenta passar.
Porém nada é tão detalhado como o relacionamento entre Peter e Gwen (Emma Stone). São cenas que mostram toda a discussão interna do protagonista em manter o amor por perto ou deixar ela ir em segurança, ou seja, é um vai e volta no namoro deles sem fim. Fora a persistência em mostrar uma relação dos pais para o filho, que consegue se sair bem nesta ligação e erra no modo de mostrar. Detalhe para a péssima cena do avião.
Mais adiante conhecemos o filho de Norman Osborn e amigo antigo de Peter, seu nome é Harry Osborn (Dane DeHaan). Ele é filho daquele que carrega o alter-ego do Duende Verde por todo sempre, mas nesse filme teriam que mudar. Logo aquela ideologia de se manter fiel aos quadrinhos, resolve colocar o tal filho como Duende Verde já de inicio. Depois de conhecer as tramas e personagens, vamos ao desenvolvimento delas.
Sobre o Electro, sua história foi mudada em grandes partes para a original dos quadrinhos, porém se adequou bem ao filme. Talvez não apenas pela caracterização, que em momentos lembra o Dr. Manhattan do Watchmen. Suas batalhas são com gráficos excelentes, bom uso do 3D e até bem feitas em sentido geral. O Duende Verde, com as falhas citadas, se cria de forma absurdamente rápida e com nenhuma origem descente. E da mesma forma, cria uma batalha sem lógica, com fim pior ainda e como se não bastasse, ele supostamente mata a Gwen Stacy.
Resumindo, uma falha tremenda ao tentar reutilizar este vilão. Nenhuma das batalhas encaradas pelo Homem Aranha demonstra perigo, todas são solucionadas facilmente. No geral é uma história mal elaborada para uma boa produção visual. É um filme para se ver no cinema e pronto. Não tem nada que acrescenta no quesito contexto, e é melhor nem querer se aprofundar nos erros, pois são muitos. Um dos pontos fortes como já foi falado é a boa utilização visual e gráfica, tanto em 3D como em cenas de primeira pessoa. E apesar de todos esse problemas, uma falha maior ainda foi com respeito a duração do filme que beira 2h30min. É um filme muito longo para histórias tão curtas, precoces e que acabam não empolgando.
É impossível não relacionar esta nova sequência com a antiga feita por Sam Raimi. E ambas cometeram o mesmo pecado de querer colocar demasiados vilões. Primeiramente em Homem Aranha 3 de 2007, um fracasso total. E agora nesse, que repete o problema de acabar deixando de lado toda a história, motivações e conflitos dos vilões. Para focar somente em lutas e definições rápidas. O que ao mesmo momento deixa muitos ansiosos com a já declarada utilização do Sexteto Sinistro no próximo filme é motivo de tensão para outros. Pois se já cometem tantos erros com três vilões, imagina com seis. *Observação: Quando veremos um filme com o Venom? Digo Venom de verdade, e não aquela armação feita em 2007. Ele com certeza é o principal vilão do Homem Aranha, um dos melhores e mais queridos. E uma trama bem feita e voltada apenas nele de vilão, com certeza renderia o melhor filme do cabeça de teia produzido até agora.
Adalberto Juliatto para o Curitiba Cult
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