Somos lindas

Todos os dias, milhares de mulheres vão a clínicas especializadas em cirurgia plástica buscando se adequar aos padrões atuais de beleza. Mas as medidas consideradas ideais para o corpo feminino mudam constantemente, o que significa que são apenas fantasias de perfeição, e o que realmente importa não está sendo valorizado.

A busca pela perfeição é geral, mas difere de acordo com a cultura. Todo ser humano tem necessidade de ser amado e admirado, por isso percebemos que todas as pessoas, à sua maneira, buscam se adequar aos padrões impostos da época. Todos nós, de formas diferentes, sentimos culpa quando não somos perfeitos. Uns são mais influenciados do que outros, mas ninguém escapa.

A perfeição, no contexto da beleza física, é a busca pela simetria, que até certo ponto é natural, já que preferimos formas simétricas. Mas quando há uma necessidade em sentir que somos perfeitos, estamos escondendo ou compensando feridas mais profundas, não reconhecendo nossas qualidades e acreditando que nossas outras partes não são boas o suficiente.

A publicidade controla nossos pensamentos e reforça os padrões através de imagens repetidas. Quando vemos algo várias vezes, começamos a acreditar que é a realidade, mesmo que não seja. Naturalmente, queremos fazer parte desse mundo aparentemente maravilhoso, então sentimos que estamos fora do padrão e que devemos mudar para ser aceitos. O problema é que essa perfeição não existe, foi construída.

Todos os seres humanos têm defeitos: a perfeição não existe. Mesmo que algumas mulheres cheguem perto dos padrões expostos, ainda assim, para vender felicidade, elas precisam ser tratadas com photoshop. Sem falar na sua vida pessoal, levando em conta que o nível de felicidade e autoestima de uma pessoa não é proporcional a sua beleza, tendo vários outros fatores envolvidos além da aparência física.

Quando falamos em beleza, automaticamente pensamos em corpo físico. Nos esquecemos de que somos seres espirituais tendo uma experiência física. Não poderíamos habitar esse planeta sem um corpo material e devemos, sim, cuidar o melhor possível dessa carcaça, mas a beleza de um Ser vai muito além disso.

Quando não há o reconhecimento de qualidades além da aparência, a pessoa passa a se sentir inadequada, como se não fosse boa o suficiente, sem reconhecer a beleza de tantas outras características que possui. Isso é muito grave. A maioria das pessoas não estão felizes consigo mesmas, principalmente com seu corpo, e sofrem por isso.

Características físicas são fáceis de serem vistas. Recebemos feedbacks constantemente, sabemos se somos magras, gordas, altas ou baixas. Porém, características emocionais não são igualmente expostas e, por isso, podemos não reconhecê-las ou não acreditar nelas.

Quem você é é bem diferente da aparência que você tem.

O mais curioso de tudo isso é que não se trata de como as pessoas realmente são, mas sim de como elas pensam que são.

Uma história que prova isso é que se alguém nos falar que estamos com uma mancha azul na nossa testa, vamos até o banheiro, olhamos no espelho e avaliamos se temos realmente ou não uma mancha azul na nossa testa. Se não vemos nenhuma mancha, pensamos que tem algo de errado com quem nos falou isso. Mas se alguém nos fala que somos incompetentes ou feios, acreditamos nisso e nos ofendemos, ficamos magoados, porque concordamos. Isso acontece por falta de autoconhecimento para a maioria das pessoas. Ter autoconhecimento é ter conhecimento, externo e interno, sobre si mesmo. E com isso melhorar a autoestima!

Quando paramos de amar a nosso próprio reflexo? Quando perdemos nosso poder pessoal? Toda criança se sente o máximo e está feliz com a aparência que tem, mas na verdade nem pensa muito sobre isso até que, em algum momento, a opinião dos outros passa a ser importante.

Olhar e julgar alguém apenas pelo seu corpo é uma maneira ínfima de ver um ser humano. É por acreditar no julgamento de pessoas superficiais que as pessoas sofrem. De ambos os lados, quem julga e quem sofre pelo julgamento, a forma como pensam é limitada e pouco evoluída. É preciso adquirir um olhar mais profundo e consciente sobre o que somos. Quando se percebe a imensidão de um ser humano, a aparência se torna apenas um detalhe.

Por Luiza Franco
15/05/2017 09h00